Mocidade Amazonense celebra jubileu de ouro e encerra desfile no último minuto
Por Beatriz Araujo em 11/02/2023 às 03:50
A Mocidade Amazonense transformou a Passarela Dráuzio da Cruz em uma grande celebração de seus 50 anos na madrugada deste sábado (11), no segundo desfile do Grupo Especial do Carnaval de Santos. Com cerca de 1.200 componentes, a escola contou sua história por meio de 17 alas e conseguiu ter seu samba-enredo na boca do povo. Embalada pela energia da retomada, a escola quase estourou no tempo, tendo fechado o desfile aos 55 minutos – último minuto possível.
“É muita alegria. O desfile está maravilhoso e a comunidade voltou [para o Carnaval], abraçou a escola”, ressalta, emocionado, o presidente Leonardo Teixeira ao Santa Portal, durante a expectativa da concentração da passarela.
O vice-presidente Olvacyl Francisco, o Guerreiro, segue em sintonia, tendo fé que este ano do jubileu de ouro pode trazer mais uma vitória para a Amazonense.
“A expectativa é das melhores, queremos ganhar esse Carnaval”, ressaltou o vice-presidente, de 67 anos, que não foi um dos fundadores da agremiação mas tem a Amazonense como parte de sua vida desde a criação da escola.
Para o diretor Sergio Santa Cruz, é motivo de muita satisfação e emoção estar de volta à passarela, encarada como ‘coisa séria’ pela agremiação.
“A escola vem bem formada, bem organizada, comemorando 50 anos. É o feitiço da ilha. Atravessamos o mar do Itapema para trazer à Dráuzio da Cruz toda a alegria do povo do Guarujá e Vicente de Carvalho”, enfatiza.
Desfile
Com o enredo ‘50 anos de uma gloriosa história de amor e tradição’, o desfile da Mocidade Amazonense começou evidenciando as origens da escola, que surgiu da junção do amor pelo futebol e pelo samba. A comissão de frente contou com dançarinos com roupas de futebol e com uma alegoria de bola de futebol que, de tempos em tempos, era aberta e revelava uma passista que se unia à passarela.
A paixão pelo futebol também foi destaque na Bateria Feitiço da Ilha, que teve cerca de 200 ritmistas. Para o Mestre de Bateria Pedro Teixeira, o Pepeu, esse momento foi representado com muita honra e felicidade. Com 40 anos de idade, ele não sabe o que é viver sem a Amazonense.
Desde criança Pepeu carrega a escola no coração e, além disso, sempre morou ao lado da agremiação, no Guarujá. “Pra mim é especial demais fazer parte desses 50 anos. É maravilhoso”, diz ele, que está à frente da Bateria há 7 anos.
Entre os destaques das alas estavam os povos amazônicos, o folclore brasileiro e a ‘Mãe África’, tudo sempre reverenciando a trajetória da Amazonense. As baianas, por exemplo, usavam vestidos brancos e enfeites de bolos de 50 anos na cabeça.
Tensão
No Carnaval Santista, as escolas do Grupo Especial não podem permanecer por mais de 55 minutos na avenida. A Mocidade Amazonense passou por pouco, saindo da passarela Dráuzio da Cruz no último minuto possível. A tensão tomou conta dos componentes, que se ajudaram para conseguir tirar o último carro alegórico da pista a tempo.
“Foi tenso. Mas, graças a Deus, deu tudo certo, no limite. Agora é aguardar a apuração para ver”, ressalta Renato, que compõe a Harmonia da Amazonense. Ele comenta que a escola também teve dificuldades com relação a algumas fantasias que tiveram uma confecção mais demorada do que o esperado. Porém, no momento de saída para o desfile, tudo estava em ordem.
Ficha técnica
Enredo: “Mocidade Amazonense, 50 Anos de Uma História de Amor e Tradição”
Carnavalesco: Renan Carvalho
Diretor de Carnaval: Guilherme Madrugada
Diretor de Harmonia: Ricardo Veneziano
Nº de componentes: cerca de 1200
Nº de alas: 17
Nº de alegorias: 2 carros alegóricos
Bateria Feitiço da Ilha
Mestre de Bateria: Mestre Pepeu (Pedro Teixeira)
Número de Ritmistas: cerca de 200
Rainha de Bateria: Janaína Paiva
Musa de Bateria: Priscila Dias
Princesa de Bateria: Raysa Sayane
Nº de baianas:. 40
Nome do coreógrafo da comissão de frente: Douglas Lelis
Nº de integrantes da comissão de frente: 12
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Kaeo Azevedo e Amanda Acáccio.
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Gustavo e Juliene
Intérpretes: Ricardo Reis (jacaré) e Fred Viana.
