Teixeira fala sobre reunião que pode selar afastamento de Peres e critica problemas administrativos
Por #Santaportal em 26/09/2020 às 14:13
SANTOS FC – O presidente do Conselho Deliberativo do Santos, Marcelo Teixeira, falou sobre a reunião do órgão na próxima segunda-feira (28) que pode determinar o afastamento de José Carlos Peres da presidência do clube. Para que isso ocorra, 2/3 dos conselheiros presentes à reunião deverão aprovar o parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância, após as contas de Peres referentes ao ano de 2019 terem sido reprovadas.
Teixeira lamentou que o afastamento do chefe do executivo santista esteja sendo discutido nesse momento. ?Antes essa promessa de agitação fosse para nós comemorarmos a vitória do Santos na Libertadores, uma vitória expressiva e importante fora de casa, que coloca o clube na liderança do seu grupo na competição. Ou até mesmo comemorarmos um final de semana importante para o clube, com mais uma rodada do Campeonato Brasileiro, mas infelizmente temos que analisar também a questão extracampo. Na próxima segunda-feira estará em pauta o parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância, que aponta possíveis irregularidades (da administração atual), que também haviam sido destacadas pelo Conselho Fiscal sobre as contas de 2019. Com isso, obviamente o plenário virtual analisará esse novo parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância, que caso seja votado o afastamento, possivelmente poderemos ter que convocar uma assembleia geral de associados para que seja ratificado ou não o pedido de impeachment do atual presidente e os demais membros do Comitê de Gestão?, disse o presidente do Conselho em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Caso o afastamento seja aprovado pelos conselheiros, Marcelo Teixeira explicou que uma assembleia geral deverá ser convocada para que os associados votem o impeachment de Peres. ?Pelo estatuto do clube temos a necessidade de aprovação não só pelo plenário do Conselho Deliberativo, como também por parte dos associados. Em um primeiro momento colocaremos à disposição esse parecer dos conselheiros, se aprovado, teremos a obrigação de em seguida convocar uma assembleia geral de associados em até 60 dias. Óbvio, que estamos em um momento de pandemia e deveremos aguardar a autorização das autoridades governamentais e da área de saúde para eventos presencial para fazer uma assembleia geral de associados?, destacou.
O presidente do Conselho Deliberativo não se posicionou sobre o pedido de afastamento, porém apontou que o clube precisa resolver as questões de dívidas que tem sido feitas pelas mais diferente administrações que estiveram no comando do Alvinegro Praiano.
?Eu prefiro aguardar o posicionamento dos conselheiros, conduzimos os trabalhos de forma imparcial, essa decisão é sempre soberana, de cada conselheiro. Naturalmente todos nós, como vocês da imprensa, torcida, estão acompanhando os últimos fatos ocorridos nos três anos da gestão do presidente e notamos que existem fatos que são muito preocupantes, como essas dívidas na Fifa, essas pendências financeiras com os clubes referentes a contratações de jogadores. São momentos difíceis, que não são inerentes apenas a essa administração, porque o Santos vem de gestões que acumulam problemas administrativos e que estão trazendo um momento complicado, difícil, da nossa história. Tudo isso pode ser colocado como avaliação por parte dos conselheiros nesse primeiro momento?, comentou.
Teixeira também criticou o rompimento do vice Orlando Rollo com o atual mandatário. Na visão do atual presidente do Conselho, esse litígio causou prejuízos ao clube nos aspectos administrativo e político.
?É incrível que tenhamos que avaliar por dois ângulos essa situação. Você não contar com a atuação do vice-presidente que foi eleito pelo quadro associativo, que deveria estar exercendo o seu direito e dever de auxiliar a gestão nesse momento, por uma incompatibilidade de relação entre pessoas, é algo que faz com que mais uma vez o Santos saia prejudicado nessa situação?, afirmou.
