17/08/2022

HOMENAGEM

Borges na Biblioteca da Humanitária

Por Alessandro Atanes em 17/08/2022 às 19:15

Ao final de O Aleph, um de seus mais conhecidos relatos, Jorge Luis Borges conta que Pedro Henríquez Ureña descobriu em 1942 em uma biblioteca da cidade de Santos um manuscrito de Richard Burton, o famoso aventureiro, tradutor das mil e uma noites e cônsul britânico na cidade por volta de 1867.

Que biblioteca terá sido essa? Essa pergunta é o ponto de partida de Borges na biblioteca da Humanitária, um encontro marcado lá mesmo para a Biblioteca da Humanitária, no sábado, dia 20, a partir das 15 horas, para conversar sobre o amor do escritor argentino pelas bibliotecas. A conversa será conduzida pelo jornalista e mestre em História Social Alessandro Atanes, autor de Esquinas do Mundo: Ensaios sobre História e Literatura a partir do Porto de Santos e autor dos textos aqui da Estante. A Humanitária fica na Praça José Bonifácio, 59.

Imagem: Jeanice Ferreira

A proposta é homenagear a biblioteca e a riqueza de seu acervo por meio do conto de Borges. “Henríquez Ureña foi um intelectual da América Central que percorreu o continente até o sul e talvez tenha passado mesmo por Santos antes dos portos da Bacia do Prata; Burton foi realmente cônsul por aqui e Borges escreve sobre esse episódio em um pós escrito isto é, algo apartado, fora da ficção, mas sabemos que com Borges tudo pode ser uma invenção, até mesmo uma zombaria, e que esse manuscrito provavelmente nunca tenha sido escrito”.

Um detalhe curioso é que a atividade vai ocorrer entre estantes vazias, já que os livros estão passando por um processo de higienização, uma oportunidade para refletir sobre a importância da manutenção do local em meio a notícias sobre o fechamento de centenas de bibliotecas em todo o país nos últimos anos.

Santos na Literatura universal

Na segunda parte do encontro, Atanes discorre sobre como o porto de Santos aparece em obras de grandes nomes da Literatura mundial. Entre livros de ficção, o ensaísta destaca os romances O sonho do celta (2010), de Mario Vargas Llosa, O marinheiro que perdeu as graças do mar (1963), de Yukio Mishima e Trópico enamorado (1971), de Augusto Céspedes, e o conto O Horla (1887), de Guy de Maupassant.

Na poesia, o destaque é para os poemas de viajantes que narram o desembarque no porto de Santos, como Chegada a Santos (1924), de Blaise Cendrars, Chegada em Santos” (1951), de Elizabeth Bishop e Santos revisitado: 1927-1967 (1967), de Pablo Neruda, além de Contrabando (1924), de Oswald de Andrade.

O autor

Alessandro Atanes (na foto com um exemplar de El Aleph entre as estantes da biblioteca da Humanitária) pesquisa há mais de 20 anos poemas e livros de ficção como “fontes históricas” para a compreensão da sociedade, especificamente os textos que tratam do Porto de Santos. Além do Esquinas do Mundo…, publicado por meio do Fundo de Cultura Municipal, o pesquisador está à frente dos cursos Conheça Santos por meio da Literatura e História e Literatura na América Latina e do SUR Clube de Literatura Latino-americana. Atua também como tradutor de poetas latino-americanos, principalmente nomes do Peru, publicados em edições bilíngues artesanais ou independentes tanto em Santos como em Lima. Além dos textos publicados aqui no blog, também é o autor do perfil @Notas do Atanes do Instagram.

Serviço

  • Borges e a Biblioteca da Humanitária, bate-papo com o pesquisador Alessandro Atanes
  • Dia 20, sábado, às 15 horasGratuitoSociedade Humanitária dos Empregados do Comércio de Santos
  • Praça José Bonifácio, 59, Centro de Santos

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