Jovem é espancada pela mãe após perguntar sobre produto de limpeza
Por Guilherme Esron em 19/11/2023 às 19:01
A jovem Laryssa Castro, de 21 anos, foi agredida pela própria mãe na última quinta-feira (16), em Praia Grande. A violência contra a jovem aconteceu por conta de um produto de limpeza.
Laryssa conta que ela e sua mãe já não se falavam mais devido a outras situações de violência doméstica. Na noite da agressão, a jovem conta que ao questionar a mãe sobre onde estaria um produto de limpeza que ela havia comprado, a mãe se irritou com a pergunta e disse que a menina poderia ir embora.
“Eu fui limpar o meu quarto porque tenho uma cachorra pequena e perguntei quem teria usado os meus produtos de limpeza porque já tinha acabado. Ela falou: ‘Se você não quer que ninguém use suas coisas, você pega e sai de casa’. E então pegou um saco preto e jogou minhas coisas dentro. Essa minha cachorra de 4 meses foi no pé dela, mas ela a chutou. Agachei para pegar e ela começou a me socar, ela simplesmente começou a me agredir”, relata Laryssa.
Em seu relato, Laryssa diz que a mãe deu muitos socos em seu rosto, arrancou sua unha, deu joelhadas e só não derrubou a jovem no chão pelo fato de estar grávida.
“Ela começou a me bater, me dava muitos socos no rosto, na cabeça, me arranhou, tentou quebrar minha mão, virou minha unha. Perdi uma unha da carne mesmo, ela mordeu a minha mão, arrancou meu cabelo, me deu joelhadas no rosto, na cabeça. Minha cabeça está toda inchada, toda cheia de galos. Meu rosto está muito feio, completamente deformado porque está inchado e roxo. Ela só parou no momento que o meu pai chegou, porque pedi socorro para ele. Pedi socorro para minha irmã mais nova, de 12 anos, que estava dentro de casa no momento, para ligar, gravar e pedir para falar com alguém para alguém me tirar de lá. Ela só não me derrubou porque ela está grávida, acho que não deve ter deve estar focada mais em me bater mesmo”, conta a vítima.
Laryssa conta que já sofreu muitas agressões da mãe, mas nunca conseguiu reagir. Inclusive, por conta das agressões do passado, ela já não tinha mais a guarda de duas das suas três filhas. A única que fica sob a custódia da mãe é a mais nova de 12 anos, mas Laryssa conta que todas já sofreram com as agressões dela.
“Nesses meus 21 anos, já sofri muita agressão da minha mãe. Não sei explicar, mas em momentos de agressão, acho que fico em choque, não sei dizer, mas não tenho reação de me defender. Então, a pessoa me bate e fico ali pensando, por que é que eu tô passando por isso? Por que é que eu tô apanhando?”, desabafa.
Após as agressões, o pai de Laryssa, de 51 anos, levou a menina para registrar um Boletim de Ocorrência contra a mãe e depois foram para o hospital para tratar de seus ferimentos.
Histórico de agressões
A jovem relatou que as agressões ocorrem há muito tempo. Inclusive ela já havia registrado boletins de ocorrência contra a mãe anteriormente. Aliás, por isso, ela e a irmã do meio não estavam mais sob a guarda da mãe.
No entanto, ela acabou voltando para a casa da mãe por conta da irmã mais nova. Pois tinha medo que as agressões que ela sofria, acontecessem com sua irmã mais nova. Laryssa conta que a pequena, de 12 anos, sempre implorava para não deixá-la sozinha, pois já tem ansiedade e até mesmo depressão
“Hoje em dia essa pequena foi um dos motivos de voltar a morar com a minha mãe, ela implorava, pedia ‘pelo amor de Deus, fica comigo’. Para uma criança de 12 anos dizer que tem problemas de ansiedade, se queixar dizendo que está com depressão, que não aguenta mais, que quer fazer besteira por conta da nossa mãe, por conta dela, não só bater, mas também mexer psicológico, das agressões verbais e físicas também, eu acho que é muito difícil lidar com essa situação. Só queria tentar resolver essa situação da pequena. Pegar e tirar ela desse lugar, dessa casa e acabar com tudo isso porque é horrível”, lamenta Laryssa.
As agressões que a jovem sofreu ao longo dos anos e, principalmente, na última quinta-feira, mexeram demais com o psicológico. Ela diz que depois do que aconteceu, não consegue sequer se olhar no espelho sem começar a chorar.
“Eu já fiz boletim de ocorrência, já passei no IML, passei no médico, mas ninguém, ninguém vai tirar a dor que estou sentindo nesse momento, ninguém. Porque ela não machucou só meu físico, ela machucou também a minha alma. Não consigo olhar no espelho sem chorar, sem sentir vergonha”, conta.
“Tenho vergonha de andar na rua com o rosto desse jeito. As pessoas olharem com olhar assustado, preocupadas comigo, com a minha situação. Ninguém imagina que foi uma mãe que fez isso. As pessoas pensam, foi o namorado ou brigou na rua, mas nunca pensariam que uma mãe faria isso para um filho”, fala Laryssa.
Por fim, Laryssa diz que apesar de ter vivido momentos de extrema tristeza, por conta das agressões, ela pode contar sempre com seu pai e seus familiares, mas fica preocupada com a situação da irmã que ainda sofre nas mãos de sua mãe.
“Graças a Deus tenho meu pai, tenho parentes, não só ela, tenho parentes pra poder me acolher, graças a Deus. Mas é horrível essa questão, fico muito preocupada com a minha irmã pequena, tô muito machucada ainda. Tenho que me esforçar porque não vai acabar isso tão cedo, tô muito preocupada”, desabafa Laryssa.
O Santa Portal tentou contato com a mãe, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.
