Em 1998, incêndio na Ilha Barnabé causa pânico nos moradores
Por Juan Reol/#Santaportal em 10/01/2015 às 12:00
RETROSPECTIVA 18 ANOS – Dando continuidade à série de reportagens especiais lembrando casos importantes que aconteceram na Baixada Santista nos últimos 18 anos, mesmo número da idade a ser completado pelo Sistema Santa Cecília de Comunicação, o #Santaportal, no sábado (10), relembra o incêndio na Ilha Barnabé ocorrido em 3 de setembro de 1998, que deixou em alerta as cidades de Santos, Guarujá e Cubatão e instaurou na população o medo de uma “explosão que levasse as cidades pelos ares”.
O incêndio, que aconteceu na tarde do dia 3 de setembro, foi provocado por um vazamento em uma casa de bombas instalada ao lado de 66 tanques lotados por líquidos inflamáveis. Na época o espaço era gerenciado pela empresa Brasterminais.
Principalmente em Santos existia o mito de, em caso de incêndio na Ilha Barnabé, afetando os então 170 milhões de litros de líquidos inflamáveis distribuídos nas centenas de tanques que lá existiam – e ainda existem atualmente, em maior escala -, haveria uma explosão de proporções gigantescas e que levaria a cidade “pelos ares”. Fato que foi desmentido por especialistas. Até os dias atuais a ilha concentra o maior volume de produtos químicos do Brasil.
Mas a população só teve conhecimento de que o incêndio do dia 3 de setembro não causaria a extinção de Santos, Guarujá e Cubatão nos dias posteriores, com diversas reportagens nos principais veículos de imprensa da região, entre eles a Santa Cecília TV, que já tinha mais de um ano e meio de fundação.
Em 1998, enquanto um caminhão-tanque recebia cerca de 80 toneladas de diciclopentadieno (DCPD) – também inflamável -, teve início o incêndio, por volta das 12h15. As chamas só foram controladas após uma hora e meia da primeira explosão, que pôde ser ouvida de Santos, Guarujá, Cubatão e até São Vicente. Durante o trabalho do Corpo de Bombeiros, ocorreu mais um vazamento, mas ninguém ficou ferido. Por outro lado, o canal do Porto de Santos e os manguezais foram afetados, causando danos incalculáveis à flora e fauna.
Se o perigo de Santos e as cidades vizinhas “explodirem pelos ares” foi logo desmistificado, por outro lado, o perigo da fumaça dos produtos tóxicos deixou a população ainda mais preocupada. Por sorte, à época, o vento fez a fumaça subir e se dissipar por cima do oceano, afastando o perigo dos moradores da Baixada Santista. Um especialista, em 1998, deu a seguinte frase: “A combustão incompleta dos produtos produz o benzoapireno, que é um produto altamente cancerígeno. Foi o caso que aconteceu na Ilha Barnabé. Só que, como o vento soprou a fumaça para cima, a cidade ficou livre”.
Mais de 100 homens do Corpo de Bombeiros trabalharam para acabar com o incêndio, que poderia se espalhar e atingir mais de 41 mil m³ do mesmo produto que estavam bem próximos, e outros 77 tanques então gerenciados pela empresa Granel e outros cinco, da Midwesco. O último acidente de grande porte na Ilha Barnabé havia acontecido em 1991, quando dois tanques pegaram fogo após serem atingidos por um raio.
No acidente de 1998 não houve feridos e o valor dos prejuízos não foi divulgado. Mas o susto na população, com explosões, chamas e fumaça, que podiam ser vistos tanto do outro lado do canal do estuário como de cidades vizinhas, jamais será esquecido.
Antes dos incêndios de 1998 e 1991 já citados no texto, a Ilha Barnabé passou por sustos em 1951, o primeiro da história, quando o petroleiro Cerro Gordo, que descarregava óleo diesel, petróleo bruto, querosene e gasolina de aviação, pegou fogo, em 1969, quando outro petroleiro, o Guaporé, também se incendiou, e em 1974, que teve o óbito de um operário em uma explosão mecânica na própria ilha.
De 1998 para 2015 não houve mais acidentes de grande porte na Ilha Barnabé e, mesmo com especialistas desmistificando o perigo de uma explosão em grandes proporções que decretariam a extinção das cidades da região metropolitana da Baixada Santista, não há um morador das cidades vizinhas à ilha que não sinta pavor com medo de uma nova tragédia.
*Fonte de pesquisa: Jornal A Tribuna de Santos