09/04/2023

CURSO

Santos a contrapelo

Por Alessandro Atanes em 09/04/2023 às 17:50

Curso reúne estudos históricos sobre a cidade realizados no século XXI 

A Associação Cultural José Martí da Baixada Santista promove entre abril e maio o curso Santos a contrapelo: a História da cidade pelo avesso, com o jornalista e mestre em História Social Alessandro Atanes, autor de Esquinas do Mundo: Ensaios sobre História e Literatura a partir do Porto de Santos e titular aqui da Estante. A ideia do curso é apresentar aos participantes um conjunto de obras sobre a cidade publicadas ao longo do século XXI, como se fosse um guia histórico. Os encontros vão acontecer aos sábados, a partir de 15 de abril, das 16 às 18 horas, na sede da associação, na Rua Sergipe, 15, Casa 2, no Gonzaga.

O curso é formado por uma aula aberta, gratuita, a ser realizada no dia 15, e mais quatro encontros a partir do dia 29. O valor do curso é de R$ 150,00, com direito a um exemplar do “Esquinas do Mundo”. Mais informações e inscrições pelo email josemarticultural@gmail.com ou pelo formulário. O pesquisador pode ser acompanhado nas redes sociais como Alessandro Atanes no Facebook ou @notas.do.atanes no Instagram.

O curso também comemora os 10 anos de lançamento do Esquinas do Mundo… As aulas reúnem temas com os quais Atanes se deparou ao longo de mais de 20 anos de pesquisas e está organizado da seguinte maneira:

Dia 15/4 (aula aberta): Da identidade à ambiência: as leituras que me formaram

Dia 29/4:De Barcelona Brasileira a Dubai do Brejo: História dos Trabalhadores

Dia 6/5: Imigração e urbanização: as relações de força dentro da cidade

Dia 13/5: Personagens a contrapelo: Braz Cubas, Vicente de Carvalho, Saturnino de Brito e Patrícia Galvão

Dia 20/5: Conclusão: novos problemas, novos temas, novas abordagens

Um pedaço da Estante do Atanes

“Assim como tivemos obras que marcaram os anos 90, como Ventos do Mar:: Trabalhadores do Porto, Movimento Operário e Cultura Urbana em Santos, 1889-1914, de Maria Lucia Caira Gitahy, ou Uma cidade na transição – Santos: 1870-1913, de Ana Lúcia Duarte Lanna, minha intenção é apresentar os estudos mais importantes realizados desde a virada do século que seguem essa tradição de estudos históricos de qualidade sobre a cidade, com obras publicadas por editoras como a Edusp, Imprensa Oficial ou a Editora da Unicamp.

Entre os livros, Atanes destaca A “Moscouzinha” Brasileira. Cenários e Personagens do Cotidiano Operário de Santos (1930-1954), de 2007, de Rodrigo Rodrigues Tavares, Operários sem patrões: Os trabalhadores da cidade de Santos no Entreguerras, de 2006, de Fernando Teixeira Silva, ou Santos e imigração na Belle Époque, de Maria Dalva Kalumann Cánovas. Há ainda relatos como os diários dos piratas Thomas Cavendish e Anthony Knivet, publicados em livros de 2007 e 2008, ou descrições sobre a cidade de viajantes como o comerciante William Henry May, que esteve na cidade em 1810, ou o escritor Rudyard Kipling, vencedor do Nobel, autor de Mogli, o menino lobo, que passou por aqui na década de 1920.

 A contrapelo

O título do curso faz referência a uma das Teses sobre o conceito de História, do filósofo Walter Benjamin. Para o pensador alemão, os pesquisadores críticos têm como “tarefa escovar a história a contrapelo”. Nesse movimento de escovar a contrapelo, Atanes irá propor novas leituras sobre alguns temas e personagens da cidade. “A ideia é passar um pente fino em alguns lugares comuns, ser do contra, como dizem, para lembrar que algumas ideias sobre a cidade não são naturais, ocorreram de determinada forma por causa das relações de força deflagradas. Quando, por exemplo, chamamos Vicente de Carvalho de poeta do mar, acabamos deixando de lado o poeta épico ou mesmo o homem político”. 

Abaixo a descrição completa das aulas:

 Aula aberta (15/4): Da identidade à ambiência: as leituras que me formaram

A partir de uma crítica à sua própria pesquisa – o uso da Literatura como fonte histórica – Atanes fará uma exposição de suas influências, autores e autoras que marcaram suas leituras, uma trajetória afetivo-intelectual que reúne nomes como Carlo Ginzburg, Beatriz Sarlo, Franco Moretti, Luiz Costa Lima, além da produção ensaística de ficcionistas como Jorge Luis Borges, Italo Calvino e Marguerite Yourcenar, entre outros.

Bibliografia discutida:

A geografia da estiva, monografia da especialização em História e Historiografia; dissertação de mestrado História e Literatura a partir do Porto de Santos: o romance de identidade portuária Navios Iluminados; e o livro Esquinas do Mundo: Ensaios sobre História e Literatura a partir do Porto de Santos.  

Primeira aula (29/4): De Barcelona Brasileira a Dubai do Brejo: uma conversa sobre toponímia ideológica

“Barcelona Brasileira”, “Cidade Vermelha”, “Moscouzinha Brasileira”. Mais do que categorias fixas, esses epítetos ideológicos da cidade de Santos serão mostrados como bandeiras usadas tanto pelo movimento operário quanto pela opressão policial ou pela imprensa de acordo com as circunstâncias e contextos da luta operária na cidade. Pensando nas mudanças ideológicas pelas quais passou a cidade, lembraremos também de alguns novos nomes como Miami Brasileira e Dubai do Brejo. 

