Líder de organização criminosa preso em PG ostentava luxos em apartamento; vídeo
Por Marcela Ferreira em 24/11/2021 às 19:57
Um dos líderes da organização criminosa Primeiro Comando da Capital foi preso nesta quarta-feira (24) em Praia Grande. Leonardo Monteiro Moja, o “Léo do Moinho”, de 44 anos, foi encontrado no apartamento de luxo em que vivia sob identidade falsa, em um bairro nobre da cidade. Ele não ofereceu resistência e foi detido por quatro policiais da Deic de Santos.
Ele era o responsável pelo tráfico de entorpecentes da comunidade conhecida como “Favela do Moinho”, e daí veio o apelido. A Favela do Moinho é um dos principais centros de armazenamento de drogas instalado no Centro da Capital, sendo ela a principal fonte de abastecimento da região conhecida como Cracolândia, onde diversos traficantes realizam o comércio de drogas e se utilizam dos usuários que ali se encontram como forma de proteção contra a ação das forças de segurança pública.
Ele era apontado como o número dois do tráfico dentro da organização criminosa, e seria dono de uma pensão na região da Cracolândia.
Foragido
Segundo o delegado Francisco Antônio W. Pinas Wenceslau, da 1ª DIG/Deic de Santos, Léo do Moinho estava foragido desde o início de junho deste ano. Ele estava preso desde 2017, em uma unidade prisional no interior de São Paulo, na região de Araçatuba, e não retornou de uma saída temporária, benefício que é concedido aos detentos.
Ele cumpria pena de 16 anos e nove meses em um dos mandados de captura, e de oito anos e sete meses em outro mandado, segundo o delegado. Ele é apontado pela polícia como autor de homicídios, associação criminosa e tráfico de drogas.

Em 22 e 23 de junho, foram expedidos mandados de busca e apreensão após o criminoso não retornar da saída temporária. Ele foi localizado em Praia Grande, onde vivia de forma discreta sob identidade falsa e em um apartamento luxuoso.
Prisão
Os policiais acompanharam a rotina de Léo do Moinho durante 30 dias, dia e noite, usando disfarces, até encontrarem o momento certo para a prisão, realizada nesta quarta-feira (24). “Nesta data, os policiais civis do setor de capturas se dirigiram até o local, e após algumas horas de campana, conseguiram surpreender Léo do Moinho absolutamente tranquilo, não ofereceu em nenhum momento resistência, sendo imediatamente detido. Ele estava adotando o nome de outra pessoa. É como a minha equipe costuma dizer, como se ele tivesse nascido novamente, só que esse artifício não foi suficiente, e agora ele está retornando para o cárcere, que é o local onde ele deve permanecer”, diz o delegado.

A esposa do criminoso estava no apartamento no momento da prisão, mas a polícia afirma que não há indícios de envolvimento dela com a organização criminosa, apesar dela provavelmente estar ciente dos fatos.

Ele se passava por um empresário bem sucedido, e devido à investigação, policiais disfarçados conseguiram, inclusive, entrar no apartamento em festas promovidas pelo criminoso, registrando cada detalhe.
“Segundo meus investigadores relataram, ele tinha hábitos muito reservados, conversava muito pouco com os funcionários do edifício, não era uma pessoa dada a passeios, levava uma vida reclusa. Ele se passava, ou pelo menos deixava a impressão de ser um empresário bem sucedido. Uma vida monástica, no que diz respeito à reclusão, mas nababesca no que diz respeito à ostentação. As imagens contam bem a impressão de como ele vivia em um ambiente de luxo”, explica Wenceslau.

Dentro do apartamento, não foram encontradas armas, drogas e quantias em dinheiro. “Como ele estava em um nível hierárquico bastante elevado, ele não costumava manter em sua proximidade armas de fogo e drogas, ele estava atuando com uma identidade falsa, então se passava por um cidadão comum”.
Durante o período em que esteve foragido, a polícia acredita que Léo do Moinho tenha atuado no tráfico de entorpecentes. “Ainda que num curto período, eles não deixam de atuar. Então levantamentos estão sendo feitos para averiguar a dimensão dessa atuação, mas é evidente que ele atuava no tráfico na Capital e em outros lugares também”, pontua o delegado.

Agora, o criminoso encontra-se detido na sede da Deic de Santos, e será encaminhado para interrogatório. Depois, será conduzido a uma unidade prisional para cumprir os 16 anos e nove meses e oito anos e sete meses de prisão.