Chuvas intensas mobilizam ações preventivas na Baixada Santista
Por Beatriz Pires em 30/01/2025 às 15:00
No início do ano, as chuvas em Peruíbe causaram grande desespero. As enchentes afetaram 14 bairros da cidade, deixando cerca de 500 pessoas desabrigadas e levando o município a decretar estado de emergência. Contudo, Peruíbe não é um caso isolado. No ano passado, o estado do Rio Grande do Sul também enfrentou enchentes severas, e eventos como esses têm se tornado cada vez mais frequentes no Brasil. Durante o verão, as chuvas são mais intensas na região, exigindo precauções para minimizar seus impactos.
Desafios na infraestrutura e adaptação climática
Embora o índice pluviométrico anual nas cidades da Baixada Santista não tenha apresentado grandes alterações, a distribuição irregular das chuvas nos últimos cinco anos tem sido um fator determinante para os alagamentos. Essa mudança afeta principalmente áreas mais vulneráveis, como a Zona Noroeste, em Santos, os bairros Santo Antônio e Santa Rosa, no Guarujá, além de locais críticos em Praia Grande e, sobretudo, em São Vicente.
“As prefeituras não conseguem se adaptar às mudanças climáticas e resolver o problema da drenagem. Além disso, existe também um fator natural: estamos em uma região muito baixa, uma planície litorânea, que está a dois ou três metros acima do nível do mar. Há lugares, como alguns pontos da Zona Noroeste e o bairro Santa Rosa, no Guarujá, que estão abaixo dessa cota. Isso favorece as enchentes, causando maiores transtornos”, explica o climatologista Rodolfo Bonafim.
Chuvas intensificam erosão e risco de alagamentos
A Prefeitura do Guarujá informou que está realizando uma vistoria mais detalhada em locais de risco geológico. As encostas dos morros do Macaco e Barreira do João Guarda passaram por reforço, assim como foi implementada uma macrodrenagem no bairro Santo Antônio para evitar alagamentos. Além disso, em parceria com a Defesa Civil estadual, a cidade implantou sirenes que devem anunciar previamente casos de alta pluviometria.
Por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), a Prefeitura de São Vicente desenvolveu o maior plano de combate a enchentes da cidade, incluindo o revestimento do canal da Avenida Eduardo Souto para ampliar o escoamento e a instalação de oito conjuntos de comportas em locais críticos. O Conselho Municipal de Proteção e Defesa Civil, implementou um sistema de monitoramento constante com o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC), que antecipa emergências, emite alertas e realiza a evacuação preventiva em áreas de risco durante chuvas intensas.
Bertioga investiu R$ 340 milhões em 2024 para combater enchentes, realizando obras de drenagem e pavimentação em bairros como Rio da Praia e Jardim Raphael. A Defesa Civil, guiada pelo Plano Municipal de Contingência (Plamcon) e o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC), monitora áreas de risco como Caiubura e Boraceia, utilizando estações e pluviômetros automáticos para prever alagamentos e ressacas, permitindo ações preventivas em tempo real.
“Na Baixada Santista, a Ponta da Praia é uma região em risco. Há alguns anos, observamos a erosão marinha, com pouquíssima faixa de areia, e em alguns lugares, já nem há mais. Isso é preocupante, especialmente com a elevação do nível do mar. Alguns cientistas atmosféricos já estão recomendando que muitas pessoas nem invistam mais em comprar apartamentos na região litorânea, principalmente na Zona Noroeste”, ressalta Bonafim.
A Prefeitura de Santos mantém o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC) até 30 de abril, com vistorias em 17 morros e ações para prevenir deslizamentos e desastres naturais. A edição de 2025 conta com 130 servidores extras, além de um mapeamento atualizado das áreas de risco. Desde 2021, cerca de R$ 100 milhões foram investidos em obras de contenção, drenagem e acessibilidade. O município possui parcerias com universidades e órgãos como o Cemaden, além de um sistema ampliado de pluviômetros. O contato com a Defesa Civil pode ser feito 24h pelo telefone 199, com cadastro para alertas via SMS pelo número 40199.