Milei segue passos de Trump e confirma que vai retirar a Argentina da OMS
Por Mayara Paixão/ Folha Press em 05/02/2025 às 15:36
Como era esperado, o presidente Javier Milei seguiu os passos de seu aliado Donald Trump e vai retirar a Argentina da OMS (Organização Mundial da Saúde). A ação foi confirmada por seu porta-voz, Manuel Adorni, na manhã desta quarta-feira (5).
A Casa Rosada enviou instruções à chancelaria, hoje comandada por Gerardo Werthein, para formalizar os trâmites. A ação foi justificada por “profundas diferenças sobre a gestão sanitária na pandemia, que levou ao confinamento mais amplo da história da humanidade”.
“Não permitiremos que um organismo internacional intervenha em nossa soberania”, disse Adorni, emulando termos típicos do chefe.
Desde o início da administração republicana nos Estados Unidos, em janeiro, Buenos Aires já planejava essa ação. Como a reportagem mostrou, estudam-se também a eventual saída do Acordo de Paris e a retirada do entendimento de feminicídio do Código Penal argentino.
Durante a pandemia de Covid, quando ainda era uma figura emergente no cenário político, Milei chegou a colocar em dúvida a eficácia do imunizante desenvolvido contra o coronavírus, mas tomou a vacina. Também criticou as ações restritivas adotadas pela então administração do peronista Alberto Fernández.
O porta-voz do presidente afirmou que o país não tem financiamento da OMS para suas ações de saúde pública e que, portanto, a área não deverá ser afetada. No caso dos EUA, por serem os maiores financiadores da organização, as consequências de sua saída são ampliadas, podendo afetar as capacidades de resposta da OMS.
Em comunicado mais detalhado divulgado depois, o governo de Milei disse que as quarentenas “provocaram uma das maiores catástrofes econômicas da história mundial” e que deveriam ser consideradas um crime contra a humanidade. A estratégia de confinamento foi adotada em muitos países para diminuir a transmissão do vírus, notadamente quando ainda não existiam vacinas disponíveis.
“É urgente que a comunidade internacional repense para quê existem organismos supranacionais, financiados por todos, que não cumprem os objetivos para os quais foram criados”, segue. Milei, como Trump, é um grande crítico dos organismos multilaterais, que no mais têm tido sua atuação colocada em xeque, como ocorre na própria ONU.
Milei chegou a escrever um livro sobre o tema -“Pandemonics” (ed. Galerna, 2020). Com uma capa que traz imagens do próprio Milei, de Trump, do líder chinês Xi Jinping e do bilionário cofundador da Microsoft Bill Gates, o livro, diz seu resumo oficial, “não nega a existência do coronavírus, mas mostra que o mundo perdeu a perspectiva”.
“Impuseram-se quarentenas ‘cavernícolas’ que anunciaram uma crise econômica sem precedentes a nível mundial e que também, em muitos dos casos, destruíram a legalidade e a democracia”, segue o resumo. Milei foi acusado de plagiar trechos dessa obra.