Queiroga diz que ministério estará à disposição de novo governo para transição

Por Thaísa Oliveira/Folhapress em 01/11/2022 às 17:00

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta terça-feira (1º) que a pasta estará à disposição para a transição, e que o governo de Jair Bolsonaro (PL) deverá tratar a questão “com a devida responsabilidade”.

“O tempo da política é diferente do tempo da gestão. Nós tivemos eleições no país. Naturalmente que o governo federal deve tratar essas questões com a devida responsabilidade que lhe compete, como tratou todos os temas desde o início da atual gestão”, disse.

“Da parte do Ministério da Saúde, estaremos à disposição para prestar todos os esclarecimentos que couberam, e para que as políticas públicas de saúde possam ser continuadas sem qualquer tipo de prejuízo para a população brasileira, o que não temos dúvida nenhuma que acontecerá”, completou.

Com o silêncio do presidente Jair Bolsonaro sobre a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o comando da campanha petista tem tentado se preparar para um cenário de pouca colaboração do atual governo. O TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu criar um comitê para supervisionar o processo.

Questionado sobre a carga de ovos destinada à produção da vacina da gripe, retida em meio à paralisação de caminhoneiros na altura da cidade de Jundiaí (SP), o ministro afirmou que é responsável por “vigilância em saúde”, e não “vigilância rodoviária”.

“O Ministério da Saúde é responsável por vigilância em saúde, não vigilância rodoviária. Se não me engano, o egrégio STF já se manifestou sobre esse assunto e esperamos que aconteça a liberação do fluxo de automóveis nas estradas brasileiras para que consigamos restabelecer todas essas agendas.”

O Instituto Butantan -que fornece ao Ministério da Saúde 80 milhões de doses de vacina contra a Influenza por ano- afirmou que a retenção do carregamento pode prejudicar a produção de 1,5 milhão de doses. A carga retida contém 520 mil ovos.

A declaração do ministro ocorreu durante o lançamento do plano de resposta para detecção e combate a eventual surto de poliomielite, em Brasília. O Brasil está livre da pólio há 32 anos, mas, assim como outros países, corre o risco de enfrentar o ressurgimento da doença.

As metas do plano são: garantir a ampla cobertura vacinal; fortalecer os laboratórios e a vigilância epidemiológica das paralisas flácidas agudas; e desenvolver a capacidade de resposta de estados e municípios.

O secretário executivo do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Jurandi Frutuoso, apontou três motivos para a possível volta da doença: diminuição vacinal, em meio ao crescimento do movimento antivacina, desinformação e baixa percepção de risco.

“Vamos chorar e gemer quando tivermos o primeiro caso, a primeira vítima. Aí será tarde porque já aconteceu. A cobertura [vacinal] está baixa em praticamente todas as vacinas. Já tivemos investigações de paralisia flácida. O que estamos esperando mais? Que aconteça?”, questionou.

“Toda entidade que tenha raízes no Brasil como um todo tem que participar dessa tarefa. Eu não vi aqui uma, o Ministério Público, que também tem que ser chamado. Tem uma coisa que deve ser olhada bem de perto e que se chama fake news. Tem gente fazendo movimento [antivacina] com compensação monetária, e nós temos que enfrentar.”

No mês passado, o ministério e a secretaria de saúde do Pará descartaram um caso suspeito no município de Santo Antônio do Tauá. O vírus foi encontrado nas fezes de um menino de três anos que teve paralisia flácida aguda. A investigação apontou que houve um erro na vacinação da criança.

Neste ano, a campanha nacional de vacinação contra a pólio foi encerrada em setembro com 54% do público-alvo vacinado. Mesmo assim, as vacinas do calendário nacional seguem disponíveis nos postos de saúde. A meta de cobertura vacinal em crianças menores de 1 ano não é atingida desde 2017.

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