Situações onde cães ajudam a polícia a resolver casos difíceis
Por Santa Portal em 13/09/2022 às 11:13
Nos anos 80 e 90 os filmes e seriados com cães que trabalhavam para a polícia faziam muito sucesso. Nesse caso, eles levaram a sério esse negócio da arte imitar a vida, pois o melhor amigo do homem também é um parceiro e tanto na hora de resolver casos criminais.
Para os historiadores, essa história começou na Europa, quando oficiais contavam com a ajuda de cachorros para rastrear o que estivessem precisando, lá no século XVII.
Porém, o trabalho como conhecemos hoje se popularizou nos anos 70, ainda no continente europeu, com o programa de treinamento chamado K-9, de acordo com o colunista da Saga Policial.
Atualmente eles ainda são fundamentais na resolução de muitos casos, assim como os que vamos falar ainda neste post, mas antes vamos te explicar como eles chegam a fazer parte da nossa segurança pública.
Quais cães são utilizados em casos de polícia?
Trabalhar nos departamentos de segurança pública, definitivamente, não é para “qualquer um”. Embora não haja uma restrição sobre quem pode exercer essas profissões, com certeza há algumas características que tornam algumas pessoas mais aptas do que outras.
O mesmo acontece com os cães, e no caso deles, há raças específicas que determinam se eles podem ou não serem cães farejadores.
Os principais requisitos para a escolha dessas raças são a inteligência e a capacidade física do animal, que precisa ser forte, ágil, de grande porte, além de serem atentos e obedientes.
Em geral, as mais utilizadas são:
- Pastor Alemão
- Golden Retriever
- Labrador Retriever
- Belga Malinois
Todas elas possuem as características citadas acima e fazem muito bem o seu papel. Devido ao sucesso das operações em que participam, desde que se iniciou o trabalho com cães na polícia, elas são fundamentais e continuarão sendo.
Como os cães impactam positivamente na perícia?
Não é novidade que os cães são excelentes farejadores. Alexandra Horowitz, professora de psicologia, comportamento animal e cognição canina na Columbia University, relata que eles têm 300 milhões de células olfativas, e nós, “apenas” 5 milhões.
Então, o olfato deles mal pode ser comparado ao nosso, e foi justamente por isso que eles iniciaram seu trabalho com a polícia.
Como nós não temos a capacidade de “adivinhar” quem esteve em tal lugar, ou não temos visão de raio-x (infelizmente), para descobrirmos onde se escondem substâncias ilícitas, os cães fazem essas duas coisas tranquilamente.
É claro que a visão de raio-x ainda é impossível, mas os focinhos são ótimos substitutos, e é por eles que drogas, corpos e até foragidos são encontrados.
Nesse sentido, nossos companheiros dão um show e cheiram tudo aquilo que os nossos olhos podem enxergar ou perceber.
Para solucionar um caso, os policiais dependem de câmeras, testemunhas, pistas físicas e muita intuição, mas às vezes, todas essas coisas não são suficientes para encontrar aquilo ou quem precisam.
Então, é aí que os cães entram em ação, e o olfato serve como um guia, uma “bússola do crime” sendo fundamentais em vários casos, seja de apreensão de drogas ou suspeitos.
Como eles são treinados?
Geralmente, o treinamento começa quando o cão ainda é um filhotinho, pois isso ajuda o ajuda a se acostumar com todo o processo muito mais fácil.
Os cães que farejam drogas, podem começar a partir dos 11 meses, já aqueles que auxiliam na captura de suspeitos, começam aos 18 meses de vida.
Quanto ao tempo que eles são treinados, varia conforme a atividade que exercem e como cada cão se adapta aos treinamentos.
O comportamento natural que vira trabalho
Segundo o capitão Juliano Cesar Sirio, comandante da 2ª Companhia do 5º Batalhão de Polícia de Choque/Canil, o adestramento basicamente adapta os comportamentos naturais dos cães e voltam eles para o exercício das funções policiais.
Ou seja, farejar, morder, e explorar passam a ser um “trabalho”, o qual eles são muito bem recompensados!
E como é na prática?
Esse processo é feito pela apresentação dos cães ao cheiro que eles precisam detectar, e quando conseguem, ganham uma recompensa, que pode ser um alimento ou um brinquedo.
