Idoso de 77 anos morto por atropelamento em Santos pode ter sido atingido na calçada
Por Santa Portal em 03/11/2023 às 06:00
Nelson Irussa Júnior, de 77 anos, é o idoso que morreu na Avenida Martins Fontes, em Santos, ao ser atropelado por um carro cujo motorista inicialmente foi embora, mas retornou ao local depois de meia hora. Segundo parentes da vítima, uma testemunha, que a conhecia, disse que ela teria sido atingida pelo automóvel na calçada.
“A testemunha contou que viu o seu Nelson desembarcar de um carro de aplicativo em um posto de combustível, porque lá é o único lugar naquele trecho da Martins Fontes onde é possível parar com segurança para a saída dos passageiros que pretendem atravessar a avenida para ir ao Morro da Penha”, revelou uma parente do idoso.
De acordo com essa familiar, que pediu para não ser identificada, o aposentado residia na casa de uma filha no morro, junto com ela, o genro e um “netinho”, filho do casal. Na ocasião do atropelamento, na noite de quinta-feira (26) da semana passada, o idoso retornava de uma festa de aniversário.
Como costumam fazer os moradores do Morro da Penha que desembarcam no posto, Nelson caminharia pela calçada até uma faixa de pedestres, próxima do local, que fica bem na direção da escadaria de acesso a essa comunidade. Porém, logo após iniciar o pequeno percurso a pé, antes de iniciar a travessia da avenida, houve o atropelamento.
“A testemunha não presenciou o atropelamento, porque estava de costas, mas ouviu o barulho, virou-se rapidamente e viu Nelson já caído no meio-fio. Momentos antes, ela tinha visto o idoso descer do carro e caminhar pela calçada com destino à faixa de pedestres, como é hábito das pessoas que pretendem subir o morro”, detalhou a parente.
A familiar confirmou que a bengala achada a dois metros do corpo era do aposentado. Bastante conhecido no Morro da Penha e Saboó, o idoso faleceu no local do acidente, conforme o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A sua morte causou grande comoção nesses bairros. Nelson teve cinco filhos (dois já falecidos) e quatro netos.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Suspeita de embriaguez
O carro que atingiu o idoso é um Fiat Cronos, dirigido pelo administrador Luiz Alexandre Sabino Simões, de 47 anos. Sócio de uma empresa da área de energia solar, ele relatou que havia saído de um bar no Gonzaga, onde consumiu cerveja e assistiu pela TV ao jogo Santos e Coritiba.
No momento do atropelamento, Luiz Alexandre transitava pela pista sentido bairro da Martins Fontes rumo à sua residência, situada no Saboó. Ele disse que escutou um “forte barulho”, mas prosseguiu o trajeto. Porém, logo após chegar em casa, decidiu retornar para verificar o que havia acontecido, segundo consta do boletim de ocorrência.
De acordo com os policiais militares que atenderam a ocorrência, o motorista do carro chegou ao local 30 minutos após o acidente. Nesse primeiro contato, ainda conforme os PMs, o condutor do Cronos apresentava “sinais visíveis de embriaguez etílica, como voz pastosa, falta de equilíbrio corporal e forte odor etílico”.
Porém, um médico concluiu que o administrador não estava embriagado ao submetê-lo a exame clínico no Instituto Médico-Legal (IML) de Praia Grande. Uma delegada que estava de plantão na Central de Polícia Judiciária (CPJ) registrou o caso como homicídio culposo (não intencional) na direção de veículo automotor, liberando o motorista.
Segundo a delegada, “embora o fato seja gravíssimo e uma verdadeira tragédia”, a lei não impõe prisão em flagrante a quem assume a sua conduta. Inquérito aberto no 1º DP de Santos dá sequência à apuração do caso, que poderá ganhar novos contornos com os laudos periciais e o depoimento da testemunha descoberta pela família da vítima. (EF)