12/04/2023

Biden condiciona investimento de US$ 6 bi na Irlanda do Norte

Por Folhapress em 12/04/2023 às 17:49

Reprodução/Instagram/@joebiden
Reprodução/Instagram/@joebiden

Os US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões) injetados por investidores americanos na Irlanda do Norte nos últimos dez anos podem triplicar caso o país europeu resolva o impasse político que o impede de formar um governo executivo e colocar a assembleia legislativa em plena operação, afirmou nesta quarta-feira (12) o presidente americano, Joe Biden.

“A verdade simples é que a paz e a oportunidade econômica andam juntas”, afirmou o presidente dos EUA, em um recado ao Partido Unionista Democrático (DUP).

Pelas regras do acordo de paz da nação, a sigla pró-Reino Unido e identificada com os protestantes–, é obrigada a compartilhar o poder com a outra grande força política do país, o nacionalista Sinn Féin, eleito no pleito de maio do ano passado. O DUP, no entanto, recusa-se a cumprir as formalidades acordadas há 25 anos para que o governo assuma e o Legislativo tenha um presidente.

“Levou longos anos de trabalho duro para chegarmos aqui”, disse Biden em um discurso na Universidade Ulster, em Belfast, capital da Irlanda do Norte. O presidente falou que a cidade havia se transformado desde que ele viajou pela primeira vez como um jovem senador. “A Belfast de hoje é o coração pulsante da Irlanda do Norte e está pronta para gerar oportunidades econômicas sem precedentes. Há dezenas de grandes corporações americanas querendo vir investir.”

Biden chegou à cidade na noite de terça-feira (12), onde se encontrou com o premiê britânico, Rishi Sunak, e viajará ainda nesta quarta para County Louth, onde seu bisavô nasceu o presidente se encontrará com parentes distantes no condado de Mayo na sexta-feira (14). O tataravô de Biden, Owen Finnegan, um sapateiro de Louth, foi para os EUA em 1849.

Sunak disse que falou com Biden nesta quarta sobre “oportunidades econômicas incríveis” para a Irlanda do Norte e sobre as expectativas de que o sistema de compartilhamento de poder na Irlanda do Norte seja restaurado o mais rápido possível. O britânico descreveu os dois países como “parceiros muito próximos”.

As raízes de Biden suscitaram polêmicas no país. Na terça, a ex-líder do pró-britânico DUP e ex-primeira-ministra Arlene Foster disse ao canal GB News que o presidente americano “odeia o Reino Unido”.

A acusação foi repetida por um correligionário de Foster, o parlamentar Sammy Wilson, que disse nesta quarta a um jornal que Biden era “anti-britânico”, afirmação negada pela diretora do Conselho de Segurança Nacional dos EUA para a Europa, Amanda Sloat.

“O presidente Biden obviamente é um irlandês-americano muito orgulhoso. Ele tem orgulho de suas raízes irlandesas. Mas também é um forte apoiador de nossa parceria bilateral com o Reino Unido”, afirmou ela.

Um dos arquitetos do Acordo da Sexta-Feira Santa, o ex-primeiro-ministro irlandês Bertie Ahern, disse que era uma “grande pena” que a assembleia da Irlanda do Norte não estivesse funcionando para facilitar um discurso presidencial.

O acordo de paz de 1998 foi apoiado pelos EUA e encerrou 30 anos de derramamento de sangue entre nacionalistas católicos e protestantes sindicalistas partidários do domínio britânico. Mas o progresso político foi prejudicado por uma série de disputas a mais recente foi a do brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, que também estremeceu as relações entre Londres e Washington.

O elo entre Reino Unido e EUA é conhecido há muito como o “relacionamento especial”, mas o fracasso em chegar a um acordo de livre comércio após o brexit decepcionou alguns políticos britânicos.

Biden disse que o sistema de compartilhamento de poder continua sendo crítico para o futuro da Irlanda do Norte.

“Espero que a Assembleia e o Executivo sejam restaurados em breve. Isso é um julgamento para vocês fazerem, não para mim, mas espero que aconteça”, disse ele a uma audiência que incluiu os líderes dos cinco principais partidos políticos da Irlanda do Norte.

O DUP se tornou um dos principais focos da viagem devido ao seu boicote político a sigla diz que não será pressionada a mudar de posição com a visita de um presidente dos EUA.

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