O comandante do pelotão de cães, Gabriel Siqueira Arêdes, relata que os treinamentos duram até uma hora por dia e consistem em duas fases principais.
Na primeira, as tarefas são apresentadas e eles aprendem mais sobre como exercer as funções. Já na segunda fase, a de manutenção, é como uma “recuperação”, onde eles aprendem melhor aquilo que ainda não estão craques.
A aposentadoria
Com todo o trabalho honroso que realizam, é claro que a aposentadoria também é merecida e acontece entre 8 a 10 anos. A boa notícia é que costumam ser adotados pelos próprios policiais!
Cases de sucesso – Conheça cães de resolveram casos criminais
Agente Bruno
Bruno, ou agente Bruno, como costuma ser chamado, foi tão habilidoso e fundamental na resolução de um caso, homenageado pela Câmara Municipal de São Paulo.
O herói é da raça Bloodhound e ajudou a Polícia Civil a encontrar o responsável pelo homicídio do turista norte-americano David Sommer, que possivelmente teria ido à uma casa de prostituição, informação confirmada pelo cão e que resultou na solução do caso.
Segundo o repórter do G1, Bruno recebeu a homenagem antes de se aposentar, aos 8 anos, com uma medalha de “trabalho e coragem”.
Scotty
Mais um case de sucesso, Scotty, um Pastor-belga-malinois, ajudou a polícia a confirmar o suspeito do assassinato da jovem Mayara Roquetto, no estado de São Paulo.
Os policiais civis estavam em posse das roupas do suspeito e deram-nas para o cão farejar. Depois, o levaram próximo ao local do crime, prontamente apontado por Scotty, que, identificando o local exato de onde tudo aconteceu, pôde confirmar a suspeita.
Após a confirmação do cão farejador, o assassino foi preso pela civil e o Batalhão de Ações Especiais de Polícia.
Para completar, Scotty também ajudou a encontrar onde o suspeito estava foragido, com o auxílio das pistas de testemunhas.
Shogun
Além de ajudar a resolver casos como esses, tem aqueles que auxiliam na apreensão de drogas junto à Divisão de Narcóticos.
Shogun é um deles, um cão da raça Belga Malinois que ajudou a polícia de Assis Chateaubriand (Paraná) a encontrar mais de 35 quilos de substâncias ilícitas avaliadas em R$ 1 milhão e resultou na prisão de 3 traficantes.
Dexter
O perito Lula Peres relata como um cão policial conseguiu desvendar o caso que havia sido arquivado há décadas por falta de provas e suspeitos.
Depois de 36 anos, uma testemunha contou que o irmão tinha problemas mentais, se apossou de uma arma de fogo e matou uma pessoa que até então era dada como desaparecida.
No intuito de se livrar do “problema”, o pai do jovem teria ocultado o cadáver dentro da própria casa. Após essa revelação, a polícia reabriu o caso mesmo acreditando que seria difícil, por conta do estado de decomposição de mais de 30 anos.
Primeiro, foi utilizado um georadar e um detector de metal, para rastrear os objetos usados pela vítima e ambos apontaram para o mesmo lugar.
Depois, o cão Dexter foi levado ao mesmo terreno e não apontou nenhum sinal. Quando os policiais escavaram o local, não havia corpo algum, o que mostra que os cães dificilmente dão alarme falso e podem ser mais eficientes do que muitos aparelhos tecnológicos por aí.
Outro caso, porém, foi o trabalho da polícia civil em uma casa onde supostamente um indivíduo teria matado o amigo e enterrado no quintal.
Como um período com muito tempo ocorrido do crime, levaram os cães para confirmar o trabalho deles e assim conseguiram encontrar as ossadas da vítima perto de um muro depois da escavação e assim foi confirmado o exame de DNA e o caso foi resolvido.
Já deu para perceber como nossos amigos tem mais qualidade do que imaginamos, não é? Para que o seu pet seja sempre tão incrível como os cachorros que falamos até aqui, leve-os à uma clínica veterinária regularmente. Assim, ele será o seu parceiro “no crime” por muitos anos, no sentido figurativo, é claro.