06/01/2025

Jogos de Inverno da Itália terão belos cenários e grandes distâncias

Por Marina Izidro/Folhapress em 06/01/2025 às 08:54

Divulgação
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Patinação artística e hóquei no gelo em Milão, capital da moda. Esqui no charmoso resort de Cortina d’Ampezzo. Cerimônia de abertura no estádio San Siro, casa de Milan e Inter de Milão, e encerramento em Verona, cidade de Romeu e Julieta.

Aliando cultura, história e beleza, a Itália será a sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno que começarão em 6 de fevereiro e 6 de março de 2026, respectivamente. Glamour à parte, a edição indica um novo caminho para o maior evento multiesportivo do planeta, com 3.500 atletas de 90 países.

“Precisamos de uma abordagem realista. Serão Jogos diferentes do que vocês viram no passado”, disse Andrea Varnier, diretor-executivo do Comitê Organizador de Milano Cortina 2026.

“As viagens serão longas e complicadas”, afirmou. “Não significa sediar de forma empobrecida ou frugal, mas sim um esforço para fazermos Jogos modernos que respeitem princípios essenciais em qualquer debate público.”

O modelo é parte da “Agenda 2020” do COI (Comitê Olímpico Internacional), com recomendações a anfitriões dos Jogos, entre elas o incentivo a construir menos. Em Paris-2024, 95% das instalações esportivas eram previamente existentes ou temporárias.

Se os Jogos de Inverno de 2014, em Sochi, foram realizados em duas áreas com distância de 30 minutos e a construção de 11 arenas, os de 2026 serão os mais espalhados da história, ao longo de 22 mil quilômetros quadrados no norte da Itália. Dos 14 locais de competição, 12 já existem ou serão temporários.

Milão receberá a abertura e esportes “indoor”; os de neve serão em três regiões nas montanhas, incluindo Cortina d’Ampezzo. O encerramento olímpico e a abertura paralímpica ocorrerão em um anfiteatro construído há quase 2.000 anos, em Verona.

“Não é que temos Jogos espalhados porque queremos dificultar a vida de todos, nem a nossa”, disse Varnier à reportagem.

“A nova abordagem é adaptar os Jogos ao que já temos, em vez de o contrário. Identificamos instalações existentes, paixão e experiência sobre aquele esporte. Em Milão, são os esportes de gelo. Nas montanhas, fomos aonde estava a melhor pista de esqui alpino, o melhor local para biatlo do mundo, onde pistas já existiam. Estamos tornando-as melhores, mas não é necessário construir tudo do zero.”

Os Jogos ganham em sustentabilidade e trazem um desafio logístico. A reportagem esteve em uma visita promovida pelo Comitê Organizador a instalações esportivas. As quatro regiões de competição do país têm, em média, 300 km de distância entre elas. Ir de trem de Milão a Cortina, por exemplo, leva cerca de cinco horas. Deslocamentos entre vilarejos são em estradas estreitas nas montanhas. Durante os Jogos, o acesso a carros será limitado.

Segundo o Comitê Organizador, o custo total dos Jogos é de € 5,1 bilhões (R$ 32,8 bilhões, na cotação atual) sendo € 3,5 bilhões (R$ 22,5 bilhões) em verba pública majoritariamente para infraestrutura, como estradas e trens, e € 1,6 bilhão (R$ 10,3 bilhões) em investimentos privados.

A reconstrução de um antigo centro de bobsled, skeleton e luge em Cortina d’Ampezzo ao custo de € 118 milhões (R$ 759 milhões) gerou controvérsia. Organizadores cogitaram usar uma pista existente em um país vizinho, mas recuaram. À época, a federação internacional de bobsled e skeleton e o COI demonstraram preocupação com valores, prazos da obra e segurança dos atletas.

Nicola Pech, vice-presidente da ONG Mountain Wilderness Itália, questiona o impacto ambiental do evento.

“O frágil equilíbrio do ecossistema dos Alpes ficará ainda mais comprometido com novas instalações esportivas, neve artificial. Um anacronismo na era do aquecimento global”, disse Pech à reportagem. “É insustentável para a região dos Alpes, que não consegue aguentar mais concreto, estradas, estações de esqui.”

“Examinamos todas as opções”, explicou Varnier. “Ir para um local existente fora do país, estando sediando os Jogos, gera uma série de complicações que vão além das distâncias que temos aqui. E os custos são muito altos no final. E faz mais sentido ter os atletas lá [em Cortina], proporcionando uma experiência melhor para eles.”

Em dezembro, os organizadores anunciaram a marca de 70 mil inscritos para o programa de voluntários. Neste mês, a Itália deve ser confirmada como sede dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude de 2028.

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