Atacante maranhense do Jabuca viajou três dias de ônibus em busca de sonho

Nascido em Lago Verde, no interior do Maranhão, o atacante Léo viajou sozinho de ônibus durante três dias para chegar de sua cidade natal até Santos, em busca de um sonho. Apesar de hoje ser jogador do Jabaquara, ele não veio diretamente para jogar pelo clube e, muito menos, para o Santos FC.

Em São Vicente, o “Parceiros da Bola” é um projeto social que tem a intenção de ajudar na formação de atletas. A ONG é dirigida por Marinilson Souza, mais conhecido como Nilson, e o local foi o primeiro destino de Léo.

“O Antônio, irmão do treinador da escolinha de futebol que eu jogava, me ajudou. Ele conversou com o Nilson e me levou direto para o projeto no ano passado. Fiquei cerca de quatro meses no alojamento e treinando com o time”, disse o jovem.

“Sou filho de mãe solteira. Lá, eu morava com ela, meus avós e meu irmão. Eles juntaram dinheiro e pagaram a minha passagem, mas ficaram no Maranhão. Vim para Santos sozinho para tentar mudar de vida, porque minha família não tem condições. Meu maior sonho é poder ajudá-los, dar uma vida melhor para a minha mãe”, completou.

O alojamento do Parceiros é uma casa simples, com quartos compartilhados e sustentado por doações e investimento de Nilson, que tira do próprio bolso. A equipe treina no Campo do Itararé ou na praia, em frente ao gramado, em São Vicente. Além disso, o time disputa torneios regionais e amistosos.

Foi um desses amistosos que levou o atacante a dar um passo maior na carreira. O Parceiros fez um amistoso com outro projeto social, em que Léo jogou. O atual treinador do Jabuca, Adriano Piemonte, assistiu à partida e decidiu levá-lo direto para o clube.

Jabaquara

O atleta está há menos de quatro meses no time. Chegou quando o elenco estava sendo formado para a disputa da Segunda Divisão do Paulistão, mas já vive um momento especial na carreira. Logo na sua estreia no campeonato, marcou o primeiro gol da vitória por 3 a 0 diante do Ecus, em jogo válido pela primeira rodada do returno.

“A estreia pelo profissional foi a realização de um sonho. Batalhei bastante para chegar até aqui e, graças a Deus, logo na estreia fui abençoado ao marcar um gol. Não consigo explicar a sensação de marcar esse gol. Mas o foco é conseguir o acesso junto com o título para o Jabaquara”, disse

Nascido em 2003, ele treina com os profissionais e começa a receber oportunidades no torneio, mas joga também as partidas do Paulistão sub-20. Léo fala que recebe todas as condições possíveis para poder trabalhar e desempenhar suas funções. “Treino no profissional e desço para disputar os jogos pelo sub-20. Os treinos são todos os dias, às vezes no Jabaquara, outras no Portuários, uns dias no período da manhã e outros à tarde”.

“O Jabaquara tem uma boa relação com os atletas. Eles pagam salário para todos os jogadores. Fora o salário, nos ajudam com o que estivermos precisando, também”, completou

O atacante provavelmente será titular contra o Mauaense, neste domingo (5), às 15h, pela segunda rodada do returno do Paulistão Segunda Divisão. E, apesar de o Leão da Caneleira ter feito três gols na semana passada contra o Ecus, a equipe tem o pior ataque do campeonato, com apenas cinco gols marcados. Já o adversário desta semana tem a segunda melhor defesa do torneio, com seis gols sofridos. 

“É difícil explicar o motivo de sermos o pior ataque do campeonato, porque quem assiste aos nossos jogos percebe que as maiores oportunidades são nossas, mas infelizmente não estamos conseguindo finalizar bem a jogada. Apesar da vitória na semana passada, vimos os erros e creio que, nesse segundo turno, vamos fazer mais gols e conseguir a classificação”, contou.

“A torcida do Jabaquara pode esperar um time ofensivo, com bastante raça. Iremos brigar até o final para conseguir levar o Jabaquara onde ele merece, que é o acesso e conquista do título”, completou.