Resíduo internacional se torna cada vez mais comum em praias da Baixada Santista
Por Laila Aguiar em 27/11/2022 às 07:00
Somente em 2022, as praias da Baixada Santista receberam 1.100 resíduos sólidos de origem da Ásia, Europa, América Central e África. Somente na praia deserta do Itinguçu, localizada em Peruíbe, foram retirados 600 resíduos sólidos da areia e também das pedras.
O lixo internacional é recolhido pela ONG Ecomov que realiza o balanço e monitora as praias da região. O trabalho com o lixo internacional é feito há quatro anos e ao todo, mais de 2 mil objetos já foram encontrados.
De acordo com Rodrigo Brandão Azambuja, educador ambiental e jornalista, as praias de Mongaguá, Itanhaém, Praia Grande, São Vicente e Peruíbe são os locais com mais registros de lixo internacional.
“Encontramos desde componentes eletrônicos até produtos cancerígenos como metabissulfito, utilizado na pesca de camarão por embarcações estrangeiras”, relata Azambuja.
Os resíduos sólidos deixaram de ser somente um problema sanitário urbano e se tornaram a maior causa de poluição dos oceanos. O estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), publicado em março de 2022, evidenciou que 48,5% do lixo encontrado no mar é plástico. Ainda de acordo com o estudo, 25 milhões de toneladas de resíduos tem como destino final o oceano.
O impacto ambiental gerado pelo lixo internacional vai além da poluição, ele gera problemas na vida marinha. Os animais confundem o lixo plástico com alimento, e quando ingeridos, podem causar a morte e a contaminação da cadeia alimentar marinha.
O resíduo pode chegar ao mar de diversas formas, mas de acordo com Azambuja, não é possível que o lixo internacional chegue somente com as correntes marítimas.
Para tentar diminuir os impactos gerados pela contaminação do lixo internacional, a Ecomov entrou com uma petição junto ao Ministério Público de São Paulo para informar sobre a questão do lixo internacional encontrado nas praias da Baixada Santista. “Estamos para abrir a 4º petição somente no litoral sul e a 2º no litoral norte”.
De acordo com o educador ambiental, o lixo é proveniente da falta da contratação dos serviços de empresas de limpeza dos navios mercantes e de cruzeiros. Os navios atracados alegam perder resíduos durante a ação em alto mar. Além desse problema, Azambuja afirma que falta fiscalização e ações efetivas para resolver o problema.
“Pelo que entendemos, não há legislação e fiscalização em alto mar ou em áreas de fundeio onde os navios ficam fundeados esperando por uma vaga para atracar. Esses registros apontam além do descaso, o perigo dos resíduos altamente danosos que estão sendo encontrados no mar e nas praias.”
Para o educador ambiental o problema tem solução, e ela é simples, é preciso fiscalizar e fazer com que as leis vigentes sejam cumpridas. Seja em alto mar, ou próximo às áreas urbanas, os resíduos sólidos precisam ter a destinação correta para que não afetem o meio ambiente.