Ministério da Saúde amplia uso de mosquitos modificados para combater dengue em 40 cidades
Por Folha Press em 17/01/2025 às 15:11
O Ministério da Saúde anunciou a expansão do projeto com mosquitos Aedes aegypti infectados pela bactéria Wolbachia para mais 40 cidades brasileiras. Os insetos, modificados geneticamente para não transmitirem doenças como dengue, chikungunya e zika, são uma estratégia para reduzir o número de infecções no país.
O anúncio foi feito pelo secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo Cunha, em visita na terça-feira (14) à biofábrica do método Wolbachia, em Foz do Iguaçu (PR), uma das 11 cidades que já recebeu o método.
Dentre elas estão Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS),, Petrolina (PE), Joinville (SC), Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal (RN).
O ministério não informou quais serão as outras 40 cidades contempladas pela estratégia.
Niterói (RJ) foi a primeira cidade brasileira a ter 100% do território coberto pelo método e vem apresentando redução nos números da doença. Em 2021, quando o município tinha 75% do território coberto, o método apontou uma redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% dos casos de chikungunya e 37% dos casos de zika.
Em agosto de 2017, a Folha noticiou a liberação de milhões de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia no Rio de Janeiro como forma de tentar reduzir a transmissão de doenças na cidade. Em 2022, um artigo publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases mostrou que a iniciativa surtiu efeito. Segundo os pesquisadores, a liberação dos insetos está associada a uma redução média de 38% na incidência de dengue e de 10% na de chikungunya.
A biofábrica do método Wolbachia iniciou os trabalhos em Foz do Iguaçu (PR) em julho de 2024. A primeira liberação dos mosquitos com a bactéria -os “wolbitos”- foi em agosto passado. Em torno de 1,3 milhão de “wolbitos” são liberados por semana no município, cobrindo uma área de aproximadamente 128 mil pessoas. O objetivo é cobrir 50% do território até abril de 2025.
No ano passado, foram registrados 15.469 casos de dengue e 10 óbitos no município. Já em 2023, a cidade contabilizou 46.559 casos e 21 óbitos por dengue, segundo o painel de monitoramento das arboviroses.
Número de vacinados ainda é pequeno em São Paulo
Somente 10,65% das crianças e adolescentes paulistas elegíveis para a vacinação contra a dengue completaram o esquema de imunização, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde do período de fevereiro de 2024 até 15 de janeiro deste ano.
Em números absolutos, das 2.403.648 pessoas de 10 a 14 anos que devem tomar a vacina no estado de São Paulo, apenas 256.084 receberam as duas doses da Qdenga, da farmacêutica Takeda. Quanto à primeira dose, foi aplicada em 593.256 crianças e adolescentes.
Na capital paulista, 34,17% dos jovens tomaram a primeira doseda Qdenga e 19,11% a segunda, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde. Até o dia 10 de janeiro, foram aplicadas 229 mil de primeira dose e 128 mil de segunda. O público elegível para a vacina é estimado em 600 mil. Desde o início da campanha de vacinação, em abril do ano passado, São Paulo recebeu 616 mil doses do imunizante -a última remessa, com 100 mil doses, foi entregue em 7 de janeiro.
A faixa etária de 10 a 14 anos foi escolhida como público-alvo com base em recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) devido ao maior risco de hospitalização.
A Qdenga é administrada em duas doses, com 90 dias de intervalo entre elas. De acordo com critérios definidos pelo Ministério da Saúde, 391 dos 645 municípios paulista têm a vacina na rede pública. São cidades com mais de 100 mil habitantes, localizadas em regiões com alta transmissão da doença e incidência do sorotipo 2 do vírus.
A farmacêutica Takeda afirma que seu laboratório tem capacidade limitada de produção, o que impacta a oferta de vacina. Com essa limitação, a eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti segue como estratégia principal de prevenção à dengue.