28/10/2022

CRÍTICA DE CINEMA

Crítica | Halloween Ends

Por Gabriel Fernandes em 28/10/2022 às 20:04

Realmente chega a ser uma piada imaginar que os próprios responsáveis por “Halloween Ends“, tenham caído em contradição ao sabotar o próprio projeto do “grandioso retorno de Michael Myers”. Desenvolvida como uma continuação direta do primeiro longa (lançado em 1978), o “segundo” (lançado em 2018) foi um grande retorno triunfal de Myers e mostrou que a veterana Jamie Lee Curtis (intérprete da protagonista Laurie) ainda tinha gás para este tipo de filme. O terceiro (lançado no ano passado) apelou para o clássico slasher (com várias cenas de mortes criativas) e se passou na mesma noite que o antecessor havia acontecido. Apesar deste ter dividido os espectadores, é inegável que ele servia como ponte para este grande final. Já “Halloween Ends” acaba apelando para um enredo que se assemelha a um projeto de spin-off da franquia, cujo enredo parece que foi desarquivado pela Universal e colocado como um filme do mesmo.   

A história se passa quatro anos depois dos acontecimentos de “Halloween Kills”, com Laurie e sua neta Allyson (Andi Matichak) seguindo em frente depois dos acontecimentos dos longas anteriores. Com Michael Myers sendo declarado desaparecido depois do ocorrido, a situação parece se amenizar, até a primeira começar a sentir que ele está planejando voltar aos poucos.   

Imagem: Universal Pictures (Divulgação)

Chega a ser engraçado falar sobre isso, mas este é um caso onde apesar do marketing girar em torno do grande embate final entre Myers e Laurie, o longa de David Gordon Green (que comandou os dois títulos antecessores) foca em algo totalmente aleatório que é o romance de Allyson com Corey (Rohan Campbell). Sendo apresentado apenas neste filme, o mesmo realmente transparece em cada arco que realmente ele não deveria estar aqui e não faz sentido algum ele estar na trama.    

Para efeito de comparação, enquanto em Kills, Myers já aparece nos primeiros minutos causando terror, o roteiro de Paul Brad LoganChris Bernier, Danny McBride e do próprio Green, nos coloca vendo Corey andando de moto com Allyson (acredito que inclusive, o quarteto estava na vibe de “Top Gun Maverick” para colocarem constantemente essa cena), namorando e discutindo problemas de adolescentes. Sim, realmente não há Michael Myers em boa parte deste filme.

Quando o longa começa a andar (com cerca de 70 minutos de metragem já rodados), entramos em outro quesito: não há uma criatividade ou cuidado em representar as mortes. Mesmo se tratando de um filme censura 18 anos, não há muito sangue, assassinatos que nos fazem revirar na cadeira (com exceção de um, em específico, já que o anterior a este a direção literalmente optou por não mostrar), ou “melhor”, não existem quase mortes! Porém, quando chegamos na tão aguardada cena de embate final entre Laurie e Myers, o mesmo parece ter centrado no que queríamos ver e nos entrega um verdadeiro deleite ao olhos.

No final das contas, “Halloween Ends” acaba sendo um verdadeiro desastre, pois estamos falando de um slasher que mais se assemelha a uma comédia romântica, com pitadas de John Hudges.   

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