18/12/2025

Cursinhos aprovam mudanças da Fuvest e veem prova menos exaustiva

Por Gustavo Gonçalves/Folhapress em 18/12/2025 às 10:11

Reprodução
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Cursinhos e escolas consultados pela Folha de S.Paulo avaliam de forma positiva as mudanças anunciadas pela Fuvest para os vestibulares 2027 (aplicado neste ano) e 2028. A leitura predominante é que as alterações tornam a prova menos exaustiva, mais reflexiva e mais alinhada às diretrizes educacionais atuais.

Entre as medidas anunciadas nesta quarta-feira (17) está a redução do número de questões da primeira fase, que passará de 90 para 80, sem alteração no tempo total de prova. Para os educadores, a mudança favorece a leitura e a análise dos enunciados, em um exame que vem ampliando a abordagem interdisciplinar.

Também haverá uma mudança para segunda fase do vestibular, prevista para a edição de 2028. O número de questões será reduzido e o formato da prova será simplificado, com a diminuição de 22 para 6 tipos de exames, definidos de acordo com a carreira escolhida. Disciplinas como inglês e sociologia passam a integrar de forma mais direta a avaliação.

Para o coordenador pedagógico do Poliedro Curso SP, Raul Soares Neto, as alterações aprofundam um movimento já observado na prova mais recente, com menor peso para conteúdos estritamente conceituais e maior valorização da leitura e da interpretação. Na avaliação dele, esse perfil tende a tornar o processo seletivo mais acessível.

O diretor do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante, Wander Azanha, opina que a redução do número de questões é um avanço ao permitir que o candidato tenha mais tempo para refletir sobre cada item, em uma prova que exige leitura e articulação de conhecimentos, e não apenas memorização.

Já na avaliação do diretor-geral do Curso Anglo, Viktor Lemos, as mudanças seguem uma tendência já adotada por outros vestibulares, como o da Unicamp, ao reduzir o cansaço do candidato. Ele lembra que a prova da primeira fase aplicada neste ano foi considerada longa por alunos e professores, com aumento do volume de textos e páginas.

Além disso, ele ressalta a importância das novas matérias adicionadas na segunda fase, como a disciplina de inglês.

As mudanças dão continuidade às alterações aprovadas em 2024, que incluíram a reformulação do programa da primeira fase e de parte da segunda, além da ampliação dos gêneros textuais cobrados na redação. Na edição 2026, a Fuvest também passou a adotar uma lista de leituras obrigatórias composta apenas por obras escritas por mulheres, medida mantida para 2027 e 2028.

Para Soares, o conjunto das medidas aproxima o vestibular das diretrizes da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Ele afirma que, como escolas e colégios vêm se adaptando à base ao longo dos últimos anos, as mudanças não representam uma ruptura nem devem comprometer o planejamento pedagógico.

Apesar do saldo positivo, Lemos afirma que a velocidade dos anúncios preocupa. Para ele, mudanças feitas de um ano para o outro dificultam a adaptação de escolas, sobretudo as que têm menos estrutura. Ele cita como exemplo a lista de leituras obrigatórias com nove livros novos. “A proposta é excelente, mas foi anunciada em cima da hora […] Escolas com menos estrutura sofrem mais.”

Questionado sobre as críticas à velocidade das mudanças, o diretor-executivo da Fuvest, Gustavo Monaco, afirmou, por meio da assessoria, que o ritmo seguiu decisões aprovadas pelo Conselho de Graduação da USP. Segundo a instituição, o processo foi conduzido de forma ampla e não estão previstas novas alterações no modelo anunciado.

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