Bebê com cardiopatia congênita morre dois dias após transferência

Por #Santaportal em 21/02/2021 às 07:59

MONGAGUÁ – O bebê Lorenzo Gabriel Soares de Andrade, de 1 ano e 3 meses, faleceu neste sábado em um hospital em São Bernardo do Campo por uma parada cardíaca. A família, que é de Mongaguá, tentava há cerca de uma semana conseguir atendimento médico especializado e uma vaga pelo sistema Cross, do Estado, para que ele pudesse tratar de uma cardiopatia congênita.

A tia do bebê, Rejane, contou ao #Santaportal que os pais da criança tentaram levá-lo ao hospital de Mongaguá e foram dispensados. O quadro de Lorenzo era de infecção urinária renal e no fígado. Pelo sistema Cross, foi solicitada uma vaga no Hospital Irmã Dulce, de Praia Grande, para onde ele foi transferido.

A criança foi levada de ambulância e, ao chegar no hospital em Praia Grande, a vaga já não existia mais. “Ele foi para o corredor porque disseram que não tinha cardiologista, que não tinha como fazer os exames. Depois de muito sacrifício a gente conseguiu fazer o exame pelo hospital, apareceu do nada. Foi constatado que eram quatro sopros, dois no coração e dois no pulmão”. O quadro de Lorenzo havia evoluído e por isso ele precisava de atendimento e possivelmente de uma cirurgia, além de tratamento para uma pneumonia.

No Hospital Irmã Dulce, ele foi transferido com pneumonia, infecção urinária e problemas no coração, precisando ser entubado.

“A equipe do hospital [Irmã Dulce] estava fazendo o melhor, mas a infraestrutura, em geral, deixa muito a desejar, a gente não tem informação, a mãe está muito debilitada. Ficamos sem a previsão do Cross”, conta Rejane. 

Três dias depois, na quinta-feira (18), uma vaga foi liberada para Lorenzo no Hospital de Clínicas Municipal José Alencar, em São Bernardo do Campo, mas neste sábado (20), ele não resistiu e faleceu por conta de uma parada cardíaca.

Caso Lorena

A história de Lorenzo se assemelha à da bebê Lorena, de oito meses, que faleceu de cardiopatia congênita na região. Ao contrário de Lorenzo, ela não chegou a ser transferida antes de falecer. A situação levantou a discussão sobre a falta de atendimento cardiológico  infantil na Baixada Santista, que tem diversos casos da doença.

De acordo com o médico cardiologista Fabio de Freitas Guimarães Guerra, em relação à hospital de referência, se tratando de adultos, há excelentes profissionais e bons serviços hospitalares, tanto na rede privada/convênios como nos serviços de SUS. Já em relação ao atendimento cardiológico infantil, por conta da pouca demanda, o investimento é baixo e o setor, carente.

“Sem dúvida acredito que seria ideal termos um serviço de referência. Só que são altos os custos de manutenção, tanto do ponto de vista estrutural, como na contratação de equipes, visto termos pouquíssimos especialistas com habilitação em cardiologia pediátrica. Ao meu entender, cria essa dificuldade que temos há anos na região”, disse.

Guerra destacou que por conta do cenário, a melhor saída é levar o paciente para São Paulo, como foi o caso de Lorenzo e de Lorena.

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