Bandeira do Brasil substitui material de campanha em SC e vira selo de bolsonarismo

Por Caue Fonseca / Folha Press em 13/10/2022 às 09:38

Bruno Santos/Folhapress
Bruno Santos/Folhapress

Mesmo que Jair Bolsonaro (PL) tenha conquistado 56% dos votos em Chapecó, no oeste de Santa Catarina, é raro se deparar na cidade com um adesivo do presidente e candidato à reeleição.

Mais raro ainda é encontrar material de campanha de Jorginho Mello (PL), nome bolsonarista ao governo do estado contra Décio Lima (PT). Lá, onipresente mesmo, durante as eleições, é a bandeira do Brasil.

Turbinado pelos atos do 7 de Setembro, o símbolo está em sacadas e janelas de casas e carros, tornando-se um rótulo de que naquela residência, veículo ou estabelecimento comercial há um eleitor de Bolsonaro.

A princípio uma marca dos protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, o símbolo nacional foi apropriado pelo bolsonarismo e hoje aparece como trunfo visual da campanha.

Uma loja de estofados no centro na cidade cuja proprietária preferiu não se identificar vende modelos que vão de R$ 49 a R$ 400, a depender do tamanho e do material de fabricação. As mais caras são as fabricadas com tecido resistente e que têm o símbolo nacional estampado na frente e no verso, ideais para serem hasteadas.

Segundo a dona do estabelecimento, as vendas das bandeiras, oferecidas na loja desde o 7 de Setembro do ano passado, explodiram em 2022. A expectativa dela é que a procura aumente com uma eventual reeleição do presidente e a participação do Brasil na Copa do Mundo, que começa no final de novembro.

Nas lojas da Havan, cujo dono, Luciano Hang, é apoiador de Bolsonaro, a bandeira está por todos os lados, em camisetas, mantas, bolas de futebol e de vôlei, almofadas, copos e capacetes de moto e de bicicleta.

Assim, o símbolo nacional vai tomando o lugar da Estátua da Liberdade nos materiais de divulgação da Havan. Na parte externa das duas lojas em Chapecó, há bandeiras do Brasil em vez do ícone americano.

Em julho, a juíza Ana Lúcia Todeschini Martinez, titular de um cartório eleitoral na região das Missões, no Rio Grande do Sul, gerou polêmica em uma entrevista ao afirmar que a bandeira havia se tornado uma marca de “um lado da política” e, portanto, deveria obedecer a regramentos eleitorais.

No dia seguinte, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul decidiu que símbolos nacionais não poderiam ser considerados objetos de cunho partidário.

Na ocasião, Bolsonaro postou no Twitter que restringir a bandeira do Brasil seria “absurdo”. “Não tenho culpa se resgatamos os valores e os símbolos nacionais que a esquerda abandonou para dar lugar a bandeiras vermelhas.”

Ainda antes do início oficial da campanha, artistas ligados à esquerda tentaram promover o que chamaram de um resgate da bandeira brasileira, para desvinculá-la do bolsonarismo. Até agora, em vão.

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