Pacientes denunciam irregularidades no Hospital de Cubatão

Por #Santaportal em 17/05/2016 às 10:04

SAÚDE – Os pacientes do Hospital Municipal de Cubatão afirmam que a falta de médicos e de condições básicas no atendimento no local estão causando mortes. O óbito de um bebê prematuro é um dos casos denunciados pelos parentes dos pacientes. O Secretário Municipal de Saúde rebate as críticas.

A saúde de Cubatão, que estava em Estado de Calamidade Pública, passou para o Estado de Alerta no último sábado (14). Isso ocorreu após a União autorizar o aumento de em 20% no teto do repasse financeiro nos serviços de média e alta complexidade vindos do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com moradores, dois pacientes morreram durante queda de energia elétrica no domingo (15). O gerador, que deveria ser acionado imediatamente, ficou sem funcionar por 20 minutos, ainda de acordo com os denunciantes.O neto de Vanessa Rodrigues era o prematuro que estava internado na UTI neonatal. Ele dependia de aparelhos para respirar e não resistiu.

“A médica tinha falado que ele estava bem. Como pessoas perdem a vida por causa de falta de luz? Ele morreu às 23h45, mas estão falando que foi às 17 horas. Tenho certeza que não foi. Tinha muita gente aqui no hospital e foi postado na internet”, conta.

Benjamim Lopes afirma que o estado de saúde da criança inspirava cuidados e era instável. “Havia risco de morte, pois a criança pesava apenas 700 gramas. Após levantamento de dados, constatamos que o bebê faleceu antes do episódio de corte de luz. As incubadoras possuem uma bateria individual que pode funcionar até cinco horas. O caso não procede. A avó da paciente é moradora de São Vicente e está muito angustiada”.

Uma sindicância foi instaurada para avaliação do caso. Outra denúncia de morte durante a falta de energia é a de uma mulher com quadro respiratório crônico, que, segundo o secretário, também não morreu durante o episódio.

Além da falta de médicos durante o plantão noturno de domingo, pacientes que necessitam de cirurgias ortopédicas ficam internados sem atendimento especializado e encontram falta de equipamentos para realização de exames pré-cirúrgicos.

O padrasto do jovem Antônio Carlos está internado de forma improvisada na unidade há três semanas com a perna quebrada. Ele afirma que precisa de cirurgia, mas não há previsão de quando vão transferi-lo para o outro hospital.”Ele está tomando soro e até agora nada foi resolvido. Eles alegam que o hospital não está pagando os médicos e a máquina de RX encontra-se quebrada”.

Situação parecida vive a dona de casa Gerusa Silva. O enteado dela quebrou o braço e também precisa se submeter cirurgia. Porém, nenhum funcionário do hospital informa uma data para realização do procedimento.”Fizeram exame de sangue e todos os preparativos, mas dizem que falta equipamento e pretendem transferi-lo para Peruíbe. Eu acho que isso é lenda. Como mãe, preciso de uma resposta correta”.

Elizabete Tenez também enfrenta problemas no atendimento ao filho autista. Ela fala que ele sofre de gastrite e não consegue médico especialista para atender o menino.”A rede pública da cidade não tem gastroenterologista. Fui encaminhada para Santos, e lá me informaram que ele deveria ser atendido em Cubatão. Isso causa um desgaste físico muito grande para ele”.

Uma funcionária terceirizada do hospital, que não quis se identificar, denuncia a falta de especialistas e descasos com moradores que precisam de atendimento nas unidades públicas.”O hospital atende 80 leitos, mas se tivermos 30 ocupados é muito. O ambulatório está praticamente fechado porque não tem médicos, infelizmente por falta de pagamento. Tem médicos sem receber desde setembro do ano passado e fazem atendimento somente de pacientes agendados em 2015.As cirurgias emergenciais são feitas apenas por residentes, e cirurgias simples, que levam apenas 1h30, duram até 6 horas.

A justificativa para o problema, de acordo com o secretário municipal, é que existe uma crise na Santa Casa de Misericórdia de Santos, que é o maior prestador de serviços da região, e também na coordenação do governo do Estado.“Uma cidade do porte de Cubatão é apta para cuidar da atenção básica. Doenças de média e de alta complexidade são de responsabilidade dos governos estaduais e federal. Somos a única cidade da Baixada que não tem nenhum equipamento do governo do Estado”, finaliza.

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