Briosa perde um mando de campo e é punida com multa de R$ 50 mil após caso de racismo
Por Santa Portal em 06/03/2025 às 10:00

Após julgamento do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) nesta quarta-feira (5), a Portuguesa Santista foi punida com uma multa de R$ 50 mil e perdeu um mando de campo por conta do episódio de injúria racial envolvendo seus torcedores, que ofenderam o goleiro Tom Cristian durante uma partida.
Segundo apurado pelo Santa Portal, o clube foi responsabilizado com base no artigo 243-G, parágrafos 1º e 2º, do Código Penal de Justiça Desportiva. Esse artigo define como infração a prática de atos discriminatórios relacionados a preconceitos por etnia, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou deficiente, e estabelece punições como multa ou até a perda de pontos. A perda de pontos foi impedida pelo advogado do clube, Rafael Cobra, que conseguiu desqualificar a denúncia.
Caso a perda de pontos fosse aplicada, a Portuguesa Santista seria rebaixada diretamente para a Série A3 do Campeonato Paulista. O próximo jogo da Briosa acontece no sábado (8), às 15h, diante do Votuporanguense, em casa.
Cobra deve entrar com um recurso nesta quinta-feira (6) para pedir um efeito suspensivo da perda do mando de campo até que o recurso seja julgado, além de redução da multa.
O caso
O caso de injúria racial ocorreu dia 20 de fevereiro, no jogo contra o São José, em Ulrico Mursa. o confronto foi interrompido aos 76 minutos (31’ do 2T) depois que o goleiro da Briosa foi alvo das ofensas. O atleta disse na delegacia que foi xingado de “macaco filho da p*ta, preto e preto vagabundo”.
Um vídeo de um grupo de 40 a 50 torcedores, gravado logo após o início das ofensas racistas, foi entregue ao delegado. “Na hora dos xingamentos, Tom estava de costas e não viu quem o insultou, mas os outros jogadores conseguiram visualizar aquele que começou tudo e o identificaram na filmagem”, contou a autoridade policial.
A partir dessa identificação visual, os investigadores do 2º DP realizaram diversas pesquisas em “fontes abertas”, que incluem redes sociais, e descobriram o nome, o endereço e outros dados do acusado.
Torcedor negou
O torcedor prestou depoimento no dia 24, no 2º DP de Santos. Ele também é negro e negou qualquer manifestação preconceituosa contra o atleta.
Segundo o suspeito declarou ao delegado Marcelo Gonçalves da Silva, além de não proferir ofensa decorrente de raça ou de cor contra o goleiro ou qualquer outra pessoa, não teria lógica alguma ele realizar insultos com viés racista porque é negro. Com 30 anos de idade e vistoriador de contêineres, ele mora em Guarujá e não teve o nome divulgado.
O investigado admitiu que “torcedores”, sem revelar nomes, xingaram o goleiro de “filha da puta” e outros palavrões, mas sem cunho racista.
O torcedor contou que apenas soube dos insultos racistas pelo policiamento do estádio. Após o término da partida por causa da confusão, ele ainda permaneceu com outros torcedores por mais dez minutos no local. O objetivo do grupo era identificar quem na arquibancada teria feito os insultos racistas, mas ninguém presenciou ou ouviu essa ação.