28/11/2022

China enfrenta onda de protestos contra restrições por Covid-19

Por Ansa Brasil em 28/11/2022 às 10:31

EPA
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Uma série de protestos ocorre em cidades chinesas desde o fim de semana por conta da política de “Covid zero” imposta por Pequim pela nova onda da pandemia que atinge o país. Apesar da maior parte da população estar vacinada, o governo ainda impõe severos lockdowns em áreas de surto.

Em Xangai, nesta segunda-feira (28), duas pessoas foram presas por participarem dos protestos. Um dos detidos é o jornalista da BBC de Londres, Ed Lawrence. Os britânicos acusam Pequim de excesso do poder e dizem que o profissional foi agredido. Já um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, disse que Lawrence “não estava identificado como jornalista”.

Além disso, confrontos entre cidadãos e policiais foram registrados durante todo o fim de semana, mas ninguém se feriu com gravidade. Alguns manifestantes chegaram a levar cartazes com a frase “Xi Jinping: renuncie”, em referência ao presidente que acabou de assumir um inédito terceiro mandato.

Em Urumqi, capital da província de Xinjiang, o governo voltou atrás nas medidas mais duras e permitiu, ao menos, que os moradores possam usar o transporte público para fazer compras em seus bairros de moradia. Há semanas os civis estavam confinados em suas casas e estavam apenas recebendo as entregas de alimentos feitos pelo governo.

A cidade também protestou por conta de um incêndio que destruiu um prédio residencial, matando 10 pessoas. Segundo os moradores, as medidas restritivas impostas pelo governo impediram um auxílio mais rápido dos socorristas, o que provocou mais vítimas. Neste domingo (27), jovens fizeram uma vigília pelos falecimentos.

Há cinco dias consecutivos, a China vem registrando uma alta no número de casos diários, que bateram todos os recordes nacionais da pandemia. No último boletim divulgado, na manhã desta segunda-feira, foi informado que 40.052 novas infecções foram registradas.

No entanto, as medidas duras para evitar a disseminação – que incluem a proibição de sair de casa sem ter um motivo justificado e sem a autorização de uma autoridade local – já são recebidas com esgotamento pela população.

Mesmo com a evolução da pandemia, o governo chinês se recusa a diminuir as medidas mais duras e a “conviver” com a doença de uma forma menos restritiva.

Prova desse esgotamento veio até de algo inesperado, como a transmissão dos jogos da Copa do Mundo no Catar. Quando as primeiras imagens chegaram, e os chineses viram grandes aglomerações com pessoas sem máscaras, muitas críticas de internautas foram feitas no WeChat, o principal aplicativo de mensagens da China.

Por conta disso, a emissora estatal chinesa CCTV Sports começou a cortar as imagens das arquibancadas, focando apenas no que acontece dentro do campo, ou apenas com imagens distantes do público, sem que seja possível visualizar os rostos do torcedores. Em uma carta aberta, que depois foi removida pela plataforma, os cidadãos questionavam se a China “ficava no mesmo planeta” que o Catar.

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