Bolsonaristas entram em parafuso com vídeo do presidente com maçonaria
Por Folha Press em 04/10/2022 às 17:54
“Bom dia, amigos, eu vi uma notícia que nosso presidente é maçom, estou muito desapontado”. Esse é um dos comentário que exemplifica parte da decepção de alguns bolsonaristas em grupos de Telegram nesta terça-feira (4), quando um vídeo de Jair Bolsonaro (PL) discursando a maçons voltou a circular na internet.
“O Bolsonaro é maçom?”, “Vocês sabem se esse vídeo de Bolsanaro na maçonaria é verdade?”, “A maçonaria criou o comunismo”, “Não acredito que fiz campanha por quatro anos para um maçom”, “Em perfil de maçom eu passo longe. Lixo satanista!” e “Pessoal, o vídeo é verdadeiro, não adianta negarmos. A pergunta que fica agora é: por que o nosso presidente está participando de cerimônias maçom?” são amostras dos comentários de frustração em grupos pró-governo.
Vídeos de um canal do YouTube com títulos “Maçonaria Inimiga da Igreja” também foram disseminados nos grupos, acompanhados de comentários que a associam ao comunismo.
Diante da onda de dúvidas e desapontamento, militantes logo começaram a divulgar mensagens tentando conter o dano ao explicar que Bolsonaro estava fazendo campanha.
“Petralhas estão postando vídeos e mensagens mentirosas sobre Bolsonaro: maçonaria e satanismo. Fiquem espertos e não caiam nessa!”, “Ele não é maçom, nunca foi!”, “É um vídeo antigo, quando ele nem era presidente! E foi apenas discursar” e “O cara só foi pedir voto e vocês aí falando isso, Bolsonaro não é maçom. Precisamos de ajuda!”.
Além do vídeo, a ofensiva digital contra Bolsonaro passou a divulgar fake news com montagens do presidente associando-o ao demônio.
“O plano oculto de Bolsonaro foi descoberto pela igreja, a manda da maçonaria, o Bolsonaro quer implantar o chip da besta na população crente, em aliança com George Soros, Mark Zuckerberg e iluminatis”, diz uma mensagem.
Para defender o presidente, várias pessoas justificaram que o vice Hamilton Mourão (Republicanos), eleito senador pelo Rio Grande do Sul, é maçom e que Bolsonaro precisava dialogar com todos para conseguir se eleger. Eles usam uma reportagem da Folha de S.Paulo, de 2018, que relata que o vice é maçom há 20 anos e que incluiu em sua campanha visitas a templos dessa fraternidade de homens.
“Corremos o risco mais sério, tão mais grave que a corrupção, que é a questão ideológica”, discursa Bolsonaro no vídeo do templo, sem data, e com logo do “Canal de Notícias Políticas”, que não tem mais página no Facebook.
O discurso de Bolsonaro sugere que o período seja anterior à candidatura de 2018: “Não estou como candidato a nada, há dois anos e meio resolvi andar pelo Brasil. Saí da zona de conforto que é um mandato parlamentar”, afirma.
A Folha de S.Paulo mostrou que a campanha deve usar as imagens caso Bolsonaro suba o tom da campanha. Os termos “maçonaria”, “decepção” e “Bolsonaro satanista” estão na lista dos assuntos mais comentados do Twitter.
O segundo dia de campanha para o segundo turno da eleição mostra que ataques envolvendo questões religiosas serão explorados na disputa por votos. A campanha do PT é alvo do vídeo manipulado que mostra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizendo que faria pacto com o demônio.
O vídeo é de um evento de agosto de 2021, quando Lula estava em cima de um palco na Senzala do Barro Preto, sede do bloco afro Ilê Ayê, em Salvador. Ele dizia ao público que bolsonaristas espalhavam que ele tinha relação com demônio, que falava com demônio e que o demônio tomava conta dele.
A fala foi editada e tirada de contexto, dando a entender que Lula referia-se a ele próprio: “Me entregaram Xangô. Relação com demônio. Eu estou falando com demônio. E o demônio está tomando conta de mim”.
Ainda em 2021, o vídeo foi publicado nas redes sociais por Rômulo Quintino (PL), vereador de Cascavel (PR), e amplificado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL), que compartilhou o post com a mensagem “envie esse vídeo a sua liderança religiosa e pergunte o que ela pensa disso. A guerra é também espiritual”.
O PT entrou na Justiça solicitando a remoção do vídeo, mas o caso ainda não foi julgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).