Vanessa Cristina (atletismo) | “Tudo é possível quando você tem foco e determinação"

Por Guilherme Esron em 20/08/2021 às 09:33

Paratleta campeã da Meia Maratona de Lisboa, tricampeã da São Silvestre, campeã das maratonas de Sevilha e Los Angeles, vice-campeã da maratona de Dubai, recordista brasileira da maratona feminina, além de melhor atleta das Américas em 2020. Os números impressionam, mas acredite se quiser: a carreira de Vanessa Cristina de Souza no paratletismo começou somente em 2015.

À época, ela sofreu um acidente e por causa disso teve que amputar a perna esquerda. Então com 24 anos, Vanessa conheceu o esporte por acaso. Apenas oito meses depois de seu acidente, a atleta estava em um ponto de ônibus quando um professor a encontrou e falou sobre o esporte adaptado.

“No começo não sabia que existia esporte para pessoas com deficiência. Quando ele me abordou, me falou e fui pra Santos conhecer. E aí conheci a equipe Fast Wheels Kids”.

Vanessa Cristina

Vanessa é natural de São Paulo e atualmente está com 31 anos. Pelo fato de competir em estrada, ela treina em Praia Grande, no sentido Mongaguá. Depois de ter conhecido o esporte adaptado, em 2015, a paratleta começou no campo, fazendo lançamentos e arremessos. Até que a técnica lhe recomendou os testes na cadeira de velocidade por possuir uma boa coordenação com os braços. A treinadora, então, conversou com Eduardo Leonel, que é o atual treinador de Vanessa.

“Comecei com a cadeira da equipe e no começo tinha medo de cair, porque qualquer coisinha que você jogue o tronco para trás ela empina, mas a primeira vez que fui participar de uma competição foi onde literalmente senti o ventinho no rosto, aquela adrenalina e foi onde literalmente me apaixonei pelo esporte”

Vanessa Cristina

Trajetória de Vanessa teve início em 2015

Vanessa disputou sua primeira competição em 2015, nos 100 metros. Em 2016, ela foi aos Jogos do Rio, como torcedora. Ela já fazia parte da equipe, mas não tinha o índice. Uma das maiores inspirações de Vanessa é Fah Fonseca, sua companheira de equipe, que participou das Paralimpíadas no Rio de Janeiro. Vanessa brincou que durante os Jogos “tietou” todo mundo.

Outras inspirações para ela são Heitor Mariano, paratleta de São Vicente, e os americanos Daniel Romanchuk e Tatyana Mcfadden. Vanessa considera Fah Fonseca e Heitor Mariano como suas maiores inspirações por eles terem feito parte do começo da carreira da paratleta.

“O Heitor me ajudou muito no começo, ele já praticava a modalidade e começou a me dar puxões de orelha. Ele me falava onde estava errando. A Fah foi a nossa representante na Rio-2016 e me ajudou muito”

Vanessa Cristina

Foi nessa época que Vanessa decidiu que queria participar das Paralimpíadas de Tóquio. Aliás, o sonho está prestes a ser realizado. No entanto, para realiza-lo, ela teve que abrir mão de um outro sonho, o da casa própria. Ela conta que, em 2017, foi para o Japão disputar uma competição e assim teve a chance de poder comprar a sua cadeira feita sob medida. Até o momento, usava a cadeira da equipe, que era muito apertada e ficava muito alta. Com o dinheiro que havia guardado para comprar sua casa, ela adquiriu a cadeira e a partir desse ponto sua carreira decolou.

Expectativa grande para Tóquio

Obteve grandes resultados e conseguiu o índice paralímpico, realizando assim o seu sonho de estar nos Jogos. Ela revelou ao Santa Portal que as suas expectativas são as melhores possíveis. Ela conta que durante a pandemia nunca deixou de treinar, alugou banco de supino, colocou barras nas portas e até mesmo usou um rolo, que é muito similar a uma esteira para treinar na cadeira.

“Eu treinei muito, me preparei bastante, ganhei mais um ano de preparação, então estou muito focada e tenho certeza que vou representar muito bem o Brasil lá fora, nas Paralimpíadas. É a minha primeira vez, mas já representei o Brasil na maratona de Londres, Japão. Já fiz aí algumas competições fora do país, mas a maior é agora em Tóquio. Minha expectativa está muito boa e vamos lá arrebentar. Fazer o meu melhor para representar muito bem aí o Brasil”.

Sonho realizado

Vanessa diz que essa participação representa tudo para ela, pois é um sonho realizado. Quando recebeu a notícia que foi convocada, a alegria foi imensa e ela aproveitou para agradecer a todos que a ajudaram a realizar esse sonho, seus apoiadores, seu técnico.

“Não desistam dos seus sonhos, lutem e foquem em uma meta. Em 2016, quando decidi que queria ir para as Paralimpíadas e comprei a cadeira. Comecei a anotar nos meus espelhos: Tóquio-2020 para nunca tirar os olhos da meta e alcançar o meu sonho. É a mensagem que deixo, a pessoa tem que acreditar nos seus sonhos, tudo é possível quando você tem foco, determinação e força para poder lutar e conquistar seus sonhos”.

Vanessa Cristina

Equipe : Naurú / fast wheels

Patrocinadores: Laboratório Cellula Mater, Unimes, Fupes, Bolsa Atleta

Apoiadores: Clínica Jankauskas, Dermaformula, nutricionista Mariana Penatti, Dux , Upperjust, Código Treze, Cluster Turismo, fisioterapeuta Tiago Selofite, massoterapeuta Luiz Nunes, Instituto Legacy, médico Thiago Chalhub, fisiologista Thiago Lourenço

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