Quem recusar vacina na Baixada Santista pode ir para o fim da fila

Por Lucas Krempel em 09/07/2021 às 16:02

Dose única de Janssen ou dose dupla de AstraZeneca? A preferência de algumas pessoas por vacinas específicas beira o ridículo. Como se estivessem em dúvida por um drink, elas não pensam duas vezes se for necessário recusar vacina ou trapacear para tomar uma terceira ou quarta dose. No entanto, alguns municípios já estudam punições para esse tipo de comportamento. Na Baixada Santista, algumas cidades estudam medidas.

Em outras regiões de São Paulo, São José do Rio Preto e São Bernardo do Campo já anunciaram punições para quem desiste de receber uma vacina específica.

Itanhaém relatou o desafio que vem enfrentando: a busca por escolher o fabricante da vacina no momento em que a pessoa recebe a primeira dose. Tal atitude tem preocupado a Vigilância Epidemiológica, responsável pela imunização no município.

Segundo a diretora da Vigilância Sanitária, Sandra Gomes, enquanto algumas pessoas esperam uma dose específica, elas continuam sem imunização, e correm o risco de se infectar com o coronavírus.

“Ao chegar aos postos, depois do agendamento, algumas pessoas querem escolher o fabricante. Esse comportamento pode atrasar o processo de proteção da população, e consequentemente o fim da crise sanitária”.

Sandra Gomes, diretora da Vigilância Sanitária de Itanhaém

A Secretaria de Saúde de Itanhaém informou que desde o último dia 26 de junho, adotou o seguinte protocolo: ainda que agendado, ao recusar receber a vacina disponível, o agendamento é cancelado e o interessado deverá iniciar todo o processo novamente.

Em Bertioga, quem rejeitar o imunizante disponível nos postos em razão da marca terá de assinar um termo de responsabilidade e será colocado no final da fila do calendário de vacinação. O decreto municipal foi publicado no Boletim Oficial desta quinta-feira (8).

As informações dos desistentes que assinarem o documento serão armazenadas em um banco de dados, o que permitirá o bloqueio e cancelamento de agendamento online, procedimento necessário para receber a vacina no município.

As pessoas que se enquadrarem nessa situação, terão de aguardar a conclusão do processo de imunização de toda a população acima de 18 anos da cidade, para receber a vacina e não poderá escolher o fabricante quando chegar a sua vez.

De acordo com o prefeito Caio Matheus, a medida tem o objetivo de coibir essa prática que coloca em risco não só a vida de quem recusa a vacina, mas também a saúde pública.

“A atitude dessas pessoas, chamadas de ‘sommeliers de vacina’, não tem apenas consequências individuais, mas coletivas e atrasam o avanço da imunização da população. Todas as vacinas têm eficácia comprovada. A melhor vacina é a vacina no braço”

Caio Matheus, prefeito de Bertioga

A secretária de Saúde de Bertioga, Janice Silva Santos, reforça a importância da vacinação. “Independente do laboratório, todas as vacinas são eficazes, reduzem a circulação do vírus, contribuem para evitar as formas graves da doença e os óbitos em decorrência da Covid-19”, afirma.

Em nota enviada por e-mail, a Prefeitura de Guarujá informou que estuda medidas em relação às pessoas que tentam escolher o imunizante a ser aplicado no ato da vacinação.

A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde, informou que estuda a implantação do termo de responsabilidade para as pessoas que recusam tomar a vacina disponível no momento.

Demais municípios não registram problemas

Cubatão, com uma política bem clara de distribuição de doses, consegue direcionar cada vacina para um grupo. Seguindo orientação do Ministério da Saúde, gestantes não tomam Astrazeneca; por outro lado, como a Janssen é vacina de dose única, as doses desse fabricantes estão sendo direcionadas a pessoas em situação de rua ou com comorbidades. Pfizer, Coronavac e Astrazeneca atendem os outros grupos.

Mongaguá, por sua vez, informou que ainda não registrou casos a respeito de escolha de vacinas. Por isso, até o momento, apostará em ações de conscientização para toda a população.

Santos e Praia Grande relataram não ter enfrentado problemas nesse sentido. Portanto, ainda não há estudos de medidas nesse sentido.

Peruíbe não respondeu nosso questionamento até a publicação desta matéria. Assim que se pronunciarem, atualizaremos o texto.

Entenda cada vacina

A CoronaVac, é uma vacina adsorvida inativada, fabricada pela Sinovac (China) e Instituto Butantan (Brasil); AstraZeneca, vacina recombinante, fabricada pela AstraZeneca, Oxford e Fiocruz e a Pfizer, vacina RNA mensageiro (RNAm), fabricada pela Pfizer e BioNTech.

Já a vacina Janssen, de dose única, é uma vacina recombinante de vetor viral, utilizando adenovírus humano não replicante que expressa a proteína S do SARS-CoV-2.

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