22/02/2018

Ex-diretor da Dersa é acusado de ter R$ 113 milhões em contas no exterior

Por #Santaportal em 22/02/2018 às 15:50

CORRUPÇÃO – O ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto, é acusado de manter cerca de 35 milhões de franco em quatro contas na Suíça em 2016, através de uma offshore panamenha na qual ele era o beneficiário. A informação foi passada pelo Ministério Público do Panamá aos procuradores federais de São Paulo. Na época, o valor se equiparava a R$ 113 milhões e foi transferido no ano passado para contas em um outro banco, sediado nas Bahamas.

As informações possibilitaram que fosse quebrado o sigilo bancário de Vieira em outubro de 2017 e o bloqueio nas contas suíças.

Segundo o Ministério Público Federal brasileiro, offshore Groupe Nantes S/A abriu as contas na Suíça em 2007, e os valores foram transferidos para contas no banco Deltec Bank and Trust Limited, sediado em Nassau, nas Bahamas.

De acordo com os dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), Paulo Vieira de Souza movimentou quantias superiores a R$ 2,5 milhões entre 2009 e 2010, que demonstram que ele tinha um patrimônio incompatível com o cargo público ocupado.

A investigação, autorizada pelo ministro do STF Edson Fachin, foi aberta a partir das informações fornecidas pela empreiteira Odebrecht em acordos de leniência assinado por ex-executivos da empresa em julho de 2016.

Estão sob suspeita as licitações para a construção do Rodoanel Mario Covas, promovida pela estatal estadual Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), e para diversas obras na capital paulista, sob responsabilidade da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb). Na cidade de São Paulo, são alvo das investigações ao menos sete concorrências para melhorias em importantes artérias viárias: Avenida Roberto Marinho, Nova Marginal Tietê, Complexo Jacú Pêssego, Avenida Chucri Zaidan, Avenida Cruzeiro do Sul, Avenida Sena Madureira e relativo ao Córrego Ponte Baixa.

O esquema envolveu, segundo as informações dos executivos, 22 empresas, sendo que cinco, incluindo a Odebrecht, lideravam as combinações ilícitas. No caso do Rodoanel, uma tabela de preços com o apelido de “briga” trazia os valores que seriam cobrados em uma concorrência competitiva. Enquanto uma outra relação, sob a identificação de “amor”, apresentava os preços acordados entre as empresas, que eram em média 13,52% superiores aos que seriam praticados em condições normais, chegando a ser 25% em alguns casos.

A atuação dos cartéis está relatada desde 2004, em relação ao Rodoanel, quando começaram a ser elaboradas as propostas. Em relação as obras na capital paulista, as empresas teriam começado a combinação de preços e fraudes em 2008 e seguiram nas práticas até 2015, quando foram assinados os contratos.

A defesa do ex-dirigente da Dersa pede ao STF que as investigações do Ministério Público Federal de São Paulo sobre a atuação de Paulo Vieira de Souza na obra do Rodoanel sejam tratadas como sendo do mesmo tema do inquérito que tramita na Suprema Corte. Com isso, os advogados pedem que a cooperação internacional, que possibilitou o envio das informações pela Suíça seja suspensa, e os inquéritos enviados para o STF.

Em nota, a Dersa afirma que a empresa e o governo de São Paulo são “os grandes interessados quanto ao andamento das investigações e ressarcimento de eventuais danos que venham a ser apurados”.

loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.