Rio de Janeiro busca Pan-31 com dívida de R$ 176 mi pendente do Pan-07
Por Italo Nogueira/Folhapress em 30/01/2025 às 17:35
Com dívidas pendentes da organização dos Jogos Pan-Americanos de 2007, o Rio de Janeiro disputa, junto com Niterói, o direito de sediar a edição de 2031.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) ainda responde a processos por dívidas que podem vir a somar R$ 176,5 milhões, herança do comitê organizador do Pan-07. Elas foram mencionadas pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) durante a assembleia que confirmou a postulação conjunta das duas cidades.
“Nós vamos garantir que isso [Pan-31] saia sem nenhum tipo de dívida deixada para trás. Sei que o Pan [de 2007] ainda tem algumas disputas judiciais em andamento, mas vocês podem ter certeza de que é esse o compromisso meu, do prefeito [de Niterói] Rodrigo Neves, da vice-prefeita [de Niterói] Isabel [Swan], do vice-prefeito [do Rio] Eduardo Cavalieri, assim como do secretário [municipal de Esporte do Rio] Guilherme Schleder e, tenho certeza, do presidente Lula e do ministro [do Esporte, André] Fufuca”, disse Paes.
As dívidas se referem a processos no TCU (Tribunal de Contas da União) e na Justiça Federal por supostas irregularidades em contratações do comitê organizador do Pan-07. Como a entidade recebeu verbas públicas, deveria seguir os mesmos trâmites cobrados dos órgãos públicos.
Com o encerramento do evento, o COB passou a responder solidariamente pelas supostas irregularidades do comitê organizador, algumas ainda sob análise do Judiciário.
Os processos versam sobre a contratação de aluguel da Vila do Pan, o repasse de verbas à construtora que ergueu as residências dos atletas e as dispensas de licitação para realização da cerimônia de abertura e encerramento e para o revezamento da tocha.
O tema foi um dos itens da carta entregue pelo COB aos dois prefeitos antes da assembleia que aprovou o envio da postulação conjunta à Panam Sports, que decidirá a sede do evento em agosto. A candidatura brasileira deve ter como adversária a cidade de Assunção, no Paraguai.
“Isso é uma conversa que a gente teve na nossa reunião de trabalho com as confederações e as duas prefeituras. Os ministros que testemunharam aqui garantiram que não haverá esse risco de acontecer o que aconteceu nas dívidas que chegaram da Rio-2007 e da Rio-2016, que foram resolvidas”, disse o presidente do COB, Marcos La Porta, referindo-se também aos Jogos Olímpicos realizados na cidade, há nove anos.
“A gente tem que ter essa preocupação. Fizemos dois grandes eventos, tivemos alguns problemas. A gente não pode cometer o mesmo erro e ter os mesmos problemas no futuro. Então, eu acho que agora a gente vai ter muito mais cuidado. Há um legado de gestores que foram formados nesses grandes eventos que, tenho certeza, vai nos ajudar muito.”
O comitê organizador das Olimpíadas de 2016 também sofreu com dívidas após os Jogos. Os governos federal, estadual e municipal se recusaram a pagar pelo deficit com fornecedores, o que acabou sendo coberto com repasse extra do COI (Comitê Olímpico Internacional).
La Porta também garantiu que não adotará prática semelhante à de Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB, que acumulou a presidência dos comitês olímpico e organizador.
“Não vou ser o presidente do comitê organizador. O comitê organizador vai ser independente do COB, deve ter outro presidente. A gente não vai cometer esse erro novamente”, disse.
Paes também sinalizou concordar com pleitos do COB de construção de alojamento para atletas e uma pista de atletismo no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, onde fica o centro de treinamento da entidade.
As cidades ainda vão detalhar os projetos para as arenas e o custo para a preparação do evento. A promessa é de reutilização de instalações das Olimpíadas de 2016. A apresentação no COB anunciou a reforma o Complexo Esportivo Caio Martins, em Niterói, e a instalação da Vila dos Atletas na zona portuária do Rio de Janeiro, que passa por projeto de revitalização.
Também foi prometida como legado a despoluição da baía de Guanabara e a construção da linha 3 do metrô, que ligaria o Rio a Niterói por meio de uma linha submersa à baia.