Conheça o técnico português que ajudou em mudança do badminton brasileiro
Por Alexandre Araujo/Folha Press em 14/08/2025 às 18:35
Muito antes do sucesso dos técnicos portugueses no futebol brasileiro, o badminton já apostava em um treinador luso para mudar o patamar da modalidade. Marco Vasconcelos comandou a seleção nos Jogos Pan-Americanos Júnior, e a delegação subiu ao pódio três vezes ouro nas duplas mistas, com Davi Silva e Juliana Vieira; prata no individual feminino, com Juliana Vieira; e prata no individual masculino com Deivid Silva.
Uma “revolução portuguesa”
Marco desembarcou no Brasil em 2013, início do ciclo que culminou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016, e está no país desde então.
“O que me fez vir para o Brasil foi o projeto, o desafio de mudar o badminton do Brasil. Aceitei o desafio sabendo que seria interessante. O que tentamos introduzir nestes anos foi este tipo de treinamento, de jogo, uma mescla da Europa com a Ásia, e tem dado resultado”, diz Marco à reportagem.
“Quando chegamos, os atletas tinham um déficit técnico, tático e físico. Hoje todas essas áreas foram melhoradas, não só pela seleção, como também pelos clubes, o que vem a aumentar o nível competitivo dos atletas no Brasil”.
Na edição do Rio, o Brasil teve o primeiro atleta a participar do badminton nas Olimpíadas, com Ygor Coelho. Em Tóquio, ele se tornou o primeiro do país a vencer um jogo olímpico.
Em abril, Juliana Viana levou o ouro no Campeonato Pan-Americano de Badminton foi a primeira vez que uma atleta brasileira venceu o continental na chave individual feminina. Os resultados recentes, inclusive, a fizeram ser escolhida a porta-bandeira da delegação verde e amarela na Cerimônia de Abertura do Pan Júnior.
“Em relação ao que temos nesta quinta-feira (14), é um time com muito mais talento. Tirando o Ygor Coelho, que foi o ponto mais alto do badminton do Brasil, temos atletas em várias disciplinas, não só na simples. Temos aqui um lote de atletas com quem se pode fazer um bom trabalho neste próximo ciclo, e é isso que espero: ter atletas top 30. Uma das nossas prioridades é levar a Juliana [Viana] ao top 30”, diz.
De onde vem a ligação de Marco com o badminton brasileiro?
A “culpa” é de Daniel Paiola, brasileiro que foi medalhista de bronze nos Jogos Pan de Guadalajara, em 2011, e de prata em Toronto, em 2015. “Teve um atleta, o Daniel Paiola, que foi treinado por mim depois de eu terminar a minha carreira. Joguei as Olimpíadas de Pequim e decidi parar. Alguns amigos meus do Brasil pediram-me ajuda para treinar um garoto que, à época, tinha 17 anos”, iniciou Marco.
“O Daniel Paiola, tinha um sonho de ser Olímpico e foi lá para Portugal. Ele teve um ano, teve alguns resultados expressivos, e a partir daí surgiu o convite. Realmente, quis fazer algo pelo Brasil, e acho que estamos conseguindo isso”, completou.
O português foi atleta de badminton e realizou o sonho de estar nos Jogos Olímpicos. Até então “refúgio”, o esporte se tornou esperança.
Quando eu tinha seis anos, um professor me viu passando no trajeto da escola e me chamou para experimentar um novo esporte. Entrei e vi o badminton. Eu vinha de uma família muito problemática, com um pai com problemas de álcool e irmãos envolvidos com drogas. O badminton foi um refúgio. Comecei a fazer os primeiros torneios nacionais, depois na Europa. E a partir daí era o sonho de ser olímpico. Comecei em um projeto de alto rendimento já aos 18 anos e realizei meu sonho já velhinho, aos 28 anos (risos) Marco Vasconcelos
Marco tenta passar à frente parte da bagagem que conseguiu como atleta. “Eu era muito bom fisicamente, tecnicamente, mas, taticamente, não. E é isso que passo aos meus atletas. Eles não têm que, às vezes, esperar sete, oito anos para serem bons atletas. Têm de trabalhar a parte mental. E assim foi”.