Correios precisam de mais R$ 8 bi em 2026, diz presidente da estatal
Por Mateus Vargas/Folhapress em 29/12/2025 às 16:14
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, disse nesta segunda-feira (29) que a companhia tentará captar mais R$ 8 bilhões em 2026, como parte de seu plano de reestruturação, e disse que ainda não está definido se os recursos serão obtidos via aporte do Tesouro Nacional.
A estatal já assinou contrato de empréstimo de R$ 12 bilhões com bancos públicos e privados, mas o pleito inicial era de R$ 20 bilhões em créditos. “Permanece a necessidade de captação de R$ 8 bilhões”, disse Rondon à imprensa ao apresentar o plano de reestruturação dos Correios.
As medidas de ajuste fazem parte do compromisso fechado pelos Correios com bancos e governo federal de voltar a ter contas no azul a partir de 2027. “Essa necessidade de captação [de R$ 8 bilhões] vai ser vista em 2026. Se a melhor opção é aporte [do Tesouro] ou outra operação de crédito, não está definido ainda”, disse o presidente.
As ações de reestruturação da empresa incluem a regularização de dívidas com fornecedores e bancos, um novo PDV (programa de demissão voluntária) para desligar 15 mil empregados em 2026 e 2027, venda de imóveis e a reformulação da estrutura de cargos e salários e também do plano de saúde da companhia, entre outras iniciativas.
Como antecipou a Folha de S.Paulo, a empresa prevê poupar até R$ 4,2 bilhões em despesas ao ano com a implementação das medidas de ajuste. O impacto pleno será percebido só a partir de 2029. Antes disso, o ganho líquido será menor, devido à necessidade de investir em incentivos para o PDV e compensações ao plano de saúde, mas haverá um crescimento gradual.
Os Correios também buscam parcerias com outras empresas e estudam até mesmo a possibilidade de, no futuro, abrir o capital, transformando-se em uma sociedade de economia mista, mantido o controle da União -como já ocorre com Petrobras e Banco do Brasil, por exemplo.
O empréstimo fechado com os bancos terá a garantia do Tesouro Nacional, que honrará os pagamentos em caso de inadimplência, e está diretamente vinculado ao plano de reestruturação. A operação é considerada uma espécie de ponte para uma nova situação da empresa, que hoje enfrenta grave problema de caixa.
Em 19 de dezembro, a estatal conseguiu pagar em dia o 13º salário dos empregados, mas precisou empurrar outras despesas, já que o crédito dos bancos ainda não havia sido liberado. O contrato foi efetivamente assinado apenas na sexta-feira (26), com a publicação do extrato da operação na manhã de sábado (27) em edição extra do DOU (Diário Oficial da União).
A proposta foi apresentada por um grupo de cinco bancos, formado por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Os três primeiros vão emprestar R$ 3 bilhões cada, enquanto os dois últimos, R$ 1,5 bilhão cada.
O custo da operação ficou em 115% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), dentro do teto de 120% estipulado pelo Tesouro Nacional para conceder a garantia soberana.
O prazo do contrato é de 15 anos, com os três primeiros anos de carência (período inicial em que a empresa não pagará prestações).