Bibliografia discutida:

TAVARES, Rodrigo Rodrigues. A “Moscouzinha” Brasileira. Cenários e Personagens do Cotidiano Operário de Santos (1930-1954). São Paulo: Humanitas, 2007.

TAVARES, Rodrigo Rodrigues. O Porto Vermelho: A maré revolucionária. Inventário DEOPS. Módulo 6. Porto Vermelho. São Paulo: Imprensa Oficial, 2001.

SILVA, Fernando Teixeira. Operários sem patrões: Os trabalhadores da cidade de Santos no Entreguerras. Campinas: Editora da Unicamp, 2006.

DIEGUEZ, Carla. Trabalho à deriva. Privatização e Cultura do Trabalho no Porto de Santos. São Paulo: Annablume, 2016.

CORVO, Luiz Rodrigues. Lembrança de seis greves gerais (1960-1964). Santos: Realejo, 2021.

FARIA, Luiz Henrique Portela; PEREIRA, Maria Apparecida Franco. Santos na modernidade capitalista (1870-1930): novas abordagens e releituras de velhas fontes. São Paulo: Manuscrito, 2019.

BULCÃO, Clóvis. Os Guinle: a história de uma dinastia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.   

Segunda aula (6/5): Imigração e urbanização, as relações de força dentro da cidade

A partir das informações demográficas do censo de 1913, a aula terá como tema os registros literários e historiográficos sobre as transformações urbanas, imigração e relatos de viajantes sobre a cidade de Santos.

Bibliografia discutida:

FARIA, Luiz Henrique Portela; PEREIRA, Maria Apparecida Franco. Santos na modernidade capitalista (1870-1930): novas abordagens e releituras de velhas fontes. São Paulo: Manuscrito, 2019.

TAVARES, Rodrigo Rodrigues. A “Moscouzinha” Brasileira. Cenários e Personagens do Cotidiano Operário de Santos (1930-1954). São Paulo: Humanitas, 2007.

VALENTE, Heloísa A. Duarte. Canção d’Além-Mar: o fado e a cidade de Santos. Santos: Realejo, 2008.

KIPLING, Rudyard. As Crônicas do Brasil. Edição bilíngue. Tradução Luciana Salgado. São Paulo: Landmark, 2006.

CÁNOVAS, Maria Dalva Kalumann. Santos e imigração na Belle Époque. São Paulo: Edusp, 2017.

EDSON, Paulo (organização, introdução e notas) O corsário de Ilhabela. O manuscrito do corsário Thomas Cavendish que em 1591 se refugiou em Ilhabela e saqueou a vila de Santos. Tradução de Paulo Edson e John Milton. Itu: Ottoni, 2008.

KNIVET, Anthony. As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony Knivet. Memórias de um aventureira inglês que em 1591 saiu de seu país com o pirata Thomas Cavendish e foi abandonado no Brasil, entre índios canibais e colonos selvagens. Organização, introdução e notas de Sheila Moura Hue. Tradução de Vivien Kogut Lessa de Sá. Mapas de Teodoro Sampaio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.

HUE, Sheila / SÁ, Vivien Kogut Lessa de. Ingleses no Brasil – Relatos de viagem (1526-1608). São Paulo: Chão, 2020.

HUE, Sheila Moura. Primeiras cartas do Brasil, 1551-1555. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.  

Terceira aula (13/5): Personagens a contrapelo – Braz Cubas, Vicente de Carvalho, Saturnino de Brito e Patrícia Galvão

Neste encontro, a ideia é polemizar o senso comum sobre essas figuras históricas: Braz Cubas será lido a partir de um texto de jornal sobre a inauguração da estátua em sua homenagem em 1908; Vicente de Carvalho, por sua vez, não será tratado como “poeta do mar”, mas como “cineasta” e agente político da cidade; Saturnino de Brito, o herói do saneamento, será lido como o engenheiro que requisitou ao governo do Estado intervenção na cidade para impor sua planta arquitetônica ao município; Patrícia Galvão, lembrada usualmente como musa do Modernismo, será apresentada como escritora e crítica cultural.

Bibliografia comentada:

RUEDA, Waldir. Braz Cubas: homenagem a uma vida. São Paulo: Comunicar, 2007.

COSTA, Márcia. De Pagu a Patrícia: o último ato. São Paulo: Dobra, 2012.

PEREIRA, Odair José. Não somos bandidos: a história da Escola de Samba X-9 (1944-1954). Santos: Ateliê de Palavras, 2016. 

BERNARDINI, Sidney Piochi. Os Planos da Cidade: as políticas de intervenção urbana em Santos – de Estavan Fuertes a Saturnino de Brito (1892-1910). São Paulo: Rima, 2006.

MOTA, Rafael. Tarquínio: Começar de Novo. Santos: Leopoldianum, 2012.

GONÇALVES, Adelto. O reino, a colônia e o poder. O governo Lorena na Capitânia de São Paulo 1788-1797. São Paulo: Imprensa Oficial, 2021

Quarta aula (20/5): Conclusão – novos problemas, novos temas, novas abordagens

Na conclusão, um leque de novas pesquisas que apontam para temas, alguns até conhecidos, mas pouco estudados da cidade de Santos. 

SERVIÇO

Santos a contrapelo: a História da cidade pelo avesso

Curso com 5 encontros

Local: Associação Cultural José Martí da Baixada Santista

Rua Sergipe, nº 15, Casa 2, Gonzaga, Santos

Aula aberta

15/4 – das 16 às 18h

Curso

29/4 e 6, 13 e 20/5 – das 16 às 18 horas.

Valor: R$ 150,00, com direito a um exemplar de Esquinas do Mundo: Ensaios sobre História e Literatura a partir do Porto de Santos.  

Conheça mais sobre o livro aqui.

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