Avanço da maré na região preocupa especialistas na Baixada Santista
Por Santa Portal em 06/07/2021 às 09:51
Para tentar conter os avanços do nível do mar na região, diversas ações têm sido realizadas. O Projeto Metrópole, desde 2013, realizada projeções com o aumento da maré no futuro. De acordo com a pesquisadora Célia Regina Souza, os objetivos eram determinar as cotas máximas de inundação, eventos extremos e também trabalhar com as taxas de nível do mar em 2050 e 2100.
“Então, os dados que nós obtivemos mostram que em 2050 teríamos uma taxa de elevação média de 23 centímetros, seguindo o ano base de 2000. Para 2100, teremos uma elevação de 45 sentimentos”, explicou.
Hoje, estrategicamente, pedras foram posicionadas próximo às muretas, em Santos, para conter o avanço da água. “É uma solução de engenharia de baixo custo, como o caso dos geobags. É um projeto piloto para mitigação e monitoramento dos efeitos erosivos”, disse o secretário de Meio Ambiente de Santos, Eduardo Hosokawa.
Mas, mesmo assim, quando a maré sobe, a ressaca continua. No caso da Ponta da Praia da Cidade, conforme Souza, a erosão vem do final da década de 30, quando a Avenida da Praia foi construída em cima da praia. “Temos os canais de Saturnino de Brito, que também modificaram a dinâmica de circulação, já que adentram as zonas de surf e as correntes de retorno atuam principalmente nessa área. E na década de 70, o Emissário Submarino foi construído, o que causou um espigão enorme, e vai para além da baía”, disse.
A pesquisadora contabiliza aumento das ressacas, já que o nível do mar está maior. Dados mostram que somente entre 2000 e 2016, houve aumento de mais de três vezes no número de eventos.
O cenário é sentido pela população. O aposentado Walter Ramos Penha lamenta que as crianças não tenham a chance de conhecer a região à fundo. “Quem viu, viu. Quem não viu, não vê mais. A faixa de areia do aquário era bem maior. Hoje, se tiver uma ressaca, sobe tudo para o calçadão e avenida. Não nos permite andar. Isso acontece em toda a Cidade. Antes, víamos muretas bem altas, agora já não é assim ”, concluiu.
