05/08/2021

Bolsonaro será investigado pelo STF no inquérito de fake news

Por Ansa Brasil em 05/08/2021 às 09:19

EPA/Joedson Alves
EPA/Joedson Alves

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira (4) a inclusão do presidente Jair Bolsonaro como investigado no inquérito que apura a divulgação de fake news em decorrência das alegações sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

A decisão de Moraes atende ao pedido aprovado por unanimidade pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sessão desta segunda (2) e levará em conta os ataques, sem provas, feitos por Bolsonaro contra o sistema eleitoral do Brasil.

O estopim da solicitação que culminou na apuração dos atos do presidente foi a live realizada no último dia 30 de junho, quando ele voltou a propagar fake news e promoveu ameaças às eleições de 2022.

Em sua decisão, Moraes apontou que as declarações de Bolsonaro contra o sistema de votação provocaram ameaças, ataques e agressões contra o processo eleitoral.

Segundo ele, as condutas relatadas na notícia-crime configuram, em tese, a 11 crimes, incluindo calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime, associação criminosa e denunciação caluniosa. Moraes lista ainda possíveis delitos previstos na Lei de Segurança Nacional e no Código Eleitoral.

Além disso, Moraes determinou que a Polícia Federal tome depoimento de todas as pessoas que acompanharam Bolsonaro na transmissão em sua rede social. Entre os presentes estavam o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres; o coronel reformado do Exército Alexandre Hashimoto, professor da Faculdade de Tecnologia de São Paulo; e o engenheiro especialista em segurança de dados Amilcar Filho.

Na ocasião, Bolsonaro afirmou que apresentaria provas de fraudes nas urnas, mas apenas repercutiu notícias falsas e vídeos já desmentidos diversas vezes.

“Não há dúvidas de que as condutas do Presidente da República insinuaram a prática de atos ilícitos por membros da Suprema Corte, utilizando-se do modus operandi de esquemas de divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Poder Judiciário, o Estado de Direito e a Democracia[…]”, registrou Moraes no despacho.

A notícia-crime contra Bolsonaro foi apresentada ao STF pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, que atualmente é o alvo dos ataques do presidente. A investigação criminal pode, posteriormente, tornar o líder brasileiro inelegível.

Além de pedir a inclusão de Bolsonaro no inquérito do Supremo, o ministro do TSE instaurou um inquérito administrativo para apurar as ameaças contra o pleito de 2022 e investigar possíveis crimes de corrupção, fraude, propaganda eleitoral antecipada, abuso de poder econômico e político e uso indevido dos meios de comunicação.

Em diversas ocasiões, Bolsonaro já disse que só vai ter eleição no próximo ano se o Congresso aprovar o voto impresso, em uma tentativa de deslegitimar um processo eleitoral que, hoje, mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como favorito. 

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