Clubes tiram o pé na discussão sobre veto ao sintético no Brasileirão
Por Igor Siqueira e Rodrigo Matos/Folhapress em 12/03/2025 às 16:06

Os clubes tiraram o pé do acelerador e não vão colocar em votação no conselho técnico desta quarta-feira (12), na CBF, a hipótese de veto ao gramado sintético no Brasileiro.
O assunto até vai fazer parte da reunião, mas em uma condução que, por ora, não terá como objetivo estabelecer prazos ou barreiras para uso da grama artificial.
A CBF vai apresentar um estudo sobre lesões referente à edição passada.
Os clubes vão sugerir uma abordagem mais ampla e uma discussão que se dê na Comissão Nacional de Clubes, órgão que eles querem fortalecer.
“Gramado sintético está em uma outra subcategoria de produtos. Está mais em uma área ligada à comissão nacional de clubes, para você discutir melhores práticas. Dificilmente seria decidido amanhã (nesta quarta-feira (12))”, disse ao UOL o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap.
O clima na reunião que aconteceu nesta terça-feira (11) entre os clubes -tanto na sede do próprio Flamengo, quanto na CBF- reforçou esse entendimento.
Os dirigentes entendem que é melhor focar em pautas mais amplas, como fair play financeiro e direitos comerciais, do que se engalfinharem por um item apenas do regulamento.
Houve também quem ponderasse a existência de investimentos recentes por parte de alguns clubes no campo sintético.
“Não entra. Não terá votação. Vamos criar comitês para estudar não só as questões do gramado sintético, mas sim a qualidade dos gramados no Brasil. Isso é importante. É muito melhor ter um gramado sintético de qualidade do que nossos atletas estarem jogando nos gramados horrorosos que tem Brasil afora”, disse ao UOL a presidente do Palmeiras, Leila Pereira.
O time paulista é um dos três clubes da Série A 2025 com grama sintética. Além deles, Botafogo e Atlético-MG, em fase final de instalação, terão campos artificiais na temporada. Mas Leila evita classificar a ausência de uma votação nesta quarta-feira (12) como uma vitória palmeirense.
“Não é vitória do Palmeiras. É bom senso. Porque não é possível compararmos. ‘Ah, mas não tem sintético na Premier League’. Mas olha os gramados naturais de lá. Se no Brasil inteiro tivermos os gramados da qualidade da Premier League, eu concordo. Mas aqui no Brasil é uma outra realidade. É uma irresponsabilidade colocar nossos jogadores, que custam uma fortuna, em gramados esburacados. É melhor jogar em gramados sintéticos homologados pela Fifa”, completou ela.
O assunto ganhou força nas últimas semanas após um protesto organizado por um grupo de jogadores nas redes sociais: “futebol profissional não se joga em gramado sintético”, foi o gancho da campanha.
Ano passado, o veto ao sintético não entrou em votação no conselho técnico porque o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, disse que estaria muito em cima da hora para tomar qualquer decisão para o campeonato seguinte.