Peruíbe: lixo internacional é encontrado em área de preservação permanente
Por Ted Sartori/#Santaportal em 10/12/2019 às 06:51
MEIO AMBIENTE – Um mistério aconteceu em 1 de dezembro na Praia do Arpoador, dentro do Parque Itatins-Jureia, em Peruíbe, uma área de preservação permanente. Um monitor do local encontrou cinco caixas de leite fabricadas na Alemanha, duas outras de leite de soja com origem na Malásia, além de uma embalagem de metabiosulfito de sódio, produto usado na conservação do camarão quando pescado. Todos em bom estado de conservação.
“São produtos de diferentes consumos. E o fato curioso seria o porquê desse material ter vindo parar nessa área, sendo que não existe consumo em terra”, afirma Rodrigo Brandão Azambuja, presidente da Ecomov, entidade que recebeu o material e que etduda. “Em baixa temporada, a gente tem uma ocorrência de resíduos domésticos, lixo da rua, enfim. Em alta temporada, é o resíduo do consumo local, que seria associado ao verão, à grande procura das praias e o comércio nas praias com a grande massa que vem consumir. Só que essas embalagens não entram nesse período. Além disso, é a primeira vez que a gente encontra um pacote de metabiosulfito de sódio. E a maior ocorrência em nossa área de estudo entre Peruíbe e Santos é embalagem alimentar”, explica.
Brandão levou uma amostra de cada um dos itens achados ao Laboratório de Ecossistemas Costeiros, da Unisanta, para que seja feita uma análise e, diante do resultado, embasar uma representação junto ao Ministério Público referente à fiscalização. “A gente acredita que é muito provável que tudo isso tenha vindo de navios internacionais, no caso do leite, e de embarcação de pesca, no caso do metabiosulfito de sódio”, comenta o representante máximo da Ecomov, responsável por campanhas de conscientização dos banhistas e nas escolas em relação ao lixo marinho. “Mas nunca entramos em um tema associado ao lixo dos navios”, completa.
Álvaro Luiz Diogo Reigada, professor do Curso de Ciências Biológicas da Unisanta, julga ser ainda complicado definir de qual tipo de embarcação poderia ter vindo produtos assim em função da pequena quantidade encontrada. “Teria que ter mais material para começarmos a fazer algo mais consistente, que possa colaborar para diminuir esse descarte que, com certeza, é irregular e que foi feito por algum tipo de embarcação”, afirma.
O parecer deve sair nos próximos dias e envolve a busca por informações e referências com relação aos produtos e usos. “Sobre o metabiouslfito de sódio, ele é muito utilizado por pescadores na conservação do camarão. Eles pescam e jogam isso que chamam de pozinho branco para não escurecer o camarão. Então é um procuto que possivelmente foi descarte de alguma carcinicultura (técnica de criação de camarões em viveiros) que veio dar na praia ou de algum barco, que é muito comum lá no Litoral Sul, por ser uma área boa para esse tipo de pesca”, explica o professor.
O bom estado de conservação das embalagens também foi levado em conta por Reigada para uma conclusão possível. “Acredito que tudo tenha sido jogado bem perto da costa, por esse estado de preservação. As embalagens, por exemplo, estão abertas (a da Alemanha, inclusive, tem um furo de lado). e a possibilidade de acumular areia dentro é muito grande. Com isso, nem chegaria na costa”, argumenta.