Correspondente internacional de guerra relata experiências em palestra na Unisanta
Por Noelle Neves em 09/08/2017 às 07:49
UNISANTA – O jornalista, documentarista e correspondente Internacional, Yan Boechat, fez uma palestra sobre jornalismo de guerra para alunos do curso de jornalistamo da Universidade Santa Cecília (Unisanta). O encontro aconteceu na última segunda-feira (7).
Em 20 anos de carreira, Boechat acompanhou de perto conflitos no Afeganistão, República Democrática do Congo, Tunísia, Egito, Ucrânia, Venezuela, Líbano, Angola. Com toda essa experiência aprendeu que “jornalistas de combate são peças de propaganda utilizadas para a transmitir as mensagens que interessam aos governos. Portanto, há censura no que pode ser gravado”.
“Depende da situação e do fixer, o tradutor que tem contato com as forças armadas, que vai te colocar nos melhores lugares, nas melhores posições. Ele não quer ficar mal com ninguém para não ser barrado dos ‘fronts’”. O jornalista ainda cita a vez que foi proibido de gravar, porque as forças armadas estavam usando mísseis proibidos pelas Nações Unidas.
Ele ressalta que a cobertura como jornalista independente é difícil, porque exige um gasto elevado. A compra da passagem, o custo da hospedagem e do fixer acaba sendo de total responsabilidade de quem vai cobrir. Mas, Boechat vê como um investimento: “Eu vou para o lugar e vendo o material que eu produzi para emissoras, sites e jornais. Às vezes não sou bem sucedido, mas na maior parte das vezes sim”.
Segundo ele, o perigo também é grande. Em casos como o de James Foley, por exemplo, o jornalista foi vendido por um fixer para o Estado Islâmico (EI). Para evitar situações como essa, existem grupos secretos, onde jornalistas se ajudam.
Também contou a experiência cobrindo a retomada de Mossul, no Iraque, e mostrou aos alunos a bandeira e placa do EI que guardou de uma de suas viagens. Além disso, mostrou uma reportagem feita sobre a vida dos iraquianos. “É incrível ver uma história ser contada diante de você, isso me fascina”, finaliza.