Manifestantes se unem contra racismo em universidade de Cubatão

Por Santa Portal em 03/09/2021 às 11:33

arquivo pessoal
arquivo pessoal

Manifestantes se reuniram em frente ao frente ao campus da Universidade São Judas Tadeu, em Cubatão, em solidariedade ao estudante negro que diz ter sido chamado de ‘sujo’ e ‘fedido’ por colega de faculdade. Estavam presentes 20 pessoas com cartazes.

A organização do protesto foi feita por oito entidades de luta antirracista da Baixada Santista. Em nota de repúdio, questionaram sobre o futuro profissional que seria por ter um “repertório de comportamento com atitudes racistas”.

O documento foi assinado também por Conselho Municipal de Igualdade Racial (COMPIR), Educafro Núcleo Cubatão, Coletivo Mulheres Negras no Front, Unificação das Quebradas, Coletivo Original Hip-Hop, G’Z, Unegro Costa da Mata Atlântica, Sindicato dos Trabalhadores em Asseio e Conservação da Baixada Santista (Sindilimpeza).

Em entrevista ao Santa Portal, o estudante Thiago Cassio Fuzzatti dos Santos, de 20 anos, contou que a manifestação foi pacífica e importante, pois mostra a força na luta contra os preconceitos com as minorias.

“É muito difícil e não vem de hoje (a luta). A faculdade e o corpo docente me apoiam e se posicionaram contra qualquer ato discriminatório. Quanto aos meus colegas, alguns estão do meu lado, principalmente quem presenciou a cena. Outros acham que exagerei na denúncia, sendo que é um crime previsto na constituição. Estou lutando pela minha dignidade”, desabafou.

Quanto a relação com o outro universitário, Thiago afirma que não houve contato algum. “Não me ligou para pedir desculpas ou procurar uma forma de resolver amigavelmente. Ele entra nas aulas online, vai em algumas práticas, mas não voltou para a faculdade”, contou.

O caso foi registrado na Delegacia Sede de Cubatão como preconceito de raça ou de cor. De acordo com o advogado de acusação, André Carlos dos Santos, o inquérito policial ainda está em andamento e as testemunhas estão sendo ouvidas. As imagens das câmeras da universidade foram entregues aos investigadores também.

Lembre o caso

Thiago disse que o episódio ocorreu na volta do intervalo entre as aulas no campus da Universidade São Judas Tadeu.“Teve o intervalo da aula e a gente pegou o elevador, para ir ao térreo. Antes de entrar, ele tentou me impedir. Disse: ‘você não vai entrar aqui não, seu sujo’. Ele apertou para descer e eu segurei o elevador. Falei para ele pedir desculpas. Foi quando ele repetiu as ofensas, disse que eu era sujo mesmo”, contou o universitário.

“Me senti muito humilhado, eu só queria chegar lá tranquilo e assistir a minha aula. Quando eu falei para ele pedir desculpas, ele ficou dando risada. Se passaram alguns minutos, ele disse que eu era sujo mesmo, saiu do elevador e desceu de escadas. Umas 15 pessoas viram tudo o que aconteceu e também ficaram indignadas com a situação”, disse.
Segundo Thiago, essa não é a primeira vez que oolega se comporta de maneira agressiva no campus.

“ Infelizmente, não foi a primeira vez. Ele faz umas gracinhas, disse que eu só estava na faculdade por causa do sistema de cotas raciais. Ele falou por diversas vezes que eu era ‘sujo’ e ‘fedido’. Quando eu vou de preto, ele diz que estou pelado. Uma vez ele também chamou uma menina de ‘gorda’ e disse para ela descer de escada para emagrecer”, relatou.

Com a denúncia, Thiago declarou que o seu objetivo é que o suspeito das injúrias raciais pare de ter esse comportamento. “É um sentimento de tristeza você passar por isso numa faculdade, ainda mais no curso de Medicina. Os médicos precisam atender a todos sem discriminação. Quero que ele entenda que não é normal isso, o que ele está fazendo é um crime”, finalizou.

Na ocasião, o Santa Portal procurou o estudante que teria feito as ofensas raciais. A mãe do universitário informou que não vai comentar o caso. A reportagem também tentou contato com o advogado do jovem. Assim que houver um posicionamento da defesa dele, será publicado na íntegra neste espaço.

O Santa Portal entrou em contato com a direção da universidade, que se manifestou por meio de sua assessoria de imprensa.

“A Universidade São Judas, em primeiro plano, informa que repudia qualquer atitude discriminatória realizada contra qualquer pessoa, dentro ou fora da nossa comunidade acadêmica. Sobre o fato ocorrido ontem, a Instituição realizou o acolhimento imediato ao estudante e instaurou uma sindicância para apurar os fatos e tomar as providências cabíveis. A instituição de ensino, na condição de formadora não só de profissionais, mas de indivíduos em sua integralidade, permanece empenhada no seu propósito de ampliar as vozes e a conscientização do tema diversidade e inclusão”, diz a nota.

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