Evento de telefonia destaca impacto econômico de 5G e IA em abertura
Por Gustavo Soares/Folhapress em 03/03/2025 às 11:14

A abertura do MWC (Mobile World Congress) nesta segunda-feira (3) se concentrou na transformação digital impulsionada pelo 5G, nas interações com inteligência artificial (IA) e no impacto econômico do setor, estimado em cerca de US$ 11 trilhões até 2030.
Durante a inauguração do evento, o diretor-geral da GSMA, Mats Granryd, destacou a necessidade de completar a transição global para redes 5G standalone (o 5G puro, mais veloz) para adicionar US$ 4,7 trilhões à economia mundial em cinco anos.
“Nosso setor conecta quase 6 bilhões de pessoas e impulsiona economias em todo o mundo”, disse Granryd.
Potencial da IA
O executivo enfatizou a necessidade de desenvolver outros modelos de receita para possibilitar o investimento em infraestrutura de internet móvel e explorar o potencial da IA e de aplicações abertas para garantir crescimento.
Ele também fez alerta sobre a importância do acesso às redes e os desafios para reduzir a desigualdade digital.
Atualmente, 3,1 bilhões de pessoas vivem em áreas cobertas por redes móveis, mas ainda não as utilizam. Fechar essa lacuna poderia movimentar US$ 3,5 trilhões.
Granryd também disse que a IA deve gerar um impacto de US$ 100 bilhões anuais nas telecomunicações, citando exemplos de uma solução da operadora indiana Bharti Airtel para identificar chamadas spam, e a adoção da tecnologia nas operações da australiana Telstra.
“Dados são o combustível que move a IA, e nós enquanto setor temos muitos deles, e estamos trabalhando de forma inteligente e responsável para administrá-la”, disse.
O relatório Mobile Economt Report 2025, divulgado pela GSMA nesta segunda (3), mostra que tecnologias e serviços móveis geraram 5,8% do PIB global em 2024, equivalente a US$ 6,5 trilhões.
Os mais beneficiados pelo acesso às redes são setores como manufatura (25%), hospedagem e alimentação (17%) e administração pública (14%).
Segundo a GSMA, as conexões 5G superaram 2 bilhões em 2024. A geração, no entanto, só deve superar o 4G em 2028.
O evento realizado em Barcelona reúne executivos, especialistas e representantes do setor para debater o impacto das inovações tecnológicas sobre a telefonia. A organização espera mais de 100 mil visitantes na edição deste ano.
Infraestrutura móvel
Outro relatório, elaborado pela GSMA com a consultoria Kearny, destacou que as operadoras são responsáveis por 85% do investimento em infraestrutura de conectividade de internet móvel no mundo.
De acordo com o relatório, as operadoras contribuem com US$ 109 bilhões dos US$ 127 bilhões anuais em investimentos anuais em infraestrutura de internet móvel, excluindo dispositivos para consumidores.
O montante supera os de provedores de serviços em nuvem e provedores de conteúdo e aplicativos.
“As operadoras de redes móveis são a pedra angular da economia da internet. Enquanto outros investem em partes selecionadas da infraestrutura de conectividade, suas contribuições são uma fração do que as operadoras investem para construir e manter as redes que alimentam tudo”, disse John Giusti, diretor de regulação da GSMA.
Do mesmo modo, o estudo argumenta que as operadoras investem nessa proporção apesar de obterem menos lucros do que outros atores digitais a partir da mesma infraestrutura.
Para a internet fixa, o investimento anual médio é maior, de US$ 189 bilhões, somando US$ 316 bilhões em investimento total por ano em infraestrutura de internet.
A cifra é 40% superior ao montante voltado aos data centers, área em expansão devido às aplicações de inteligência artificial.
“O estudo demonstra que, se os governos desejam desbloquear todo o potencial de suas economias digitais, devem priorizar políticas que criem um ambiente de investimento positivo para as operadoras”, disse Giusti.
Segundo a pesquisa, é necessária uma abordagem colaborativa para o desenvolvimento desse tipo de infraestrutura, para garantir que as empresas operem sob condições adequadas para continuar investindo.