Custo de vida na Baixada Santista leva mulheres a adiar ou ter menos filhos

Por Beatriz Pires em 20/07/2025 às 12:00

Reprodução/Pixabay
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Aumento no custo de vida tem influenciado mulheres da Baixada Santista a adiar ou até mesmo optar por não ter filhos. De acordo com dados recentes da Fundação Seade, a taxa de natalidade da região apresentou uma queda de 1,77% em um ano, passou de 11,32 (em 2022) para 11,12 (em 2023). A média acompanha a tendência estadual: no mesmo período, o Estado de São Paulo teve uma taxa de 11,30, o que representa uma queda de 2,16% em relação a 2022 (11,55).

Entre as nove cidades da Baixada Santista, Bertioga se destaca como a que registrou a maior taxa de natalidade em 2023: 15,33. O município também foi o único com crescimento nesse índice, com um aumento de 2,40% em comparação a 2022 (14,97). No outro extremo, Santos apresentou a menor taxa da região, com 8,89 em 2023 — uma queda de 1% em relação ao ano anterior (8,98).

Esse cenário, segundo especialistas, é apenas um reflexo do que deve ocorrer nos próximos anos. Para o economista Marcelo Rocha, diversos fatores influenciam na decisão das mulheres em relação à maternidade. 

“Há uma mudança de estilo de vida, em que carreira e lazer ganham prioridade. A formação de uma família não está mais, necessariamente, associada à criação de filhos. E o custo de vida alto também se tornou um fator determinante nessa escolha”, explica.

Rocha classifica Santos como uma cidade de custo de vida intermediário: mais acessível do que a capital paulista, porém mais caro do que cidades do interior. Ele estima que criar um filho até os 18 anos pode custar entre R$ 450 mil e R$ 1 milhão, a depender do padrão de vida da família. 

Os custos considerados englobam plano de saúde, consultas e medicações, mensalidade e material escolar, alimentação, moradia, vestuário, lazer e transporte. O economista ainda aponta que cidades com custo de vida elevado e menos acesso a serviços públicos elevam esse valor, enquanto municípios com boa oferta de creches, transporte e saúde pública conseguem amenizar os gastos.

“Famílias têm adiado ou reduzido o número de filhos para manter o padrão de vida, evitar dívidas e lidar com a insegurança no mercado de trabalho”, reforça.

Para quem deseja ter filhos, o economista recomenda um planejamento financeiro prévio: fazer um orçamento detalhado, constituir uma reserva de emergência, reduzir dívidas, pesquisar opções de plano de saúde e educação e avaliar os custos de moradia.Rocha ainda alerta para as consequências da queda na taxa de natalidade.

“Menos jovens significam uma redução na força de trabalho, limitação no consumo futuro e necessidade de ajustes nas políticas públicas para sustentar uma população envelhecida. Além disso, há impacto direto no comércio e no setor de serviços, com redução na demanda por escolas, lojas de roupas e produtos infantis, o que afeta empregos e a arrecadação local”, conclui.

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