24/05/2022

'Varíola dos macacos vai chegar ao Brasil, mas população não deve entrar em pânico', diz infectologista

Por Rodrigo Martins em 24/05/2022 às 14:39

Divulgação/Prefeitura de Santos
Divulgação/Prefeitura de Santos

O surgimento de vários casos de varíola dos macacos nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e países da Europa acenderam um alerta na comunidade científica. Para o médico infectologista Evaldo Stanislau, não deve demorar até que aconteçam registros de infecções pela doença no Brasil.

“Eu acho que é inevitável que essa varíola dos macacos chegue ao Brasil porque estamos inseridos em um contexto global. Os primeiros casos foram relatados no Reino Unido, depois Portugal e Espanha, além de outros países da Europa. Tivemos casos na Austrália e América do Norte também. O Brasil recebe estrangeiros e há brasileiros que voltam para o país também. É inevitável esse fluxo de pessoas. Você pega um avião e 12 horas depois está em outro país. Então, de uma maneira ou de outra, (a doença) vai acabar chegando por aqui”, disse Stanislau, em entrevista exclusiva ao Santa Portal.

No entanto, o médico defende que não há motivo para que a população fique assustada. “Não significa que a gente deva entrar em pânico, apesar de ser claro que é uma situação que merece atenção. Devemos manter vigilância, mas não entrar em pânico”, afirmou.

A varíola é uma das doenças mais mortais da história do mundo. No século XX, estimativas apontam que a doença matou cerca de 300 milhões de pessoas. No entanto, a doença foi erradicada em humanos em 1980.

Já sobre a varíola do macaco, o contágio pela doença envolve contato íntimo, no momento em que as lesões estão aparentes, ou então com objetos usados pela pessoa, como roupa de cama. A transmissão também pode ocorrer por secreção respiratória – neste aspecto, o uso de máscaras como as utilizadas durante a pandemia da covid-19 reduz o risco de contágio.

Porém, os cientistas já sabem que a transmissão não é frequente e requer um contato demorado. “A varíola humana tem como reservatório a espécie humana. Ela só circula entre os humanos e como a gente vacinou todo mundo, a varíola humana deixou de circular e foi erradicada. Essa varíola dos macacos é uma doença do ponto de vista clínico e virológico muito parecida com a varíola humana, mas o vírus circula entre macacos e outros pequenos animais. Acidentalmente ela contamina pessoas”, explicou o infectologista.

Stanislau orienta que as pessoas devem manter a tranquilidade caso apareçam lesões na pele associadas à doença. “As pessoas que vieram do exterior ou tiveram contato com alguém, ou a pessoa que veio recentemente de fora do país e apresenta um quadro de febre, mal-estar, dor de cabeça, aumento de gânglios e lesões na pele, deve procurar orientação médica. Desta forma, o médico vai fazer uma notificação de caso suspeito e realizar todos os procedimentos necessários para confirmar ou descartar a contaminação pela doença”, destacou.

O médico lembrou ainda que existe uma vacina contra esse tipo de varíola. Também há um antiviral para combater os sintomas do vírus. No entanto, uma vacinação em massa contra a varíola dos macacos demandaria um planejamento maior por parte das autoridades sanitárias, pois o imunizante contra essa doença não faz parte do calendário vacinal.

“A vacina contra a varíola humana protege contra essa varíola do macaco. Também existe uma vacina para a varíola do macaco, mas ambas as vacinas não fazem parte do calendário vacinal nem estão disponíveis em todos os lugares. Elas são vacinas estratégicas que são utilizadas em programas de saúde pública para fazer o bloqueio quando a gente tem alguma ocorrência. Elas são muito eficazes na prevenção e evitam essa doença”, concluiu.

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