Compositores do samba-enredo: Ademarzinho do Cavaco, Lucas Donato, Guilherme Madrugada, Adenilson, Ademar Eugênio, Potrinho do Pandeiro, Dionísio, Lira Poeta, Mestre Pepeu, Pedrinho Madrugada e Alael.
Samba-enredo
50 anos de uma gloriosa história de amor e tradição
Foi na praça da alegria
Que tudo começou
Velho Itapema, um samba de esquina se formou
Do futebol veio a inspiração
Nascia a escola do meu coração
Amazonas das pedras verdes
Nosso primeiro carnaval
Império Serrano abençoou
Meu índio guerreiro…
Em Santos vem mostrar o seu valor
O feitiço da ilha vale ouro
Amazonense minha vida, meu lugar
Um canto negro ecoou
Nessa quizomba eu vou…Mãe África
Tantos carnavais
Sambistas e enredos imortais
Elis, brilha uma estrela
“Da pauliceia à uma viagem encantada”
Dias Gomes a consagração
No circo volto a ser criança
Salve o Nordeste e o Guary-Yá
Com muito orgulho eu vim de lá
Vai desaguar a emoção
Resiliência, superação
Seguindo com fé…
Aos baluartes eterna gratidão.
Vem festejar…
Pode aplaudir, chegou da mocidade
São 50 anos de história
Meu verde e branco é só felicidade
Sobre a escola
Data de fundação: 25 de dezembro de 1972.
Bairro: Vicente de Carvalho (Guarujá)
Cores: Verde e Branco
Presidente: Leonardo Teixeira
Vice presidente: Olvacyl Francisco (Guerreiro)
A agremiação debutou no Carnaval de Santos em 1977, já levando o título do Grupo de Acesso com o enredo “Influências negras no torrão brasileiro”.
Desde então, a Amazonense conquistou dois títulos pelo Grupo Especial – um em 1992 com o enredo ‘Dias Gomes – Uma Epopéia do Teatro Brasileiro’ e outro em 2009, com o enredo ‘Amazonas, manancial das águas’ – e nunca foi rebaixada.
Carnaval 2023
O Santos Carnaval 2023 acontece nos dias 10 e 11 de fevereiro na passarela Dráuzio da Cruz, na Zona Noroeste. Nesta sexta-feira, primeiro dia de desfile, entram Dragões do Castelo, Zona Noroeste, Bandeirantes do Saboó e Vila Mathias, todas pelo grupo de acesso. Na sequência é a vez das agremiações Brasil, Amazonense, X-9 e Mãos Entrelaçadas, como grupo especial.
Já no sábado, segundo dia do evento, a sequência será Padre Paulo, Império da Vila e Imperatriz Alvinegra pelo grupo de acesso. Depois, no grupo especial, entram na passarela Sangue Jovem, Unidos dos Morros, Real Mocidade, Independência e União Imperial.
O Sistema Santa Cecília de Comunicação transmite, em multiplataforma, os desfiles do Santos Carnaval 2023, contando com mais de 100 profissionais envolvidos na cobertura.
Pela Santa Cecília TV, que transmite o evento há 27 anos, é possível acompanhar os dois dias de desfiles com comentaristas, ficando por dentro do que acontece nas arquibancadas, nas concentrações e dispersões, direto da passarela. Pelo ao vivo, serão exibidos na íntegra os desfiles do grupo especial.
A cobertura também está sendo feita em tempo real pelo Santa Portal, que tem produzido reportagens especiais sobre cada uma das agremiações.
Apuração
De acordo com a Liga Independente Cultural das Escolas de Samba de Santos (Licess), a apuração dos desfiles será realizada na terça-feira (14), a partir das 12h, no Teatro Municipal de Santos (Av. Pinheiro Machado, 48 – Vila Mathias), começando pelo Grupo de Acesso e encerrando com o Grupo Especial.
Dentro de seus respectivos grupos, as escolas de samba serão julgadas em nove quesitos: bateria, enredo, samba-enredo, comissão de frente, fantasia, alegorias, evolução, harmonia e mestre-sala & porta-bandeira.
Cada grupo conta com três jurados distribuídos no início, meio e fim da Passarela do Samba Dráuzio da Cruz durante os desfiles. As notas de cada jurado poderão ser dadas de 9 (nove) a 10 (dez), com variação a partir de 0,1 (um décimo). A menor das três notas recebida pela agremiação em cada quesito será descartada na totalização dos pontos.
A última colocada do Grupo Especial será rebaixada ao Acesso, que, por sua vez, terá sua campeã promovida à elite do Carnaval Santista em 2024. A decisão foi tomada no último dia 13, durante assembleia entre os presidentes das agremiações.
Neste Carnaval da retomada, excepcionalmente, a pontuação mínima de 170 pontos não será exigida das escolas de samba do Grupo de Acesso para que se mantenham na disputa para o ano seguinte.