27/07/2021

Rita Lee é tema de série de podcasts que estreia hoje nas plataformas

Por Santa Portal em 27/07/2021 às 11:52

Divulgação
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Se “Rita Lee” fosse um verbete no dicionário, sua definição seria: deusa, mestra, fenômeno, guru, atual, extraterrestre, nave-mãe, corajosa, ousada, livre. Esses são apenas alguns dos adjetivos que aparecem no depoimento de artistas, admiradores e profissionais da arte e da mídia em série de podcasts sobre Rita. Produzida pela Universal Music, “Identidade Musical – Rita Lee” terá quatro episódios, que chegam às plataformas a partir de terça-feira (27).

Cada episódio tem um tema: o primeiro fala do início da carreira; o segundo, do sucesso, quando foi coroada pelo público; o terceiro nos traz a influência de Rita na vida das pessoas e, por fim, o quarto fala sobre a parceria com Roberto de Carvalho, um caso de amor que elevou o pop/ rock a outros patamares.

Tom Zé, parceiro de Rita na Tropicália, escancara logo no começo: “O que seria do pobre do tropicalismo se não fosse Rita Lee? Ela é uma pessoa tão acesa, tão ligada (…) é a mais fiel figura tropicalista”.

Beto Lee, o filho mais velho, músico, e que tocou com os pais durante anos, também chama a atenção para as experimentações da mãe: “Rock sempre esteve presente na vida dela. Assim como Carmen Miranda”.

Com depoimentos cheios de paixão e de admiração, Roberto de Carvalho aponta para o frescor que Rita trouxe à cultura. “(Era um) discurso ousado. Criativo, genial e novo”.

Roqueiro da época em que Rita dava seus primeiros passos – e o primeiro a realmente dar um espaço importante aos Mutantes na TV, ajudando inclusive a escolher o nome do grupo – Ronnie Von fala de uma das grandes características de Rita como compositora: “Ela sempre brincou muito com situações históricas, sempre brincou muito com palavras e com as relações humanas”.

Letrux cita “Mamãe natureza” (1974, “Atrás do Porto Tem Uma Cidade”), que Rita aponta como sua primeira canção solo, já acompanhada do Tutti Frutti: “Tanto a música quanto a letra me abraçam de maneira muito reveladora”.

Roberto situa essa época do início ao dizer que “rock no começo era gueto, não era um fenômeno de mainstream”. E Paula Toller arremata, sobre as músicas de Rita: “Era uma coisa com uma cara brasileira. Aquilo determinou tudo o que foi feito depois”.

“Modestamente, eu acho que abri bastante avenidas. Comecei a fazer um rock ‘brasilês’”, diz a própria Rita, em luxuosa participação no podcast.

Em um divertido depoimento, Nelson Motta admite que a primeira coisa que lhe chamou a atenção, quando viu “aquela garota loirinha” pela primeira vez no fim dos anos 60, foi sua beleza. “Fiquei louco. Eu e todo mundo”. Mas, poucos minutos em ação, provaram outro ponto: “Ela é um fenômeno. Ela é a verdadeira mulher maravilha”.

Os episódios são recheados de histórias deliciosas, como quando João Gilberto quis cantar com Rita; quando Roberto fala do início do namoro e até de quando Rita conta do disco voador que viram juntos, da janela do apartamento do casal, nos anos 70.

Vulcão

Rita, além de comentar que tudo em sua carreira foi muito orgânico – sem a preocupação de estar fazendo um hit ou não – relembra como nasceram os grandes clássicos ao lado de Roberto: “Tinha filho mamando no peito, Roberto tocando piano, eu escrevendo, cachorro e gato passando (….) A gente era um vulcão! A gente não parava (de compor)”.

Xuxa Meneghel – que confessa que só canta Rita no karaokê – aponta um fator raro para artistas com muito tempo de carreira: a renovação constante do público de Rita. “Acho tão lindo eu sempre ter sido apaixonada por ela e agora a minha filha, Sasha, ser apaixonada também. As décadas passam e ela continua sendo esse ícone. Rita Lee, para mim, é uma grande mestra. Uma baita de uma guru”.

Da nova geração, temos depoimentos de artistas como Gloria Groove e das meninas do duo Anavitória. “O discurso da Rita é muito real. Sem contar que ela está sempre à frente, tudo o que ela já soltou é muito atual. Rita abriu as portas para a coragem. Na época (em que ela estourou), era um discurso muito novo para uma mulher”, diz Ana Caetano.

E Gloria concorda: “A importância de uma mulher, com esse espaço na música brasileira, quebrando tabus! A liberdade da Rita me inspira demais”.

Inspiração que arrebatou Mel Lisboa, quando ela interpretou Rita, com total entrega, em um musical de sucesso. E que ficou mais de dois anos em cartaz com casa cheia. “A gente fica tão encantada, que chega um momento em que falei: eu queria ser a Rita!”.

Marisa Monte engrossa o coro, ao admitir que Rita “arrombou a festa” de sua vida quando ouviu suas músicas pela primeira vez. “Falando sobre emancipação, liberdade da mulher – dentro de um meio extremamente masculino que é a música”.

João Lee, filho do meio de Rita e Roberto, DJ e produtor, foi um observador privilegiado ao testemunhar clássicos nascendo: “O que eles querem é contar um pouco de si para o mundo”. Engenheiro de som de diversas obras-primas do casal, Moogie Canazio resume: “A impressão que tenho até hoje é a de que ela quer ser muito fiel ao que está passando dentro dela”.

E, como explica o produtor Guto Graça Mello, tudo com total liberdade. “Eu era da Som Livre e nunca teve uma palavra do João (Araújo, diretor e fundador da gravadora) de ter que vender, de como ia ser o disco… Rita e Roberto tinham a liberdade total de entrar no estúdio e fazer seus discos. Lá dentro (na gravadora), a gente tinha a certeza de que sairia algo genial”.

Mas chega de dar spoiler do conteúdo e vamos citar aqui mais participações especialíssimas da série: Branco Mello, Fernanda Abreu, Fernanda Takai, Marina Lima, Sarah Oliveira, Silvia Venna… A apresentação é de Adriana Penna. Não dá para perder. Autocitação é meio cafona, eu sei. Mas, eu mesmo disse isso no podcast e quero deixar aqui, bem claro, para quem quiser ouvir – ou ler: não existe artista nesse universo que seja mais completo e importante do que Rita. Sorte a nossa que ela veio parar aqui na Terra.

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