16/06/2023

Manoel Herzog lança livro "A Língua Submersa" em Santos

Por Gustavo Sampaio em 16/06/2023 às 16:48

O escritor Manoel Herzog, 59, fará nesta sexta-feira (16) uma sessão de autógrafos do lançamento do seu livro A Língua Submersa, na Realejo Livros, a partir das 18h. A Realejo Livros fica na Avenida Marechal Deodoro, 2, no Gonzaga, em Santos.

Herzog falou um pouco sobre seu novo livro, além de contar um pouco sobre a relação do livro com a realidade brasileira atual e revelar um pouco dos seus futuros projetos.

O livro se passa na região da Baixada Santista, mas de acordo com Herzog, a região é apenas o recorte escolhido por ele para ser retratado, porque no final o mais importante é falar sobre a crise moral e ética vivida no país.

“A cena se passa na região, mas não fala sobre a crise moral da Baixada Santista. Nossa cidade está precarizada como o país inteiro está precarizado por conta do modelo econômico e político vencido”.

De acordo com o autor, a sua inspiração para escrever o livro foi a realidade brasileira, que vem desde lá atrás, com a escravização dos africanos, a destruição dos povos originários até o momento atual que o país vive.

“Isso obviamente é reflexo dos últimos tempos políticos que o Brasil tem vivido, desde o golpe em cima da Dilma que colocou no poder essa dinastia de políticos corruptos e ultraconservadores e que desembocou nesta última tragédia. Então um futuro distópico que está ligado a destruição dos povos originários, a dizimação do meio ambiente, a priorização do lucro a todo custo, representado no agronegócio, e que já está levando o planeta a consequências dessa natureza”.

No livro é mostrado que existe uma nova grande nação na América do Sul, a Boliviana-Zumbi. A Boliviana-Zumbi é o Brasil atual, uma projeção de um país futuro que passaria pela união dos povos da América Latina. Tudo isso após a destruição ambiental e exploratória do planeta.

Um detalhe da nação Boliviana-Zumbi é o fato de sua língua ser o portunhol. “Entende-se que talvez pela rebelião das nações sul-americanas, que são as grandes prejudicadas nesse processo de exploração que o norte e a Europa fazem, por isso a escolha do portunhol, é um chamado a união dos povos latino-americanos”.

O escritor também falou um pouco sobre a censura de hoje em dia, e como ela se diferencia da censura de antigamente.

“A literatura é um espaço tão menosprezado pelo modelo político, cultural e econômico, talvez seja o único sítio onde você consegue falar o que você quiser porque infelizmente não há política pública de leitura. As pessoas não vão ler, não posso dizer que tenha sofrido uma censura diretamente, mas os artistas no mundo atual sofrem uma censura, a censura da invisibilidade, o caso dos músicos, né? Você pode fazer a obra de maior qualidade que for, o que toca na rádio é o lixo que é patrocinado”.

O autor ainda completou: “então a censura que quem pretenda fazer alguma arte séria é essa, mas assim que te impeça de falar não, hoje você tem até a liberdade de falar, tem um escritor que falou uma coisa muito interessante, o Bernardo Kucinski. Ele falou: ‘trocaram o pau de arara pelo consenso, antigamente se era impedido de falar, hoje você fala, ninguém vai ouvir mesmo’.

Herzog ainda falou sobre futuros projetos, dizendo que boa parte do que queria escrever, já escreveu, mas que ainda tem trabalhos que quer desenvolver.

“Em termos de projetos literários, estou no meu décimo terceiro livro. Creio que boa parte do que pretendia falar, eu já falei, mas isso não quer dizer que tenha a menor intenção de parar de escrever”. 

“Tenho trabalhado atualmente em uma trilogia que, por sinal, o primeiro volume foi publicado no ano passado, Memorial de Fescênia. Ela já está com o segundo volume concluído, que pretendo lançar não este ano, porque A Língua Submersa é o livro que quero trabalhar, talvez ano que vem. Sigo escrevendo O Fecho, que seria o último volume da trilogia, que é um projeto mais leve que o Língua Submersa. Língua Submersa é um livro que pretendo que seja bastante profundo, bastante sério, o Memorial de Fescênia já é um livro mais descontraído, mais humorístico”.

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