17/08/2020

Momento histórico: medalha olímpica de bronze de Poliana Okimoto completa 4 anos

Por Rodrigo Martins em 17/08/2020 às 22:54

MEDALHA HISTÓRICA – No dia 15 de agosto de 2016, Poliana Okimoto entrava para a história do esporte brasileiro ao ser a primeira mulher a conquistar uma medalha na natação dos Jogos Olímpicos. A então nadadora da Universidade Santa Cecília (Unisanta) foi medalhista de bronze na prova de maratona aquática dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

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Quatro anos depois, o feito é relembrado pelo #Santaportal . Para Poliana, o bronze no Rio 2016 foi um marco em sua trajetória no esporte. “Toda vez que a gente começa a lembrar da medalha, de como foi aquele dia, principalmente em uma marca como essa, as lembranças são muito nítidas e o sentimento também muito forte ainda. Passa um filme pela cabeça, de tanto esforço, da rotina pesada de treinamentos, dos sacrifícios que são feitos. São tantas coisas que a gente passa para conquistar essa medalha, mas agora eu olho para trás e vejo que valeu a pena. Tudo o que eu passei valeu a pena quando eu subi naquele pódio, principalmente em uma Olimpíada dentro de casa. A gente sabe que pouquíssimos atletas têm essa oportunidade de conquistar uma medalha dentro de casa, subir ao pódio dentro de casa e ver a nossa torcida vibrando por nós. Ter conquistado essa medalha foi a realização de um sonho, de uma vida toda”, disse a medalhista olímpica, em entrevista exclusiva.

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Satiro Sodré/SSPress

O bronze na maratona aquática quase não veio para o Brasil. Poliana Okimoto, na verdade, acabou a prova em quarto lugar, após ser ultrapassada pelas rivais que vinham lutando com ela braçada a braçada durante todo o percurso dos 10 Km no mar de Copacabana.

Foi somente depois da prova, já nos braços do marido-técnico, que Poliana viu no placar seu nome ganhar a terceira posição. A francesa Aurelie Muller, inicialmente segunda colocada, foi desclassificada, por ter segurado uma outra adversária no momento da batida na placa de chegada.

Com isso, o bronze tinha uma nova dona: Poliana Okimoto, que se tornou a primeira medalhista mulher da natação do país.

Segundo a ex-nadadora, nada disso teria sido possível se não fosse o apoio de sua família e do técnico Ricardo Cintra, que também é marido de Poliana. “O atleta não é ninguém sozinho. Ele não consegue chegar ao ápice do esporte de altíssimo rendimento, se ele estiver sozinho. A gente conta com um grupo de pessoas que trabalham e apoiam esse atleta até a chegada dele no pódio. Por isso, eu digo que essa medalha é de muita gente: do meu marido, que foi meu treinador; da minha família; é também de alguns amigos que me ajudaram nesses momentos; da minha equipe multidisciplinar e é também da Unisanta por ter estado comigo em todos os momentos, tanto bons quanto ruins, principalmente quando eu tive que conviver com lesões”, afirmou.

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Satiro Sodré/SSPress

A medalhista olímpica reconhece que o apoio de sua equipe na época, a Unisanta, foi fundamental para o sucesso nas Olimpíadas. “A Unisanta esteve comigo nesse último ciclo olímpico e foi essencial para eu conquistar os meus objetivos. A Família Unisanta sempre me apoiou, esteve ao meu lado. É uma gratidão eterna que eu tenho dentro do meu coração pelo Dr. Marcelo Teixeira e por toda a Família Teixeira, bem como pela Unisanta, por terem estado comigo nessa conquista que marcou a minha vida”, agradeceu.

Agora fora das competições, Poliana Okimoto espera que o seu feito possa abrir espaço para outras medalhas das mulheres brasileiras na natação. “É uma conquista que deixa um legado, é uma medalha histórica (primeira brasileira medalhista na natação olímpica). A primeira medalha geralmente demora mais tempo para ser conquistada, é um esforço um pouquinho maior, porque a gente não sabe o que tem do outro lado do muro. Mas essa medalha é 100% brasileira. O meu treinador (Ricardo Cintra) é brasileiro, a gente fez toda a preparação dentro do Brasil, então a gente mostra para a próxima geração que é possível. Mostramos para as próximas gerações que o problema não é de ser Brasil, de estrutura, profissionais, não é diferente. Temos muita qualidade aqui e podemos trabalhar isso. A questão é a gente lutar por tudo aquilo que a gente acredita”, concluiu.

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Divulgação/ASSECOM Unisanta

O treinador-chefe da Unisanta e um dos técnicos da natação brasileira que estará nos Jogos de Tóquio, Márcio Latuf enalteceu o feito de Poliana. Na época, ele também esteve no Rio, treinando Ana Marcela Cunha. “Foi um excelente resultado, que está na nossa memória, é o melhor resultado na história do Brasil na natação feminina, uma medalha de bronze inédita. Em 2015, ela foi contratada pela Unisanta, pelo grande faro do nosso presidente Dr. Marcelo Teixeira, que sabia que tendo as duas melhores nadadoras do Brasil em maratonas aquáticas, com certeza uma medalha viria e veio com a Poliana. É um grande feito para se comemorar por muito tempo”, destacou.