No entanto, Teixeira destacou que Rollo pode assumir a presidência caso Peres seja afastado, por ter sido absolvido no parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância. ?A Comissão de Inquérito e Sindicância entendeu que, por ele não ter tido nenhuma participação no exercício do ano de 2019, ele estaria alheio a todas essas situações, não tendo participado diretamente das decisões administrativas. Com isso, ele estaria em condições de, no caso de afastamento do presidente José Carlos Peres, assumir a presidência e eleger um novo Comitê de Gestão até a decisão da assembleia geral de associados?, falou.
Marcelo Teixeira também rebateu críticas de Peres sobre interesses eleitorais na votação do impeachment. ?Por um lado nós do Conselho, de forma responsável, cumprimos de forma correta os nossos mandatos. Ninguém está ali para criar fatos, estão para apoiar, fiscalizar, aplaudir quando necessário e também agir quando estamos diante de fatos que não condizem com uma boa gestão. Por outro lado também, o Conselho Deliberativo e o clube de um modo geral vivem, através do estatuto, um dos pontos negativos de parte de seus artigos, porque permite essas divisões. Estamos cada vez mais com grupos, cada um pleiteando seus interesses dentro do clube. Se você conseguir um mínimo de 20% nas eleições passa a exercer o direito a possuir um grupo dentro do Conselho Deliberativo. Na eleição passada, tivemos cinco, seis candidatos, o acho um número muito grande. Concordo com a questão democrática, da pluralidade de ideias, mas termos tantos candidatos, quando o presidente é eleito, entra o grupo dele e mais três ou quatro grupos. A situação venceu esse processo e você tem três, quatro grupos contrários ao presidente, isso é prejudicial. Geralmente esses grupos podem atrapalhar as questões administrativas de uma gestão e isso pode prejudicar o clube. Obviamente, a maior parte não tem o intuito de prejudicar o Santos, mas existem grupos que estão no Conselho ou gravitando pelo próprio clube, que podem interferir de forma negativa?, opinou.
O atual presidente do Conselho acredita que essas divisões precisam ser resolvidas, para que o clube tenha um futuro promissor a partir do resultado da próxima eleição, que será realizada em dezembro desse ano. ?Tenho feito o possível para tentarmos reunir um grupo de trabalho, que terá que assumir a partir de janeiro com muitos desafios para recolocarmos o Santos em seu devido lugar. Se não conseguirmos conscientizar todos os santistas e diminuirmos essas divisões que hoje existem, continuaremos tendo administrações assumindo com expectativa, mas sem conseguir concluir a gestão de uma maneira positiva?, ressaltou.
Para Teixeira, a questão administrativa do Santos tem solução e passa por um trabalho de reestruturação do clube em seus mais variados departamentos. ?Tem saída, é preciso ter rigor e disciplina, você ter responsabilidade no orçamento, apoio e credibilidade no mercado, para buscar parceiros fortes e recolocar recursos financeiros nos cofres do clube para ter condições de arcar com as metas e, acima de tudo, com as suas dívidas. O dirigente e o seu grupo que assumirem, eles terão a incumbência de não só ver o dia a dia do clube, mas como equacionar o seu passado, em termos de processos trabalhistas, que são muitos, além de pendências financeiras do clube. É preciso obedecer o orçamento. O Santos ano passado fez uma grande campanha, através de um treinador diferenciado, porém as suas exigências fizeram que o clube, ao invés de ter um controle das suas finanças, tivesse um bom rendimento técnico, além das expectativas alcançando o vice-campeonato brasileiro, porém o legado deixado foi de problemas financeiros gerados pelos investimentos feitos durante a campanha anterior. Se continuar assim, dentro desse processo, com ações sucessivas de contratações, sem avaliações, avolumará cada vez mais os seus problemas financeiros. Precisa parar, fazer um trabalho voltado para minimizar essas questões, e ter um grupo dentro da administração que consiga avançar em termos de ações para recuperar o clube. Você poder ter dirigentes que assumam com boas intenções, mas pode ter problemas se os dirigentes não forem experientes, pois ao final pode acontecer como já ocorreu anteriormente, de termos presidentes que assumem e alegam desconhecer os problemas e pouco acrescentam na evolução do clube?, concluiu.