Percentual de candidaturas femininas cresce em quase toda a Baixada Santista, mas ainda é minoria
Por Marcela Morone em 03/09/2024 às 10:00
O percentual de candidaturas femininas registradas na Baixada Santista cresceu neste ano em relação ao pleito de 2020, segundo levantamento realizado pelo Santa Portal. No entanto, o número de mulheres candidatas continua minoria nos nove municípios, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo.
Segundo os dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as eleições de 2020 contaram com 3.181 candidaturas registradas, das quais 1.053 eram femininas, o que corresponde a 33,1% do total. Naquele ano, 13 mulheres concorreram ao Executivo, mas nenhuma se elegeu no cargo principal.
Para as eleições de outubro deste ano, entre 2.301 registros, 830 mulheres se candidataram, sendo cinco às prefeituras de Santos (Rosana Valle-PL), Guarujá (Thaís Margarido-União), São Vicente (Rosana Caruso-PT), Itanhaém (Profª Poliana Nascimento-PSOL) e Mongaguá (Dra. Márcia-PMB). O número registrado corresponde a 36% das candidaturas totais, um aumento de 3% em relação às eleições passadas.
Percentual de candidaturas femininas por cidade
Cidade | 2020 | 2024 |
Bertioga | 34% | 64% |
Cubatão | 31% | 31% |
Guarujá | 32% | 32% |
Itanhaém | 35% | 37% |
Mongaguá | 31% | 36% |
Peruíbe | 31% | 33% |
Praia Grande | 34% | 35% |
Santos | 34% | 35% |
São Vicente | 30% | 34% |
A cidade que mais registrou aumento foi Bertioga, com 20%. Nas eleições de 2020, a cidade de 64 mil habitantes elegeu duas mulheres para as nove cadeiras da Câmara de Vereadores.
O segundo maior crescimento foi São Vicente, que saltou de 30% para 34%. A cidade não elegeu mulheres para o Legislativo nas eleições passadas. Santos foi a cidade que mais colocou mulheres na Câmara, com três vereadoras. O número caiu para duas quando Audrey Kleys (atualmente no Novo) deixou sua cadeira para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Social. Atualmente, ela concorre como vice-prefeita na chapa de Rogério Santos (Republicanos). Para o próximo pleito, Débora Camilo (PSOL) é a única das três com possibilidade de reeleição, já que Telma de Souza (PT) concorre como prefeita.
À época, Itanhaém e Mongaguá também não elegeram vereadoras. Praia Grande, assim como Bertioga, elegeu duas vereadoras, enquanto Cubatão, Guarujá e Peruíbe escolheram uma mulher cada para a Câmara Municipal.
‘Séculos de exclusão’
A cientista política e professora universitária, Clara Versiani dos Anjos, analisa a falta de representatividade da mulher na política como resultado de um processo que já dura anos. “A transformação de uma realidade social não acontece de uma hora para a outra. Nós estamos falando de séculos de exclusão e de invisibilidade e essa é uma realidade que mudou muito recentemente. Nós ainda temos muitos problemas”, explica.
A percepção de que mulheres não são “preparadas” para assumir cargos políticos também é vista pela cientista política como um dos fatores de impasse. “Não é só no Brasil, há no mundo todo uma tendência. A gente vai encontrar isso mesmo em países muito desenvolvidos, ainda que lá essa tendência seja bem menor do que a gente vai observar em países latino-americanos, por exemplo. Mas há uma tendência mundial de considerar que as mulheres são menos preparadas para cargos executivos ou mesmo para a representação política”, demonstra Clara.
Alinhamento à direita na região
Nos nove municípios da Baixada Santista, candidaturas femininas de partidos ligados à direita (como PL, Republicanos e União) somam cerca de 160 candidaturas. O número é mais que o dobro de candidaturas associadas a partidos de esquerda, como PSOL, PC do B e PT, que somam cerca de 65.
“O PL tem uma bancada muito expressiva na Câmara e isso, evidentemente, se reflete na ação do partido em outras esferas, no caso, para o pleito estadual e municipal. Uma outra coisa também é que, no caso específico do PL, há mesmo uma articulação em torno do PL Mulher, liderado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e também por uma liderança política aqui da região, que é a Rosana Valle”, analisa Clara.
O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro é o segundo partido que mais registrou candidaturas femininas na região, com 54. O PT do presidente Lula registrou 37 e o Republicanos, do governador Tarcísio de Freitas, teve 52 candidaturas de mulheres. O União, que surgiu da fusão entre o Democratas e o PSL, lidera o ranking com 56.