Adiamento dos Jogos Tóquio 2020
Latuf, que está em Portugal com a delegação brasileira em período de treinos para as Olimpíadas, lamentou o adiamento dos Jogos de Tóquio 2020, em razão da pandemia do novo coronavírus. “A pandemia atrapalhou muito a preparação dos atletas. Todo mundo estava na fase de preparação final, principalmente em piscina, que a gente tem grande chance”, frisou.

No entanto, com o adiamento das Olimpíadas, o momento é de recolocar os atletas em atividade, visando deixá-los preparados para a disputa no ano que vem – os Jogos de Tóquio, a princípio, devem ocorrer no segundo semestre do ano de 2021, desde que a pandemia da Covid-19 esteja controlada no mundo.

“Começamos a nossa preparação pós-pandemia trabalhando três vezes por semana no primeiro mês. No segundo mês já passamos para (treinamentos) todos os dias da semana, de segunda a sábado. Ainda não começamos a nadar de manhã e à tarde porque temos uma preocupação com o movimento na piscina, que não seja grande, e que a gente possa controlar essa pandemia. Mas em breve estaremos trabalhando de manhã e à tarde, visando às eliminatórias de piscina para os Jogos Olímpicos, que serão em abril de 2021. A preparação já está crescendo e certamente a partir de outubro já estaremos alinhados para essa preparação para os Jogos Olímpicos”, revelou.

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Reprodução

Latuf também valorizou o esforço que tem sido feito por clubes, federações e pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para que os atletas olímpicos brasileiros possam ter a melhor preparação visando as Olimpíadas, mesmo após o corte feito pelo governo federal para o esporte nacional visando os Jogos de Tóquio 2020.

“Sabemos que o governo cortou um pouco o incentivo ao esporte, mas o Comitê Olímpico, as federações e os clubes estão fazendo de tudo para manter o alto nível do esporte brasileiro. Claro que a gente está um pouco atrás como Estados Unidos, alguns países da Europa. Mas é preciso destacar que o Comitê Olímpico trouxe vários esportes para treinar aqui em Portugal, com treinamentos sendo feitos de manhã e à tarde, durante um mês, um mês e meio, dependendo do esporte”, salientou.

Jovens talentos podem surpreender
Experiente, Márcio Latuf confia que jovens talentos da Unisanta podem aproveitar esse um ano de adiamento, para chegarem em altíssimo nível para os Jogos Olímpicos. “Temos o André Calvelo, que foi para o Mundial no ano passado, temos a Gabrielle Roncatto, que foi a mais jovem nadadora de 2016 nas Olimpíadas, e nós temos também o André Pereira, com grandes chances de estar nas Olimpíadas. Ele esteve em 2016 nadando o revezamento. Estou aqui em Portugal com o Victor Colonese, que está treinando para as maratonas aquáticas. Com esse um ano que eles ganharam, temos atletas que vão crescer e vão tentar dominar essas vagas, que para a gente era de outros nadadores”, analisou.

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Divulgação/Assecom Unisanta

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Divulgação/Assecom Unisanta

Chances de Ana Marcela
Latuf também está bastante confiante em relação a Ana Marcela Cunha. A atleta da Unisanta, detentora de cinco títulos mundiais, sendo quatro na prova de 25 Km, e um na de 5 Km, é atualmente a melhor nadadora de maratonas aquáticas do mundo, segundo a revista Swimming World.

Com todo esse currículo de Ana Marcela, o treinador acredita que a nadadora tem tudo para ser uma das medalhistas de Tóquio 2020. “A Ana Marcela está em um patamar diferenciado, é a melhor nadadora do mundo de maratonas aquáticas, com grande chance de medalha. Seria uma coisa inédita para a natação brasileira e também para a Unisanta, o raio cairia duas vezes no mesmo lugar (já que Poliana Okimoto foi medalhista no Rio 2016). Com certeza, vai cair o raio. A Ana Marcela está crescendo muito, fazendo uma preparação muito boa, ela tem um técnico muito bom. Ela vai nadar no dia 12 de setembro na Ilha da Madeira, em Portugal, para começar a entrar no ritmo de competição de novo. Tenho certeza que até agosto de 2021 ela vai estar muito bem”, ressaltou Márcio Latuf.

A medalhista olímpica Poliana Okimoto também confia no potencial de Ana Marcela para ser a próxima medalhista da natação feminina do Brasil nas Olimpíadas. “Acredito que a Ana Marcela entra muito forte para Tóquio. Acredito que ela entra para ganhar a medalha de ouro, isso faz dela uma das favoritas para a prova. A gente sabe que dentro do esporte muita coisa pode acontecer, mas que com certeza ela e a Etiene Medeiros entram muito fortes nas provas que elas vão nadar e, também, o revezamento brasileiro entra pensando em buscar uma final. Acredito que a natação brasileira está evoluindo, mas aos poucos. Acho que ter chance de medalha com a Ana Marcela é positivo para nós, mulheres, porque mostra que o trabalho foi continuado, depois da minha medalha em 2016. Ela mostra que entra mais uma menina com chances de medalha nas Olimpíadas e isso é super importante. A gente fica na torcida para que os Jogos de Tóquio realmente aconteçam e ficamos na torcida pela Família da Unisanta e, também, por todas as brasileiras que forem entrar na água em Tóquio”, comentou.

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Miriam Jeske/COB

 

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Ivan Storti/Divulgação Assecom Unisanta

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