Petroleiros da região iniciam greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho

Por Santa Portal em 15/12/2025 às 15:00

Divulgação/Sindipetro LP
Divulgação/Sindipetro LP

A greve nacional dos petroleiros e petroleiras teve início à 0h desta segunda-feira (15), por tempo indeterminado, em resposta à falta de avanços nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e à proposta considerada insuficiente e provocativa apresentada pela gestão da Petrobrás. Na Baixada Santista, a greve começou com impacto imediato nas unidades da região. Ao todo, cerca de 3 mil trabalhadores pararam as atividades em unidades estratégias da região.

Na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), todas as portarias amanheceram fechadas, com piquetes organizados, trabalhadores e trabalhadoras nas entradas e presença ativa do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), além de sindicatos parceiros e organizações sociais. O Sindicato também realiza diálogo com trabalhadores contratados, reforçando que a adesão ao movimento é uma decisão coletiva, livre de qualquer tipo de coação.

De acordo com o sindicato, a paralisação se espalha por toda a base do Litoral Paulista, atingindo a Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA), o Terminal Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião, o Terminal de Pilões, em Cubatão, o Terminal de Santos, a UTE-EZR, também em Cubatão, e a Edisa Valongo. No offshore, a greve está presente nas plataformas P-66, P-67, P-68, P-69, P-70, P-71 e na Plataforma de Mexilhão, evidenciando o caráter nacional do movimento, com FUP e FNP mobilizadas.

Segundo o Sindipetro-LP, a deflagração da greve é resultado de quase cinco meses de negociações sem avanços concretos. A categoria aponta que a proposta da Petrobrás prevê apenas 0,5% de ganho real, limitando-se à reposição inflacionária para parte da categoria e exclui aposentados e pensionistas. Os trabalhadores reivindicam a recomposição das perdas salariais acumuladas desde 2019, além de uma pauta que inclui valorização profissional, saúde e segurança, recomposição de efetivo e o fim de retrocessos nos direitos.

“Mesmo diante dessas reivindicações, a gestão da Petrobrás mantém uma política de priorização do mercado financeiro. Até setembro de 2025, a empresa acumulou lucro líquido de R$ 94,5 bilhões e já destinou cerca de um terço desse valor ao pagamento de dividendos aos acionistas. Para a categoria, trata-se da política do chamado ‘Robin Hood às avessas’, que retira direitos de quem produz para ampliar a remuneração do capital”, diz o Sindipetro-LP.

“Além do arrocho salarial, a proposta da empresa impõe retrocessos concretos, como ataques à AMS, redução de garantias no retorno de férias, manutenção da supressão de folgas em regimes especiais e ausência de avanços no teletrabalho. A gestão também tenta pressionar a categoria ao condicionar o adiantamento da PLR e da PRD à assinatura do ACT até o fim do ano”, destaca o sindicato.

“Diante desse cenário, os petroleiros e petroleiras reafirmam que a greve é um instrumento legítimo e necessário para garantir respeito, direitos e dignidade. Sem uma proposta que valorize quem sustenta os resultados bilionários da empresa, não haverá acordo. A mobilização segue firme em todo o país e sem previsão de encerramento”, completou o Sindipetro-LP.

Por fim, a categoria afirma que as entidades sindicais seguem buscando negociação com a Petrobrás, com o objetivo de evitar impactos à população e assegurar que não haja aumento nos preços dos combustíveis. “No entanto, a empresa mantém uma postura intransigente e se recusa a negociar o contingente mínimo, aprofundando o impasse e a responsabilidade pelo prolongamento da paralisação”, conclui o sindicato.

Petrobras se posiciona

Por meio de nota, a Petrobras informa que foram registradas manifestações em unidades da companhia em virtude de movimento grevista.  A estatal afirma que não há impacto na produção de petróleo e derivados. “A empresa adotou medidas de contingência para assegurar a continuidade das operações e reforça que o abastecimento ao mercado está garantido”, diz o comunicado.

“A empresa respeita o direito de manifestação dos empregados e mantém um canal permanente de diálogo com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas”, acrescenta.

A Petrobras está em processo de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho desde o final de agosto deste ano. Na última terça-feira (9), a companhia apresentou sua última proposta, que contempla avanços aos principais pleitos sindicais. A Petrobras segue empenhada em concluir a negociação do acordo na mesa de negociações com as entidades sindicais.

APS

Procurada pelo Santa Portal, a Autoridade Portuária de Santos (APS) informa que a greve dos petroleiros não teve impacto algum nas operações do Porto na manhã desta segunda-feira. A Transpetro segue suprindo bunker para o abastecimento dos navios normalmente.

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