55 raias e três tubarões surgem em área de mata em praia do litoral de SP

Por Santa Portal em 24/12/2021 às 13:42

Ellen Marchiori/Instituto Biopesca
Ellen Marchiori/Instituto Biopesca

O Instituto Biopesca foi acionado pela Secretaria Municipal de Peruíbe após 55 raias, três tubarões neonatos martelo (gênero Sphyrna) e uma móbula, todos já sem vida, terem sido encontrados na manhã de quinta-feira (23) em trecho de vegetação na Praia de Tanigwá, em Peruíbe.

A equipe do Instituto Biopesca foi até o local e recolheu as carcaças, que apresentavam marcas de interação com rede de pesca.

De acordo com o biólogo Italo Bini, do Instituto Biopesca, a maior parte das raias pertence à espécie Rhinoptera bonasus (raia ticonha) e algumas tiveram o seu ferrão cortado. As marcas sugeriam que esse corte foi feito com algum tipo de lâmina. Já a móbula é uma outra espécie de raia e a encontrada era uma juvenil. Todas as carcaças foram recolhidas e encaminhadas para análises. O Instituto Biopesca deve elaborar um relatório técnico sobre a ocorrência.

“Muito provavelmente, esses animais foram capturados por redes de pesca de arrasto, que têm como espécie alvo o camarão”, comentou Rodrigo Valle, coordenador geral do Instituto Biopesca. Com a chegada do verão e de turistas às praias do litoral, os esforços de pesca aumentam para atender o consumo, o que pode configurar-se como uma ameaça às espécies marinhas.

De acordo com Rodrigo, a pesca de arrasto é autorizada, mas desde que executada como técnica artesanal, ou seja, desde que as redes não sejam movidas por motores, por exemplo. Essa técnica consiste na amarração das redes aos barcos por cordas ou correntes, permitindo que elas alcancem o leito de oceano e sejam arrastadas. Dessa forma, muitos animais que não são o alvo da pesca, como tartarugas, raias e tubarões, acabam presos e são descartados.

No caso das raias, em particular, há possibilidade de serem comercializadas e seu ferrão é cortado antes de serem vendidas. “Já sabemos que tanto raias como tubarões podem ser vendidos como cação e o consumidor não é informado disso”, explicou Bini.


Foto: Ellen Marchiori/Instituto Biopesca

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