Eduardo Leite é alvo único entre candidatos ao Governo do RS
Por Caue Fonseca / Folha Press em 23/08/2022 às 08:54
Ao final do debate na Rádio Gaúcha, na manhã de segunda-feira (15), o terceiro realizado entre candidatos ao Governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) encerrou sua participação com uma declaração irônica: “Os gaúchos me conhecem. Sabem que eu trabalho pela união, e não pela divisão. Aliás eu consegui promover uma união entre os candidatos aqui. Contra mim”.
A fala do candidato tucano é um resumo da situação eleitoral no estado. Embora a distância entre Leite e o segundo colocado, o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), não seja tão ampla -Leite tem 32% das intenções de voto, ante 19% de Onyx, conforme o Ipec da semana passada-, todos os adversários admitem a liderança do tucano no primeiro turno da disputa.
Com a conturbada adesão do MDB à chapa, Leite ganhou o que faltava na coligação que já contava com PSDB, Cidadania, União Brasil, PSD e Podemos: capilaridade no interior.
O MDB é o segundo partido com mais prefeituras gaúchas (134), atrás apenas do PP (143). O PL, de Onyx, por exemplo, tem apenas 10. O PT do terceiro colocado nas pesquisas -Edegar Pretto, com 7% das intenções de voto- tem 23 prefeituras.
Até aqui, o único caminho assinalado pelos rivais para crescer nas intenções de voto é o de tentar desidratar o ex-governador.
“Eu acredito que Leite estará no segundo turno, sim, mas que a direita do Rio Grande do Sul é forte o suficiente para derrotá-lo. Quem votou no Leite, não vota de novo. O Onyx pode não ser tão simpático, mas é um homem leal e de palavra”, disse Luis Augusto Lara, ex-deputado que coordena a campanha do PL.
A frase sobre Onyx é por si só uma alfinetada em Leite, que havia prometido em 2018 não concorrer à reeleição. O tucano também será cobrado por ter renunciado ao governo, em março, como uma última tentativa de se cacifar à Presidência da República. A mudança de discurso de Leite também pautou o slogan de Pretto, que é “palavra de gaúcho”.
Exposição
Pretto conta com a exposição de Lula para crescer nas intenções de voto, mas não pretende antagonizar neste momento com os candidatos bolsonaristas -além de Onyx, está na disputa Luis Carlos Heinze (PP), que soma 6% das intenções de voto, conforme o Ipec.
O principal desafio do petista é evitar que o eleitorado de esquerda vote em Leite desde o primeiro turno para evitar uma vitória do bolsonarismo, o chamado voto “Luleite”.
Vencedor de uma disputa com o PSB pela cabeça de chapa, o petista conseguiu trazer para o seu palanque o PSOL e o ex-governador Olívio Dutra, que concorre ao Senado.
Com isso, Pretto espera crescer entre o eleitorado de esquerda das grandes metrópoles, sobretudo nos 14 municípios da região metropolitana de Porto Alegre, onde estão quase um terço do eleitorado gaúcho -2,7 milhões dos 8,5 milhões de eleitores do estado.
Já no espectro da direita, deputados do PP apostam que a candidatura de Onyx “larga no teto”. Ou seja: na melhor das hipóteses, ela se mantém pela insistência da militância bolsonarista, mas pode também minguar e levar o bolsonarismo a procurar abrigo na candidatura de Heinze.
Ligado ao agronegócio do interior, o senador vem ajustando o discurso aos temas urbanos. Mais uma vez, atacando Leite.
Em debate da Rádio Gaúcha, foi o senador quem trouxe à tona um dos piores indicadores do governo Leite: a evasão escolar de 10,7% no ensino médio.
O índice é quase o dobro da média nacional (5,6%) e coloca o Rio Grande do Sul na quarta pior posição no ranking dos estados. É ainda o pior índice desde 2012.
Há outras vidraças do atual governo, como a polêmica adesão do estado ao regime de recuperação fiscal, que vem sendo criticada até por Onyx, que integrou o governo.
Disputam ainda o governo do Rio Grande do Sul os candidatos Vieira da Cunha (PDT), Vicente Bogo (PSB), Roberto Argentina (PSC), Ricardo Jobim (Novo), Rejane de Oliveira (PSTU), Paulo Roberto (PCO) e Carlos Messalla (PCB). Todos eles pontuaram abaixo de 3% na última pesquisa do Ipec.