Viúva de homem morto com tiro no Ano Novo em PG desabafa: ‘Eu senti na hora’
Por Marcela Ferreira em 03/01/2022 às 06:01
A viúva de Gilvan Pereira da Silva, de 42 anos, conta que a perda foi sentida profundamente por toda a família. O ordenador, nascido em Fátima, na Bahia, foi morto com um tiro no tórax na porta de casa, em Praia Grande, na noite de 31 de dezembro, após ser assaltado por dois homens em uma motocicleta, momentos antes da virada do ano de 2022. Com ele, estavam a irmã e o cunhado, que presenciaram o crime.
Fabíola Martins Gomes, a viúva de Gilvan, relata que no momento em que o crime aconteceu, ela estava na praia com os filhos para assistir a queima de fogos no Réveillon. Logo após a queima de fogos, ela começou a receber diversos telefonemas de familiares pedindo para que voltasse rápido para casa. Ela conta que teve um pressentimento.
“Todo ano a gente sempre passa o Ano Novo juntos com a minha família. Só que ele falou que queria ver a família dele, os irmãos, cunhado, principalmente a mãe dele. Falei para ele que eles poderiam nos encontrar na praia, mas ele quis ficar esperando na frente de casa. Meu filho do meio implorou para o pai ir com a gente, chorou, e eu disse que ele iria nos encontrar depois”, conta.

A mãe assistiu aos fogos com os filhos na orla da praia do bairro Guilhermina. “Nisso, começaram a ligar para o meu filho. Eu pensei que deviam ser eles avisando que estavam no calçadão da praia, que estavam vindo, mas aí eu vi o jeito do meu filho olhar. Pedi para me contar logo o que tinha acontecido, e ele disse que pediram para a gente voltar para casa rápido, que tinha acontecido uma tragédia em casa”.
O crime
Nesse momento, Fabíola disse que teve um pressentimento, e que sabia que algo tinha acontecido com o marido. “Eu falei que senti que alguma coisa tinha acontecido com o pai dele. Meu filho foi na frente, eu entrei em pânico, comecei a chorar achando que tinham machucado ele, porque eu senti na hora. Meu padrasto veio procurar a gente, porque estavam gritando que estava tendo arrastão, e eu fiquei desesperada, estava com meu filho pequeno”.
Quando chegou em casa, Fabíola soube que haviam matado Gilvan. “Eu entrei em desespero, eu sabia, tinha sentido que era meu marido. Ele estava lá na garagem. Contaram para a gente que uma moto passou e voltou, abordaram meu cunhado, puxaram a corrente do pescoço, e meu marido estava dentro de casa, mas depois saiu”.
Fabíola diz que o marido sempre foi brincalhão, e ela acredita que ele não tenha reagido ao assalto, apenas feito um movimento que deixou os bandidos alarmados. “Um dos bandidos sacou a arma e atirou no meu marido como se ele fosse reagir, como se fosse pra cima deles. Ele paralisou, depois foi andando e caiu no chão do quintal morto”, conta.
Raimunda, que estava junto de Fabíola, conta que, pelo relato dos familiares que estavam junto da vítima na hora do tiro, Gilvan não reagiu, apenas gritou “Oh!” quando o criminoso foi abordá-lo. Ela ainda diz que, segundo a médica do Samu que atendeu a ocorrência, ele não sofreu ao morrer.
Família
A viúva diz que pensou que tudo pudesse ter sido diferente caso Gilvan tivesse ido à praia com ela, e lamenta a perda de um marido amoroso. “Às vezes a gente fala que o destino dele foi escrito assim, é muito difícil. No Natal completamos 17 anos juntos, ele disse que me amava muito, e amava os três filhos”.
O casal tem um filho de 14 anos, um de seis e uma menina de quatro anos. “Eles sabem o que aconteceu, para eles o papai foi para o céu, virou uma estrela”, diz.
Fabíola também cobra por mais segurança nas ruas. “Não tinha ninguém, a rua estava deserta. Tinha tanta gente na praia, e por que não tinha policiamento nessa rua? Não passava ninguém, nem polícia. É injusto demais matar um homem trabalhador, que nunca faltou no serviço e não deixava faltar nada para os filhos, jamais”, desabafa.