Campanha ruim afasta público e Jabaquara tem prejuízo de mais de R$ 30 mil na Caneleira
Por Rodrigo Cirilo em 09/04/2024 às 06:00
Salvo do rebaixamento na última rodada, o Jabaquara teve um prejuízo líquido de R$ 32.882,05 na soma das sete partidas sediadas no Estádio Espanha pelo Campeonato Paulista A4. Ou seja, o Jabuca arcou com aproximadamente R$ 4.697,44 em cada jogo como mandante, tornando-se o sexto clube com maior déficit no quesito na competição.
O saldo negativo explica-se na baixa presença de torcedores na Caneleira, que teve média de 173 pagantes por partida. O número é o terceiro pior entre as 16 equipes do campeonato, somente acima de Osasco Audax e Joseense, com médias de 106 e 28, respectivamente. O detalhamento completo dos jogos está disponível na plataforma de estatísticas Sr. Goool.
Em entrevista ao Santa Portal, o presidente do Jabaquara, Cláudio Fernandez, argumentou que o prejuízo em partidas de mando próprio não é uma exclusividade do clube na A4. Aliás, apenas União Barbarense, Rio Branco e Taquaritinga conseguiram suprir o valor das despesas dos jogos com a arrecadação de venda de ingressos na primeira fase.
“É uma realidade que já esperamos. Nós [diretores e presidentes], conversamos muito sobre isso, o público é pouco e as nossas obrigações na série A4 aumentaram muito para cumprir. A estrutura é muito grande, com a quantidade de pessoas que têm que estar trabalhando ali no dia do jogo, incluindo delegados, diretor de jogo, equipe de segurança, gerente, controladores de acesso, funcionários, a alimentação para todos. Enfim, são custos maiores do que a nossa renda”, enumerou.
Baixo interesse
Os ingressos para as partidas na Caneleira custavam 20 reais. Contudo, como a maioria dos torcedores pagou meia-entrada, o preço médio do ingresso baseado na renda bruta (antes dos descontos) foi um dos mais rentáveis da competição, com o valor de R$ 11,10. Para efeito de comparação, cada entrada em uma partida com mando do Rio Branco, clube com bilhetes mais caros, custou R$ 24,54. Apenas América, Ska Brasil e Osasco Audax registraram uma média de preço inferior à do Jabuca, com R$ 7,68, R$ 8,98 e R$ 10,16, respectivamente.
Apesar disso, Fernandez ponderou que os horários dos jogos, o desempenho da equipe, com apenas três vitórias, dois empates e dez derrotas, além da possibilidade de assistir pela internet, afastaram os torcedores. As partidas do Jabaquara ocorreram sempre às 15h, de sábado ou quarta-feira, com transmissão gratuita do canal Futebol Paulista, no Youtube.
“Hoje temos essa particularidade, das pessoas assistirem os nossos jogos via Youtube. Então, muitas pessoas, até pelo conforto de casa ou de assistir em outro ambiente, deixam de ir ao estádio. Claro, a campanha, que não foi exemplar, também diminui a quantidade de pagantes e faz com que a arrecadação seja bem inferior àquilo que a gente tem de despesa”, explicou.
Contas no azul para próxima temporada
Com o prejuízo já esperado, o presidente afirmou que o Jabaquara conseguiu arcar com os compromissos e quitar todas as dívidas. Agora, o clube vai ‘respirar’ após a sequência intensa de 15 partidas da primeira fase para, posteriormente, reformular o elenco para a próxima temporada.
“Nesse ponto, o Jabaquara foi campeão. Conseguimos vencer todos esses obstáculos e encerrar as atividades do profissional na competição com caixa azul, não ficamos negativos. Nesse momento é um alívio, após a preocupação de permanecer na A4, mas o planejamento começa em breve, porque o campeonato é em janeiro. Ano passado, nós começamos a preparação em outubro, começamos a fazer nossas seletivas em busca dos jogadores, desenhar o elenco e esse ano não vai ser muito diferente disso”, antecipou.
Em 2023, o Jabaquara integrou a B1, entretanto, a FPF (Federação Paulista de Futebol) decidiu criar uma nova divisão, a Série A4, que classifica os dois primeiros para a A3 e rebaixa os dois últimos para a Segunda Divisão, equivalente ao quinto escalão de São Paulo. Além disso, as oito melhores campanhas da A4 podem disputar a Copa Paulista, prevista para o segundo semestre.
“Mudou bastante. É uma série curta, que impõe dificuldades para deslocamento, com viagens longas de até 500 km. Por outro lado, os jogos têm muito mais emoção, com possibilidade de acesso, classificação para a Copa Paulista e o risco de rebaixamento. Temos o alívio de permanecer, mas é olhar para frente”, avaliou.
Por fim, o presidente disse que o clube vai consertar os erros e manter o que deu certo para escalar as divisões do futebol paulista.
“O Jabaquara é futebol, nosso carro-chefe, principal pilar e o planejamento sempre será voltado para isso. Montamos times para ganhar, buscando acesso para a A3 e seguir essa trajetória até a A1. Essa é a principal ambição do clube”, concluiu.