Fuzilamento de pré-candidato a vereador deve ter ligação com mais duas execuções
Por Santa Portal em 26/05/2024 às 08:00
O local do fuzilamento de Edgar dos Reis, o Edgar do Fort, de 43 anos, pré-candidato a vereador em Guarujá pelo Avante, é o mesmo onde o jornalista Thiago Rodrigues, de 34, pré-candidato a prefeito do município pelo Rede Sustentabilidade, também foi executado. Edgar foi morto no início da noite de sexta-feira (24), enquanto o crime que vitimou Thiago ocorreu na madrugada de 28 de dezembro de 2023.
Mais do que essa coincidência de lugar, indícios investigados pela Polícia Civil revelam que os homicídios têm relação com um terceiro assassinato, de Cristiano Lopes da Costa, o Meia Folha, de 41 anos. Liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Guarujá, Meia Folha foi eliminado com vários tiros na noite do último dia 12 de março, em frente a um carrinho de lanches na Avenida São Jorge, no Pae Cará, em Vicente de Carvalho.
Dono de uma casa de eventos na Rua 1º de Junho, no Pae Cará, Edgar se encontrava no escritório do seu empreendimento, situado no térreo. Ele estava acompanhado de um conhecido em uma reunião política, quando um homem invadiu o local armado de fuzil e disparou contra o pré-candidato. Logo em seguida, o conhecido saiu do local com o braço sangrando, entrou no carro dele e foi embora.
Não se sabe se essa testemunha foi atingida por um tiro ou estilhaço de projétil que tenha ricocheteado. O Santa Portal tentou falar com ela por telefone, mas a ligação não foi atendida e nem houve resposta à pergunta enviada por aplicativo de mensagens. O conhecido de Edgar também seria pré-candidato às próximas eleições em Guarujá. Ele é considerado peça-chave para o esclarecimento do homicídio do dono da casa de eventos.
Conexões
Apontado como braço direito do megatraficante internacional de drogas André Oliveira Macedo, o André do Rap, que está foragido e cujo nome consta da difusão vermelha (relação de procurados da Interpol), Meia Folha era dono da HC Transporte e Locação, que tinha dois contratos vigentes com a Prefeitura de Guarujá. A empresa era responsável por cuidar da limpeza das unidades de saúde do município.
As investigações apontaram que Thiago teria descoberto irregularidades no contrato entre a HC e a Prefeitura e, antes que publicasse algo a respeito, foi morto a suposto mando de Meia Folha. O jornalista participava de uma festa na casa de eventos de Edgar do Fort e foi atraído até a rua. Quando a vítima chegou à calçada, um homem com máscara facial se aproximou de bicicleta e a executou com tiros de pistola 9 milímetros.
O suposto mandante do homicídio de Thiago teria ficado descontente com Edgar, porque ele teria fornecido imagens de câmeras de segurança de seu empreendimento para a Polícia Civil. Porém, antes que fosse oficialmente vinculado à execução do jornalista, Meia Folha foi morto por um desconhecido, que pilotava uma moto e atirou várias vezes contra a vítima sem sequer descer do veículo.
O autor dos disparos contra Meia Folha trazia nas costas uma mochila tipo bag de entregador. A suspeita inicial para esse homicídio era de que ele teria relação com o racha que envolve a cúpula do PCC. Depois, ganhou espaço na investigação a hipótese de que o crime esteja ligado à execução do jornalista. Com o assassinato de Edgar do Fort, a segunda possibilidade fica ainda mais em evidência.
O desconhecido que matou o dono da casa de eventos chegou ao local em um Peugeot cinza, segundo informou uma mulher, que se apresentou a policiais militares como secretária e namorada da vítima. Logo após o fuzilamento, o criminoso fugiu nesse carro, que foi achado incendiado em Vicente de Carvalho. Devido à ação das chamas, ficou prejudicada a realização de perícia no veículo para a coleta de impressões digitais. (EF)